O Diva de Portugal

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sábado, maio 08, 2004

Jovens

Tenho um misto de curiosidade cínica e aversão por aquelas pessoas que encaram a adolescência como uma fase de angústias existenciais e dramas insolúveis. Sinceramente, se há altura da nossa vida em que não nos devemos levar excessivamente a sério, essa altura é na adolescência. Não quero ser mal entendido, como adolescente que sou, tenho o prazer de ter uma quase totalidade de adolescentes ou jovens adultos como amigos. E se os tenho como amigos é porque reconheço neles uma profundidade de carácter e uma complexidade emocional que respeito. Simplesmente, parece-me que o adolescente médio cai demasiado facilmente na tentação de entender as coisas como definitivas. Ao deparar-se com uma qualquer situação os jovens têm aquela irritante capacidade de nunca, por um momento, se porem em dúvida. Vejo isto com uma frequência assinalável. Cada vez que discuto com uma qualquer colega minha, deparo-me muitas das vezes com um maniqueísmo assombroso. Em termos de relacionamentos entre pessoas, por exemplo, há sempre bons e maus, há culpados e inocentes. O que está certo está certo e o que está errado está errado. Preto ou branco. Se há coisa que me impressiona é ver uma pessoa de 17 anos que, convictamente, julga sobre o bem e o mal. Que raio, 17 anos não chegam para ter princípios. O auto-comprazimento da superioridade moral enoja-me ligeiramente. Eu por exemplo, não me levo minimamente a sério. De cada vez que pressinto um qualquer laivo de moralismo no meu raciocínio fujo dele como o diabo da cruz. Supor que sei alguma coisa é uma presunção que não tenho.

P.S. – Paradoxalmente, este post é um exemplo gritante de presunção moralista. Aqui fica o pedido de desculpas.