O Diva de Portugal

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quinta-feira, outubro 09, 2003

Conto medieval

Mais um conto publico aqui, curto, sentimental, penoso. Conto de lugar incerto, sobre distante época, sobre sentimento que não é estranho. A dúvida do cavaleiro não é somente sua, é de muitos. Mas qual é a sua dúvida? Ele duvida, isso é certo.

Ass: PM

"Olhos de insano brilho, de doentia condição, que reflectem perturbado sono pela doença maldita que torna aflito o grito seco da noite. Maldita doença que com maldosa voz convida ao sono e a vivacidade rouba. E ele tenta evitá-la, ignorar seu chamamento. Porém, cedo descobre que imponente está perante a invisível ameaça, que por estar dentro de si não a destroi pois sente-a como parte de si e amando-a, não a odeia, apenas se apercebe do mal que lhe compete. Feitiço natural, de natural condição. Sofrimento mais não devido do que à infernal visão de sonho em pesadelo tornado.
O cavaleiro nada queria, nada sentia, nada evitava, tudo aceitava como certeza, pois nenhuma tinha, apenas lhe restavam dúvidas, secas e mudas. Nada sentia, nada era. Era o cavaleiro perdido, da sua batalha, da sua derradeira missão, da sua eterna paixão, reencontrada em sangrenta demanda. Demanda que lhe roubou tudo, que trocou a felicidade pela pena, a amizade pela solidão, a paz pelo ódio da perda. Perdido estava, sem sentido, sem missão, sem paixão certa, só e estranhamente acompanhado pela aquela ingrata dúvida. Dúvida, a insana questão que toda a sua existência dominava e tomava para si. Não tinha voz ou humano pensamento, apenas dor entre o coração parado, preso a alma mutilada por dolorosa visão.”

2 Comments:

At 22 de julho de 2008 às 04:30, Anonymous Anónimo said...

Muito bom...é bom ler isto.

 
At 14 de outubro de 2008 às 20:11, Blogger Blog de Vitor Muniz said...

muito legal!
gostei! :D

 

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