TV Portuguesa, concerteza!
A orgia do espectaculoso, a meticulosa orquestração do acaso e do improvável, a incoerente normalidade, a subtil intervenção na imparcialidade. Tudo isto se vê na televisão, rosto primeiro de um povo que a aceita como produto acabado, que a vê e que com isso dá o seu mudo sim para que a actual política editorial dos canais prossiga.
Até quando? Jornalismo de qualidade no lugar do fantástico e do espectáculo do horrendo e da miséria, programação com o mesmo modelo, um modelo sério, de qualidade, que enriqueça o espectador. Mais que um modelo, Portugal precisa de um bom modelo para a sua televisão!
Actualmente vivemos com uma consciência produto de um programa (BB) e que mais que tudo se impõe ao espectador, não pelo conteúdo, mas pela saturação mediática. Não enriquece o espectador, pelo contrário, empobrece-o culturalmente. O tempo para falar, para compreender o outro, para o amar é preterido em favor do comentário fácil acerca do estranho, a amá-lo, a odiá-lo, a vigiá-lo... enquanto isso, o próximo, que devia ser amado é ignorado em favor de um desconhecido que nada fez por nós, mas pelo qual fazemos tudo incluindo transformar tal “ilustre desconhecido” numa “estrela”, um “modelo social”, algo que nós perdemos a hipótese de ser ao preferir ver estes atentados à privacidade, no lugar de cuidarmos da nossa.
Cada vez mais o povo é reeducado, passa a amar o óbvio e o supérfluo, detesta o profundo, rejeita o sincero, o verdadeiro. Até quando?
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