O Diva de Portugal

Que há para dizer? Isto é um blog... Ah, sim! Se quiserem entreter (vulgo, contactar) alguns dos desocupados que fazem isto, usem os e-mails da Beatriz, da Inês, ou do Joao.

domingo, outubro 05, 2003

Maiorias

Seguindo o exemplo de uma colega minha que se entretém a inventar associações fictícias durante as aulas de F.Q., decidi criar e apresentar formalmente a APMF, gloriosa Associação de Protecção das Maiorias e Favorecidos. E muito sinceramente julgo que a minha, aliás nossa, associação é tudo aquilo que nos separa do desaparecimento da representação das “maiorias e favorecidos”.
Apesar do tom desta introdução não se julgue que este post é uma piada ou uma provocação inconsequente. Na nossa sociedade, eu como homem, branco, europeu, heterossexual (isto por enquanto só na teoria) não tenho absolutamente nenhum tipo de protecção mediática ou institucional.
Paradoxalmente, as democracias, em teoria a representação da maioria, tendem a negligenciar a maioria que representam. Numa ânsia paternalista de “compensar” aqueles que, em princípio, são mais desprotegidos, acabam por proibir qualquer tipo de individualidade ou cultura à parte tradicionalmente hegemónica. Em poucas palavras, a ditadura do politicamente correcto.
É nos media que esta ditadura atinge a sua extensão máxima. As generalizações, são um exemplo perfeito. É absolutamente comum ler que os funcionários públicos são corruptos, que a direita é retrógrada ou que os americanos são incultos, mas é impensável publicar que os gays são folclóricos, os pretos preguiçosos ou os ciganos ladrões. E no entanto tão cegas, insultuosas e infundadas são as segundas como as primeiras.
As sociedades ocidentais perderam também, por força do PC (politicamente correcto, lembram-se?), o direito a uma história e uma cultura próprias. Se eu defender o respeito pela tradição e cultura de uma qualquer tribo indígena sou um absoluto herói moderno, mas se tentar preservar a cultura histórica europeia sou um traste xenófobo! Tome, por exemplo, a letra de um refrão dos portugueses Primitive Reason, que diz algo como: “Be proud, Redman, proud/ Be proud of your religion/ Be proud of your race/ Be proud of your tradition/ Be proud of your place “ (perdão se não for exactamente assim). Como se depreende, a canção trata dos índios norte-americanos e da sua cultura. Agora tente trocar o “redman” original por um “white man” e veja se a música passava na MTV.
Em países como os EUA ou a África do Sul, as raças minoritárias têm direito a bonificações extra nos exames, preferência na entrada em universidades ou em escolha de empregos pela simples razão de serem dessa raça. Isto chama-se em português racismo, nos EUA affirmative action. Se este tipo de benefícios institucionais fossem dados a indivíduos de raça branca, seriam abertura de telejornal e matéria obrigatória na escola. Como não são, ninguém se rala.
Dá um aspecto moderno dizer que a Igreja Católica é retrógrada e repressiva mas ai de quem fizer um comentário imbecil sobre muçulmanos, judeus ou hindus.
Temos em Portugal o Dia da Mulher, a SIC Mulher (!) ou a parada Gay Pride. Eu quero o Dia do Homem, a SIC Macho e o Straight Pride!
Se os meus exemplos vos convenceram não hesitem em juntar-se à APMF. Maiorias de todo mundo, uni-vos! Juntos venceremos!