O Diva de Portugal

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quarta-feira, outubro 29, 2003

Um novo projecto de Mr. Ridley Scott

Ridley Scott, gosto de alguns dos seus filmes. Gosto do seu Alien, tenho pena que parte das cenas previstas não tenham passado do papel. A trilogia teria ganho com elas (a explicação sobre a origem dos Aliens dada numa estranha pirâmide clarificaria se os Aliens foram ou não uma macabra arma biológica de uma espécie extraterrestre).
Ridley Scott, gostei do desafio na adaptação de Hannibal, gostei do modo como ultrapassou o complexo livro-filme e como superou a ausência de personagens cruciais para a compreensão do mal (e neste ponto, particularmente do encarnado por Mason Verger).
E Mr. Ridley Scott aceita um novo projecto, de seu nome Kingdom of Heaven. É uma história maravilhosa, que vem dar esperanças para um entusiasta do que é medieval e das cruzadas cristãs. Tudo começa quando um jovem ferreiro se torna um cavaleiro e decide ajudar na defesa da cidade de Jerusalém contra os expedicionários que lideram as Cruzadas. Uma outra prespectiva, portanto. De referir que, este estabelece uma relação de amizade com o rei Baldwin, um cristão que acreditava que todas as religiões eram bem-vindas para rezar na cidade. O realizador avisou que será um filme de reflexão, sobre a religião, dos tempos conturbados, da visão do outro lado das Cruzadas.
As opções iniciais pareceram-me mais que acertadas. Para mim, seria uma delícia ver o maravilhoso e camaleónico Daniel Day-Lewis neste papel, apesar da sua idade. Seria uma rara oportunidade de ver este talentoso actor, cujo último trabalho escapou a um merecido reconhecimento na noite dos Óscares. Uma outra opção também me agradou, Paul Bettany. Falei um pouco dele na minha leve análise de Dogville. Acho que é um actor menos emotivo, mas sensível na construção da personagem (não que a abordagem de Day-Lewis seja, de algum modo, inferior). Eram em ambos os casos boas opções.
Mas, a decisão final foi tomada. Em vez de actores famosos e de talento reconhecido, Mr. Ridley Scott apostará no novo, mas mediático, Orlando Bloom. Sinceramente, não arrisco comentar. A sua prestação no LOTR não é de todo soberba, mas também não sai muito da minha concepção de Legolas (mas também, há que referir que o Gimli de John Rhys-Davies rouba qualquer cena em que entre). Apenas devo referir o arriscado que é para o actor abusar do papel de ferreiro, lembro que Piratas de Caribe terá uma sequela (só por rever Jack Sparrow vale bem o bilhete) ou mesmo duas e nesse filme o personagem do actor era... um ferreiro. Um actor não se deve fixar muito a uma personagem sob o risco de ficar com uma imagem demasiado associada a ela. Claro, há casos em que mesmo uma considerável exploração de um papel-tipo não desvaloriza o actor ou compromete e a sua carreira. Espero que com Bloom tal não suceda, de modo a que o possamos ver em papéis como o que nos oferecerá Kingdom of Heaven.
Resta desejar ao realizador e à equipa boa sorte para a empresa!

Ass: PM