O Diva de Portugal

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sexta-feira, novembro 07, 2003

Kill Bill

Nos últimos tempos o cinema tem-se tornado um luxo bastante raro (escola oblige...), mas quando o filme em cartaz tem assinatura Quentin Tarantino, uma excepção tornou-se obrigatória. Assim, numa tentativa de quebrar o monopólio de posts cinematográficos do meu colega, aqui ficam as impressões de Kill Bill – Volume 1.
Antes de mais deve-se notar que a película é tudo menos consensual. Entre as pessoas que conheço que viram o filme, as opiniões extremam-se entre a nota muito positiva e o ódio declarado. Pessoalmente, e apesar de não ser o meu Tarantino favorito (Ah! Pulp Fiction....), sinto-me mais próximo das primeiras que das segundas.
As críticas mais recorrentes e mais cerradas são à falta de verosimilhança do filme. Aqui vai uma lista das que já ouvi:
- sangue, sangue, sangue, sangue, sangue, sangue, sangue e mais sangue.
- viagens de avião com uma espada samurai aos joelhos...
- Uma Thurman passeia-se mais de uma semana no carro do homem que assassinou (o famoso Pussy Wagon...)
- Uma Thurman fica 13 horas no carro do enfermeiro que acabou de assassinar, sem que ninguém vá ver (o mesmo Pussy Wagon...)
- sobreviver a uma bala na cabeça, disparada a centímetros.
- derrotar 88 homens simultaneamente?
- O-Ren-Ishii já morreu há mais de uma semana e, mesmo assim, Vernita Green á surpreendida pela visita da Noiva.
- uma espada samurai é impossível de fabricar em 30 dias.
- Uma assassina profissional (Vernita Green) falha um tiro, a 1 metro de distância, por, pelo menos, 50 cm.
E muitas, muitas mais incongruências....
De qualquer modo sai do cinema com uma sensação de satisfação, muito simplesmente porque todo o filme se baseia numa relação de cumplicidade. Cumplicidade porque, do início ao fim, o que conta mesmo é o exercício de estilo visual, o entretenimento. O importante é gozar as piscadelas de olho aos filmes série B, aos Western Spagheti, às produções orientais, ao anime... Não me interessa que seja impossível derrotar 88 homens só com uma espada, se essa cena são 20-30 minutos de puro ritmo nos planos e nas coreografias. As personagens não são mais que uma colecção de cromos visuais...É essa a ideia! Se não conseguirmos largar todo o cinismo hiper-realista à porta, nem vale a pena sentarmo-nos na cadeira.
Só mais uma palavra para a banda sonora do filme. Em todas as películas de Tarantino a música ocupa um papel fulcral e este não é excepção. Uma longa colecção de exemplares kistch dos anos 80, aqui e ali a pisarem bravamente a linha do bom gosto, mas que se enquadram perfeitamente na estética e no espírito do filme. Um ínicio de filme ao som de Bang, Bang (My Baby Shot Me Down) de Nancy Sinatra só pode ser um grande início.

João