O Diva de Portugal

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sábado, novembro 15, 2003

Matrix - Primeira Parte

- Matrix Revolutions -
Por PM

Não posso deixar de defender a qualidade inerente a este filme, em particular num domínio tão difícil como o dos efeitos especiais, a construção do guião e todo o contexto visual tornam-se valiosos trunfos que os irmãos Wachowski usam para cobrir algumas das actuais limitações no domínio da computação gráfica. A minha opinião acerca desta tecnologia mantém-se cautelosa, até porque se usada em demasia pode levar a uma juliana enjoativa de efeitos visuais que abafam ou tornam inúteis os actores reais. Filmes como Star Wars mostram-se pouco eficazes quando certas cenas são feitas totalmente com cenários digitais criando ambientes pouco credíveis, aliás, bastará comparar a supremacia visual dos primeiros filmes da saga aos actuais para constatar que apesar dos anos estes ainda se mostram totalmente capazes de competir com eles, mesmo sem as maravilhas da informática do novo século. A computação gráfica pode ser útil, não me oponho em certos contextos, Major Alvega/Ace London não seria o mesmo com cenários reais, seria diferente, talvez melhor, talvez pior. Major Alvega, prosseguindo com o exemplo, dependia desse contexto para captar as atenções e parece-me que o conseguiu com bastante mérito e brilho, tendo sido nomeado para vários prémios. No domínio da computação gráfica apenas posso concordar na perfeição extrema (e não digo absoluta, note-se) em dois casos que pela sua aparência a tornam totalmente justificável: os velaciraptors de Parque Jurássico na cena da cozinha (inicialmente a sequência seria filmada em stop-motion) e a fantástica actuação virtual de Gollum que em certos aspectos é comparável visualmente e dramaticamente à de um actor mediano.
Esta pequena abordagem ao contexto da computação gráfica parece-me ser pertinente – perdoem-me se não o conseguiu ser – para compreender um filme que assenta muito do seu aspecto revolucionário nestas tecnologias. O próprio facto de se ter optado por um conjunto de curtas-metragens de animação (Animatrix, constituída por anime de extrema qualidade e computação gráfica cuidada) como complemento à trilogia, é revelador da intenção dos realizadores de situar o entusiasta ou o público em geral numa “realidade” visualmente excitante e certamente invulgar. Em termos de realização o primeiro filme foi revolucionário, provavelmente os Wachowski ficaram para a História pelo primeiro e não tanto pela trilogia, empenho dos actores ou história da saga. Na verdade, a fotografia, o visual que misturava gótico-futurista e mesmo uma forte influência dark, foi um dos pratos fortes. O outro terá sido os célebres movimentos da câmara, planos arrojados e sequências cuidadosamente montadas e encadeadas. Cinematograficamente Matrix marcou, foi, aliás, o primeiro que revolucionou. O segundo manteve-se digno, com uma brilhante e arrojada perseguição em auto-estrada (que, por mim, valeu todo o tostão gasto nela, apesar de pequenos pormenores em falta) e a introdução de personagens com um certo toque mítico e misterioso (Lambert Wilson com o seu Merovingian, arranca piadas sem perder uma compostura sarcástica e enigmática). O terceiro que prometia milagres pareceu ficar pela crença, não conseguindo mais do que tornar milhões de fãs e entusiastas em milhões de Morpheus (a certa altura do filme, este meu comentário justifica-se e explica-se). Quando se esperava um grande final e um climax visual e dramático, o resultado fica aquém das expectativas. Culpa em muito da propaganda, da especulação. Os próprios irmãos Wachowski ao não darem