O Diva de Portugal

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sexta-feira, outubro 17, 2003

Igreja

Agora que se celebram os 25 anos do papado de João Paulo II, têm-se multiplicado nos media as reportagens sobre o Papa, os directos do Vaticano, os artigos de opinião e as entrevistas a membros da Igreja. Independentemente da celebração em questão, este mediatismo momentâneo da Igreja Católica trouxe de volta um fenómeno curioso, a que sempre assisti e que suponho já existia antes de eu nascer. De uma forma ou de outra as reportagens, sobretudo as da imprensa escrita, levam invariavelmente ao assunto do sexo. Apesar de ser interessantemente revelador da importância, pelo menos mediática, que o sexo tem hoje em dia, não deixa de ser francamente decepcionante que os jornalistas insistam em referir as posições da Igreja em matéria sexual. Não que eu seja contra a divulgação de tais orientações, simplesmente parece-me revelador de uma mentalidade algo serôdia. Com tantas questões profundas e interessantes, a nível teológico e social, sobre as quais a posição da Igreja é importante e influente, é desolador que só se fale da contracepção e dos homossexuais. Por uma razão tão simples quanto esta: o sexo não é algo que tenha grande relevo a nível religioso e como tal, não faz sentido que se dê tanta importância à posição oficial da Igreja sobre o assunto. Não é um campo onde a Igreja tenha algo de tão importante a dizer. Sejamos honestos, escutar o cardeal patriarca a falar sobre sexo é tão interessante como ouvir o arquitecto Tomás Taveira a dissertar sobre bom gosto. No entanto, em qualquer entrevista lá vêm as perguntinhas inevitáveis. A sério, get over it.