O Diva de Portugal

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quinta-feira, outubro 23, 2003

Mulher-Gato, o gato vendido por lebre

Há ditados que valem por mais de mil textos, o título diz muito do que eu direi aqui, a imagem vale mais mil palavras...
Eis que mais uma produção adapta uma personagem de comics. Mas se em Hellboy, Spider Man ou Batman (considero neste apenas a era Tim Burton) foram fiéis e bem sucedidos, temo que esta não o será.
Halle Berry, parece determinada a manchar o seu nome e carreira prometdeoras com filmes de qualidade duvidosa. Esperaria mais de uma actriz que ganhou um Oscar, ainda para mais num desempenho comprovadamente de qualidade num filme em que muita faltava. É uma pena que tal aconteça. Um bom actor poderá associar-se a uma personagem de acção sem que isso comprometa sequer o seu prestígio, Jack Nicholson apresentou-se como Jocker no primeiro Batman e daí não só tirou um incrível ganho nas percentagens da comercialização de produtos ligados ao filme, como arrebatou elogios vários entre críticos e até entre os fãs mais conservadores.
Halle Berry associou-se a Storm, depois a Jinx de 007 e agora a Mulher-Gato. Infelizmente parece apostada em explorar papéis fáceis e comerciais, mas que saturam a sua imagem e lhe retiram credibilidade num filme exigente. Jinx poderá ganhar um filme só para si e caso a Mulher-Gato resulte, o mesmo poderá acontecer... cinema pipoca, eis o futuro de uma actriz oscorizada? Era preferível tê-lo dado logo a Nicole Kidman que o merecia e tem feito por merecer. Halle Berry habilita-se apenas a engordar a sua conta e a ocupar a prateleira com um prémio Framboesa de Ouro.
Bem, a cada imagem nova, notícia ou spoiler que leio, mais fico mais desiludido com o triste rumo que este filme toma. Basta referir a sinopse e o facto de ser uma actriz de cor. Não sou racista, sou o primeiro a aplaudir a nomeação de bons actores de cor para Oscars ou outros prémios, agora, dar prémios em função da cor isso sim é racismo. Nunca poderemos deixar de pensar que a dupla vitória de Berry e Washigton se deveu a uma questão de politicamente correcto num ano que tanto precisava disso. O último, felizmente, tem feito bons filmes desde então...
Agora, Mulher-Gato não é de todo um bom filme, desde o realizador ser um ilustre Pitof (cujo trabalho no cinema francês é notável, mas não que permite este tipo de delírios criativos...), até à presença de uma Sharon Stone longe da presença marcante e credível de um passado não tanto distante, até à escolha - a meu ver, errada - de Halle Berry. Que dizer de tal escolha? A personagem era branca, cabelos pretos. Já, então, houve críticas ao facto de Michelle Pfeiffer (loira) ver-lhe tal papel atribuído... a roupa essa é nitidamente um delírio do departamento de arte, mais deve a alguma fatiota de sex-shop para fantasias sado-maso do que a uma heroína. É verdade, a Mulher-Gato tem naturalmente uma grande conecção erótica, o que não significa que se deva reduzir a personagem a um pseudo-objecto sexual.
Acho que a opção correcta era a inicial, Ashley Judd. Halle Berry como Mulher-Gato é um pouco como ter um pugilista russo de Rocky IV (Dolph Lundgren, que fez algo mais mas mesmo assim se merecer grande destaque) a fazer de Blade. Pode parecer uma boa ideia, mas choca imediatamente com a ideia original...
Enfim, fica a imagem para o leitor julgar. Estarei eu errado?

Ass: PM

PS- Vale-me a banda sonora do Cowboy da Meia-Noite, pena que filmes como este sejam raros... e que John Voight não faço algo do género, de novo.

PS2- Não resisti... talvez o Olímpia venha a ter a honra de passar esta grande produção (orçamento de 100 milhões). A ver pelas fotos, parece corresponder ao tipo de filmes que lá passam.