O Diva de Portugal

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segunda-feira, outubro 20, 2003

My Ferro Lady

Estive a pensar num grande argumento para uma peça de teatro, um musical para ser preciso. “My Ferro Lady”. A personagem principal chama-se Ferro e após ter tido alguns inconvenientes devido à sua linguagem rude decide procurar a ajuda de um especialista. Talvez deva enviar esta ideia ao La Féria. Quase que aposto que ainda ninguém se lembrou de uma história assim parecida… De qualquer maneira aqui ficam alguns pequenos extractos:
Ferro – Eh pá, eu não sei pá, se o professor desse aqui uma ajuda, pá, para eu, a ver se aprendia a falar assim pró mais fino pá.
Professor Higgins – Claro que teria muito gosto em ajudar. A que se deve essa necessidade repentina de uma linguagem mais refinada?
F. – Oh! Nem queira saber, pá! Foram uns gajos pá, gravaram umas conversas minhas sobre a Casa Pia pá! E eu quero fazer melhor figura nas próximas pá.
P. H. – Mas eu pensava que o caso da pedofilia estava em segredo de justiça. Não se devia pronunciar sobre isso.
F. – Eu tou-me cagando para o segredo de justiça!
P. H. – Ora, ora… Não diga assim. A forma correcta é: “Toda esta problemática do segredo de justiça não exerce uma grande influência em mim.” Acha que decorou?
F. – Eh pá, não sei. Vou tentar, pá. De qualquer maneira para mim este processo só lá vai à canelada!
P.H. – Por amor de Deus! Diga antes: “A resolução deste processo pode passar por métodos que não se utilizariam tradicionalmente.” Ora repita com a ajuda desta música: ♫ ♫ ♪  ♫ ♪ …
F. - Oh pá quem gosta muito dessa música, pá, é o gajo do almoço de ontem…e o gajo da Pedro Álvares Cabral também.
P. H. – Se continuar a usar a palavra gajo nunca mais vai conseguir. Use “senhor” em todas as ocasiões.
F. – Tá bem, tá! Pra mim até os ministros ou o Procurador Geral da República são “gajos”. Agora tratar por “senhor”, era o que faltava… Isso falar caro é com o Marcelo, ou com o Dr. Lopes.
P. H. – Quem? Deixe estar… Mas afinal para que quer impressionar as outras pessoas?
F. – É que há um lugar que eu queria ocupar, pá. Quem lá está agora são uns palermas!
P. H. – Também não pode andar por aí a chamar palermas às pessoas! Francamente acho que o melhor é aprender simplesmente a ficar em silêncio.
F. – Ena pá! O Professor também consegue ensinar as pessoas a ficarem em silêncio? É que isso dava um jeito enorme para uma amiga minha, a Gomes, pá! Se a conseguisse ensinar a ficar em silêncio eu agradecia-lhe imenso. A sério, pá!
P. H. – Bom, se assim preferir venham os dois juntos na próxima ocasião. Até lá pratique o que discutimos hoje, sim?
F. – Caro que sim, Professor! Então até à próxima! Eh pá, vou já telefonar ao Costa a dizer como isto correu…Tou? Então pá?…

Fim do 1º Acto

Isto é apenas um extracto de um manuscrito que eu estou a trabalhar. Já pensei que se calhar a história não está muito credível, afinal de contas, hoje em dia ninguém usaria as expressões daquela personagem. Mas eu achei que o Ferro ganhava um bocado como personagem se eu exagerasse nas deixas. Espero que tenham gostado.

P.S.: Todas as personagens, locais e circunstâncias são puramente fictícias e, como tal, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.