O Diva de Portugal

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segunda-feira, maio 24, 2004

Outra vez...desculpem

Para minha, cada vez maior, surpresa, aquilo que eu julgava ser apenas uma private joke da SIC já dura vão dias. Sim…eles continuam a dar a notícia do golfinho. O pivot do telejornal já apresenta o segmento de sorriso cúmplice nos lábios mas a verdade é que ele continua lá. Ora, já que não serviu para mais nada, o estúpido golfinho já me deu motivo para dois posts. Nada de desprezar, portanto. À parte o surrealismo da situação per si há três coisas que me têm interessado neste fait-diver. Vamos por partes:
1- Os biólogos/tratadores/veterinários/treinadores/o-que-quer-que-sejam que se afadigam à volta do bicho. Porque parecem ser os únicos que não se apercebem do anedótico da situação. É enternecedora a forma como parecem levar-se genuinamente a sério. Eles parecem interessar-se mesmo e, pior um pouco, parecem crer ingenuamente que mais alguém se interessa também. Só isso explica o ar compungido com que conseguem falar em directo para a televisão. São possuidores ou de um cinismo espantoso ou de uma ingenuidade pueril. Por espantoso que pareça, o senhor consegue manter um ar de estoíca seriedade científica enquanto divaga sobre as crises hepáticas do golfinho ou sobre as manobras de amamentação a biberão.

2- O aspecto do golfinho. Sejamos honestos, o animal está um trapo. Aquilo está com um aspecto semi-moribundo desde o início. E , no entanto, a repórter que a SIC para lá enviou (!!!) fala sempre com um optimismo à prova de bala. A cena é completamente surrealista. A mim começa logo a soar a música da Twilight Zone…é espantoso mesmo, a repórter a falar alegremente que o golfinho já comunica e brinca e não sei quê mais e atrás, em pano de fundo, vemos o bicho a arrastar-se, meio inclinado para um lado, barbatana dobrada e coloração esquisita. Que raio, aquilo parece um doente terminal, não está nada bem. O golfinho já podia estar a flutuar de costas e a cheirar mal há 4 dias que eles iam continuar a relatar entusiasticamente as proezas da recuperação.

3- O nome. Sim, o nome. Oh, cúmulo do piroso, o mamífero tem nome. Mas não é um nome qualquer. Isso era só parolo. O nome é, ainda por cima esquisito como tudo. Baladrava, ou Baldravada, ou Balavrada, ou Balarava. O golfinho Baladrava-Baldravada-Balavrada-Balarava. Whatdafuck? Pelos visto é a expressão indiana para criança feliz ou algo igualmente exótico e new-age quanto baste. Só espero que não tenham pago a nenhum génio criativo de alguma agência de publicidade pela ideia. Eu até estou a ver a cena em que deram com tal nome. O cenário é conhecido: sexta à noite, uma data de biólogos frustrados, a maior concentração de losers assumidos desde as convenções do Star Trek, nenhum deles com nada de remotamente parecido com uma vida social com que ocupem as noites, conversa da treta à roda de uns whiskies, até que alguém ao fundo da mesa diz:
- Se calhar devíamos dar um nome ao animal… alguém tem sugestões?
- Epah…sugestões…pah…
- Pois é…pois é…
- Se calhar …
- Pois… quer dizer…
- Pah…
- …
- Pois é… pois é…
- …
- E se lhe chamássemos Baladrava-Baldravada-Balavrada-Balarava?
- Opah, bravo! É isso mesmo!

E foi mais ou menos isto que se passou.