O Diva de Portugal

Que há para dizer? Isto é um blog... Ah, sim! Se quiserem entreter (vulgo, contactar) alguns dos desocupados que fazem isto, usem os e-mails da Beatriz, da Inês, ou do Joao.

sábado, outubro 04, 2003

Sugestão para visitas

Um velho blog com novo visual, falo do Não Esperem Nada de Mim do escritor/jornalista (ou jornalista/escritor) Joel Neto. Um blog com piada, com interesse, com diversidade. E eis a hora de lhe fazer um justo destaque:
http://naoesperemnadademim.blogspot.com/
Votos de sucesso para esta nova fase eis o que o Divã deseja!

Os dinossauros chegaram!

Eles andem aí, são três e vieram aos pares!
Não, não falo dos dinassauros do Porto, nem dos dragões seus familiares! Eles estão por todo o país, menos na Lorinhã! E em breve...

Ass: PM




Estreias da semana

Está confirmado! As minhas suspeitas são verdadeiras. Segundo alguém que se sacrificou no meu lugar, A Liga dos Cavalheiros Estraordinários (com um bom começo em BD) é mesmo um filme incoerente. Desculpem lá, mas o que queriam de um filme que tem uma data de personagens que não existem? Alô? Aquilo até tem uma vampira... ainda se queixam que as ruas de Veneza são pequenas! :-(

Ass: PM

PS- O Divã estreia o remake de um clássico, a maior produção portuguesa, um elenco de luxo. (sim, o cartaz é fruto do trabalho de escravos do Divã, se querem em maior resolução é só pedir: pmpm113@hotmail.com)






O Papa

"A CÚRIA Romana ordenou, sob rigoroso sigilo, a preparação do túmulo de João Paulo II. Os trabalhos estão a ser feitos durante a noite, nas Grutas Vaticanas, no subsolo da Basílica de S. Pedro." in Expresso

Feita a devida referência ao artigo de um jornalista do Expresso, gostaria de deixar duas palavras: choque e incoerência. Primeiro, pela morte que se mostra inevitavelmente próxima e que privará o mundo de um nobre defensor da paz, apesar de tudo é também claro que tem opiniões demasiado conservadores e retrogradas em certos pontos (aborto, gays, preservativos, etc). Tem sido um Papa pacífico que conseguiu aguentar uma imagem minimamente simpática de uma Igreja cujo prazo de validade se mostra caduco e cuja doutrina não acompanha o mundo (ou será que é o mundo que não acompanha a doutrina?).
Em segundo, incoerência. Se a preparação do túmulo do Papa está a ser feita em rigoroso sigilo, não me parece que pudesse ser feito este tipo de revelações. É portanto, uma mera especulação. No entanto, uma coisa é certa. A morte do Papa, será para infelicidade de muitos um dos maiores aproveitamentos mediáticos com as principais cadeias de TV a concorrerem por um local de ouro nos telhados de edifício da praça de S. Pedro donde poderão filmar o evento e o fumo que anunciará um novo Papa. Assim o dita o número de cristãos... esperemos somente que essa cobertura tarde e que seja feita com o respeito devido a qualquer pessoa (isto porque não só a morte do Papa deve ser respeitada, mas qualquer outra, ideia não muito seguida pelos canais televisivos).

Ass: PM

O Cavaleiro que regressa

É um conto, pode ser verdadeiro, poderei estar a recordar pela invenção o que muitos sentiram. Naqueles tempos das cruzadas em que a Fé era tudo e o rei senhor absoluto, em que as gentes festejavam a partida e choravam a chegada, não por não desejarem o regresso, mas por verem como ele era trágico.
E aqui se conta, o conto...

Ass: PM

O sol se punha atrás dos montes, trajando a floresta de negro, cobrindo o verde de escuridão, levantando os seres da noite e deitando os do dia. Alastra a sombra das rochas à sua volta, a dos pinheiros acima deles.
Um cavaleiro seguia pela linha marcada na terra, pelos caminhos de ninguém, escritos por alguém em tempos incertos. Seguia-o um rapaz, seu escudeiro, seu companheiro. Vinham das guerras, das batalhas vencidas e findadas com glória e pompa, das honrarias e dos festejos, vinham buscar seu prémio, a paz e o descanso. Descansariam em merecida paz, haviam lutado por ela e todos reconheciam que esta era deles, por direito.
Estancou a montada, olhou em redor, fitou o companheiro. O escudeiro vendo-o parado, estancou a sua montada e aguardou que ele lhe dissesse o que os olhos anunciavam. Olhos vermelhos, de cansaço, de tristeza, de lágrimas sustidas. Não eram lágrimas da verdade, da genuína alegria, da felicidade, mas da mentira, da mágoa escondida, da dor da perda, da amizade tragicamente findada. Chorava pelos amigos, companheiros de armas e também antes na sua infância. Haviam sido mortos ou capturados e ele, sem nada puder contra isso, via-os desaparecer a seu lado, na sua frente, no meio do infernal campo de batalha. No cneário da batalha, no maldito campo, onde cada um lutava por si contra um ninguém, contra alguém que lutava por si, pela sua vida. Não lutavam contra o outro, mas contra o fim, contra a morte, contra a sua derrota, lutavam pela vida, pela vitória, pela liberdade, pelo início do fim das batalhas, pelo descanso que se fazia necessário.
Haviam perdido o principal, ganho o que não desejavam. Trocaria a sua falsa alegria, pela genuína de saber os outros vivos e a salvo. A dor da perda, derrotava-o e em derradeira batalha dentro de si, desfazia a alegria e asteava a dor. Derrotado, sacrificado, privado, vazio, sem nada que sentir, para além da dor. Reconhecia a vitória, mas não a sentia.
E ao longe, entre a floresta, se erguiam as muralhas. Muralhas de forte construção, de castelo robusto, de fortaleza que vidas defendia e terras protegia. Dentro delas, os seus, os que sobreviveram, os que o aguardavam, os que o viram partir com os outros e agora o viam chegar sem eles. Entre os sorrisos, as alegrias do regresso, a dor da partida dos outros. E entre elas, esquecendo-as, nenhuma sentindo, o vazio de nada sentir, excepto esse vazio. Um vazio que sem nada ser, se sente, pois se nota que não existe e não se sente e é isso que o faz misteriosamente existir e sentir-se.
Os portões se abriam, eles entravam, alguns sorriam, outros choravam. Uns os braços abriam, os outros recuavam, não por medo, não por tristeza, não por falta de simpatia, apenas por estarem perdidos, por não verem os seus e verem o outro que regressava só e só se sentia. Sofriam por ele e por eles próprios, pois também a eles a dor da perda daqueles bravos também lhes doía. Muitos os viram crescer, de crianças passar a senhores, de rapazes a homens de armas, de escudeiros a cavaleiros, muitos deram vivas aquando da sua partida, deram por certo o sucesso de tal empresa, para mais tarde constarem como eram inúteis as palavras quando o coração delas dúvidas e não as sente. Mas pareciam sentidas, pois eram ditas pela alegria, pela inconsciência do momento, pela força da bebida.
E ele, desmontava o seu cavalo e olhava-os. Ninguém dizia palavra, ninguém esboçava humano sentimento, contemplavam a perda em sua invisível forma, que se mostra pelo vazio que deixa. Vazio nos corações e na vista. A dor da guerra sentiam e a cada momento, mais sofrido que o anterior, se davam conta como ela era horrível e como a sua causa também. Como a guerra era inútil e apenas a morte trazia aos que a menos mereciam, pois somente obedeciam àqueles que combatiam por seguras ordens dadas em seguras fortalezas, longe dos perigos da batalha.

sexta-feira, outubro 03, 2003

Machismo, eu?

Aqueles que me acusaram de machismo, venho afirmar que não sou machista e não me demitirei do meu cargo. Na verdade agi de consciência tranquila, afinal eu só defendo causas em que acredito... neste caso abri uma excepção!

Mas para os que gostaram (gostam? gostam?), aqui vai um conjunto de coisas que NÃO DEVEM dizer e que se não disserem podem salvar o casamento ou o namoro:
- a mulher diz para irmos pôr o lixo. jamais cedam à tentação de dizer "vai tu, foste tu que o cozinhaste"
- a mulher está na sala. jamais cedam á tentação de dizer "fazes turismo?"
- a mulher procura algo no lavatório da casa-de-banho. jamais cedam à tentação de dizer: "querida, querida, os pratos estão na cozinha"
- a mulher diz que vai a casa dos pais. jamais cedam à tentação de dizer: "eles precisam que lhes laves os pratos?"
- a mulher diz que não ama ninguém. jamais cedam à tentação de dizer: "as mulheres dividem-se em dois grupos, as que não amam e as que me conhecem"
- jamais cedam à tentação de dizer: "a mulher é tão bela, é única, é divinal e no final 99% disso sai com um banho"
- jamais cedam à tentação de afirmar publicamente: "ir a Paris com a minha esposa, foi como ir a um banquete e levar um farnel"
- jamais cedam à tentação de dizer: "que pézinhos tão pequeninos, gudchi gudchi. é para estar perto do fogão?"
- jamais cedam à tentação de confessar ao amigo que ficou noivo qual o alimento que tira 99% de felicidade a uma relação (bolo de casamento)
- nunca digam: "tu és como um CD, por uma coisa boa, ficamos logo com tudo"
jamais confessem: "mulher de amigo é como bota da tropa, marcha"

Ass: PM

quinta-feira, outubro 02, 2003

Fawlty Towers

Esta comédia britânica que reforçou a fama de John Cleese e comprovou, mais uma vez, o seu talento poderá não ser um mero produto inventivo deste comediante. Esqueçam tudo o que viram ou ouviram, as entrevistas do DVD foram forjadas. O local de inspiração para esta série poderá ser mais subtil...
E entre os meus papéis e revistas sobre conspirações, OVNIS e o inevitável O Crime, encontrei os meus esboços e apontamentos acerca da série. Ao estudá-los consegui concluir algo chocante. A série Fawlty Towers poderá dever mais ao povo português e Portugal do que aparenta. Não? Ora vejam:
- Alguém duvida que a Pensão Estrela seja um projecto que inspirou o Fawlty Towers? Sim, é óbvio que sim, tem tudo de parecido, inclusive sei de fonte segura que enquanto José Rapouso ainda era um astro da revista propôs este arrojado projecto à RTP. Mas Salazar achou que Portugal não estava preparado para tal visão, demasiado realista... para evitar a PIDE, Rapouso desfez-se do manuscrito num caixote do lixo de uma pensão rasca, onde por acaso estava John Cleese. E eis que o criador e a criação se encontram...
- Portugal é como aquela pensão rasca, pequeno, pobre, conhecido apenas para alguns, ponto de paragem para os que passam, a única opção de férias para alguns
- O exemplo inglês pode ter sido inspirado em Portugal, não mais que seja pelo actual fuso horário, assim, à mesma hora que um gerente da pensão no Reino Unido ofende os turistas que tiveram a infeliz ideia do visitar, o Senhor Rapouso da Pensão Estrela faz o mesmo
- Um patrão que vive do desenrasca e improviso (não faz lembrar alguns políticos? Tirando aqueles que têm um discurso preparado e treinado a pedir a demissão do ministro da Defesa) e que tal como o português é mal-educado, sovina, frustado e sempre desejando dar aquele passo na vida que fará com que a sua pensão seja a melhor da região.
- O criado estrangeiro, que como aqui ninguém entende, mas todos exploram. Só que neste caso, não vem de Barcelona e se chama Manuel. Bem qualquer dia, os poucos que vêem de Barcelona já nem imigrantes são...
- O espírito iminentemente provinciano
- O velho militar com os delírios do passado e os traumas de guerra (temos alguns assim...).
- Uma empregada inteligente que ninguém escuta, quantos temos aqui assim.
Parece quase coincidência, não? E agora, la creme de la creme, tal como o senhor Fawlty também nós temos aquela amizade para com os vizinhos do país aqui ao lado e os recebemos de braços abertos, esquecendo os problemas e divergências passadas!

A Ameaça do Império dos Cosméticos

Ao que parece nos EUA já existe uma televisão para a comunidade negra. Aprecio este gesto, afinal faz falta uma televisão mais autêntica, não com o fim de descriminar, mas de servir melhor e de exibir programação mais ao gosto da cultura afro-americana. Afinal, os nossos têm a RTP internacional, que lá vai dando o que (de mau) se faz aqui.
Aqui em Portugal temos televisões para as públicos específicos, vejamos o caso da SIC Mulher (ainda sem a concorrente de sempre, a TVI Gaja). A programação deste canal, supostamente dirigido a mulheres, é mais que boa e não serão poucos os homens (que sem qualquer complexo) admitem que a vêem. Afinal muitos são os programas, em especial sitcoms, que há muito tempo que mereciam estar presentes num canal português. Um belo canal, não fosse mais uma ideia de Mr. Penim, o mentor da SIC Radical que tanto sucesso fez na sua curta vida que a todos parece longa. Já não são poucos os que dizem que havia televisão para a juventude antes da SIC Radical e depois desta. E para isso bastou apostar em formatos garantidamente eficazes, inéditos, com interesse para o público alvo e em caras que embora desconhecidas demonstram um profissionalismo e qualidade excepcionais (o Rui Unas é um dos melhores apresentadores nacionais, ainda que poucos o reconheçam).
Agora, indo ao que interessa: fala-se em descriminarão da mulher, mas quem tem mesmo razão é aquele estudo recente que diz que o sexo masculino é o verdadeiro sexo oprimido - leiam mais no viciante blog Não Esperem Nada de Mim – e que a mulher tem à custa de um velho argumento - há décadas caducado - trepado na sociedade. Nada contra, elas bem fazem em ser assim, agora nós temos que tomar consciência dessa ameaça. Machos de todo o mundo uni-vos! (e como esta frase parece gay...)
Vejam a discriminação, vejam, vejam... se por acaso nós criássemos um canal chamado TV Macho iam logo chamar-lhe machista e discriminante! Agora, caso não tenham reparado, hoje em dia os canais generalistas pouca programação têm que possa ser considerada como exclusivamente dirigida ao nosso sexo. Agora telenovelas e talk-shows para domésticas, isso é outra história...

PS- Já dizia um amigo meu que não devemos confiar num animal que sangra uma semana inteira e fica vivo. Se bem me recordo, na última vez que o vi, andava a tentar arranjar um assim. Não podemos viver sem eles, quanto mais existir... :-(

quarta-feira, outubro 01, 2003

Tochas, Pedro Tochas

O Pedro também é de Coimbra e estando que nem pode tem feito um sucesso dos diabos! Bem merece a fama que tem! Um dos melhores entre a stand-up comedy lusa.

A mailing list dele, além de updates do site, tem sempre uns apartes originais! Merece uma visita extensa para explorar a fundo o site e os seus muitos e curiosos conteúdos! O design poderá não ser o mais futurista e animado, mas é equilibrado e permitir navegar facilmente no site. Acima de tudo, chama a atenção para o que é importante! ;-)

Ass: PM

O Presidente de Espanha

O mais recente utilizador do Divã deixou a sua marca, falo do Presidente Bush (The Litle One, como é conhecido nas lides da cama presidencial) que se veio queixar de uma tentativa falhada para assassinarem a sua esposa. Fiquei chocado afinal sabemos que se não fosse ela provavelmente o presidente já tinha cozinhado alguma estupidez no meio da política internacional e que é a amizade entre ela e a Sra. Putin (não sei se repararam na última cimeira? exacto, em segundo plano, lá estavam elas a trocar o segredo para deixar o frango frito bem crocante) que tem salvo o mundo de um inverno nuclear a cada duas semanas. Contudo, disse-lhe que tudo tinha corrido pelo melhor e ele podia respirar de alívio, afinal os agentes tinham-na salvo. Não, disse ele, estavam de folga a assistir à sitcom sobre ele, foi um taxista árabe que a salvou (antes de se descobrir que estava ligado à Al-Quaeda e o próprio perceber que não estava a dar boleia a uma cortesã de luxo). Eu suspirei, uma história e pêras disse. Ele acenou e disse que estava decidido. A nossa conversa tinha-o levado a concluir que a mulher precisava de uma segurança a sério, o mínimo que seria de esperar era um número de guarda-costas e agentes da polícia igual ao da segurança do Presidente de Espanha. Eu corrigi-o, Espanha é uma monarquia há muitos anos. E ele muito espantado:
"O quê? E eu que tinha ideia que na América Latina já não havia monarquias!"

Ass: PM

terça-feira, setembro 30, 2003

É a cultura, estúpido!

Visto que prometi no post inaugural falar de cultura, aqui vão os MEUS prémios culturais:


Prémio “Ainda não fui ver, mas a ideia tem piada"
O filme “adeus Lenine!”, sobre um rapaz que recria o surrealismo da Alemanha comunista para que a mãe, que regressou de coma profundo, não seja perturbada pela mudança.

Prémio “Grande, grande interpretação”
Este está certinho nas mãos desse, também grande, actor Johnny Depp pelo papel em “Piratas das Caraíbas”. Depp em grande forma, a pôr o filme no bolso desde o primeiro minuto com o seu pirata versão drag-queen meets Keith Richards pedrado. Vale a pena o bilhete só para o ver dizer no final (ah! e como eu sempre quis dizer essa frase): Sorry dear, it would never work between us…

Prémio “É garantido”
Se querem as vossas namoradas (ou wannabes) a beijar os vossos pés pela vossa sensibilidade e bom gosto ofereçam-lhe o CD da Carla Bruni. A sério, se depois de ouvir aquela voz elas ainda não vos amarem, sinceramente não merecem um rapaz sensível como vocês.

Prémio “Conheço uma data de gente que devia ler isto”
O livro “Koba, o Terrível” de Martin Amis (numa tradução manhosa do título original “Koba, the Dread”) sobre a tirania de Estaline e a inexplicável atracção que, apesar das mesmas atrocidades, o ditador exerceu sobre inúmeros intelectuais, europeus e não só.

Prémio “É por estas e por outras que tenho saudades da censura”
Vai direitinho para o Big Brother e a sua indescritível apresentadora Teresa Guilherme.

Prémio “Ninguém me quer oferecer?”
O CD “In Utero” de Nirvana. A razão é simples: não consigo encontrar o meu. Mas para os que não conhecem, é um absoluto must, sobretudo agora que se celebram 10 anos da sua edição.

Prémio “E esta, hem?”
Se eu bem percebi, na telenovela “O teu olhar” da TVI, a protagonista primeiro via, ficou cega, viu novamente, ficou cega outra vez e agora já vê. E ainda dizem que não há imaginação nas telenovelas portuguesas.
P.S. Se não for bem assim, perdoem-me. Eu não sigo a dita novela.

Prémio “3 tiros (de misericórdia)”
Quem quer que seja que escreve os diálogos da outra telenovela da TVI, “Morangos com Açúcar”. E eu só vi uns minutos...

O teu olhar

Uma poesia minha, sem rima, sem destino, sem a quem dedicar, com algum sentimento... encontrei tais palavras em sonho sereno.

Encontrei-te serena além
Nas terras onde já não está ninguém
Sentada estavas, confundida com a paisagem
E essa visão valeu toda a viagem

Vi o teu olhar, profundo, sem igual
Com beleza e preciosidade qual
Divina pedra por mestras mãos talhada
E que a todos se mostra criação iluminada

Vi o teu olhar,
Ele era verde como a esperança
Ele era azul como o mar sem fim e o céu sem começo
Ele era castanho como o meu que o admirava
Era cinzento, cor de diamante
Era teu, aquele olhar penetrante

E não minto, pois a que eu amei tinha o olhar sem cor, com vida sim. Era para mim verde, azul e castanho, belo como tudo. Perfeito, inimitável, intocável. A sua visão era divina consolação e o olhar que me dirigia prémio que não merecia. Mas o olhar se desviou, quando ela outro amou.

O Olhar

Dizem que o olhar é o espelho da alma. Bem verdade, como muitos outros concordo. Mas acrescento, pois creio que mais que concordam devemos também dizer o que sentimos, quando sentimentos que o resto é insuficiente. Tal como o espelho, o olhar mostra-nos, o espelho a nossa figura, o olhar os sentimentos dessa figura. Mas mais que aos outros, o espelho mostra-nos a nós próprios (diz: "este és tu, este sou eu" e assim é a maioria das lembranças acerca do 1º contacto com o espelho na tenra infância). O olhar mais que mostrar os outros os nossos sentimentos, mostra-nos. Quantas vezes nos custou a admitir, mesmo a nós, certas coisas e com o olhar as confessámos e admitimos. Não tanto aos outros, que em muitos casos não entendem em pleno a linguagem do olhar, mas a nós próprios. Com o olhar amamos, desejamos, lamentamos, pedimos, confessamos, desculpamo-nos. É no olhar que nos buscamos, quando tudo o resto falha.
E mesmo o cego transmite os sentimentos pelo olhar, a si, mais que aos restantes. Pois o olhar pode não ser físico, é acima de tudo uma metáfora.
E é com o olhar que vemos o mundo, mas erradamente confiamos demasiado nele. Tanto que se confessa o amor por ele e as palavras falham, se mostram a amizade e os actos a contradizem.
A vida pode ser irónica para os que dela se abstraem e é saudável fazê-lo, é saudável rirmo-nos de nós, mais do que dos outros. Ao nos rirmos compreendemos melhor o porquê de tal, ignoramos o sofrimento, apelamos à alegria. E ela é generosa, pois se lhe pedirmos ela vem ter. Viver na realidade é bom, mas parar de sonhar é péssimo.

Vários

E a chuva vem aí! Uma boa oportunidade para o Governo mostrar que conseguiu resolver as falhas, infelizmente, mostradas nos fogos de Verão. Esperemos que o mal não seja maior e que as cheias que se prevêem, sejam somente uma má previsão.

Nada a propósito, a equipa do Divã está à procura de inspiração e de opiniões acerca do trabalho que fazemos aqui. Se tiverem algo interessante, mandem:
pmpm113@hotmail.com

Ass: PM

segunda-feira, setembro 29, 2003

Eu? Não!

Li algures num jornal que a PJ anda à procura do, ou dos autores do blog “MuitoMentiroso”, que lançava suspeitas e calúnias sobre o caso Casa Pia. Daqui informo que escusam de me investigar porque o responsável não sou eu. A razão é simples: o perfil do autor é claramente o de alguém com um lado secreto de perversidade e eu, como toda a gente sabe, sou um tarado assumido.

Estudo

Ao deparar-me com dificuldades para escolher o tema do meu 3º (!!) post fui obrigado a encarar essa cruel mas óbvia realidade: a minha vida é bastante aborrecida. Ora o primeiro factor responsável por tal monotonia é essa bonita instituição que ocupa metade das horas úteis do meu dia: a escola. Não me entendam mal, a escola não é necessariamente ou por si só algo aborrecido. Aliás, a vida seria bastante mais aborrecida (mas bastante mais....) sem escola. É por ela que passa 95% de todo o convívio social e muito dificilmente isso é algo de desprezar. Simplesmente a escola está indissociavelmente ligada ao estudo, e o estudo, ou mais precisamente o acto de estudar é a encarnação do tédio na terra.
Quando alguma criança/pré-adolescente/adolescente/jovem adulto me diz, com um ar inocente, que para si estudar é um prazer eu:
1) penso que ele/ela está a gozar no cenário;
2) procuro indícios de algum tipo de distúrbio de personalidade;
3) concluo que à minha frente se encontra o produto de uma experiência militar que correu terrivelmente mal.
Alô!!!! Estudar??!! Um prazer???!!! O mero facto de alguém poder conceber estar sentado (ou de pé, ou deitado, para o efeito tanto dá) a olhar para um pedaço de papel, tentando memorizar o que lá está escrito, como um prazer só pode significar que o fim da civilização tal como a conhecemos está próximo, muito próximo...
E não me digam que isso contribui para o nosso desenvolvimento intelectual. Ler bons livros em português, resolver problemas nas aulas de Matemática, debater ideias a Filosofia, isso talvez contribua para a nossa inteligência. Agora ser obrigado a decorar os livros de Português, os problemas de Matemática ou as ideias de Filosofia em casa, para alcançar a proeza de as escrever de cor numa folha de teste parece-me completamente estéril.
O único objectivo minimamente válido, embora francamente sinistro, do estudo, é aquilo que é pomposamente designado como “criar hábitos de trabalho”. Ora o “criar hábitos de trabalho” tem como objectivo, em poucas palavras, baixar as expectativas. Basicamente este processo passa por obrigar os alunos a ultrapassar trabalhos tão entediantes que, em comparação, qualquer ocupação que venham a ter parece nova e excitante. Trabalhar num stand de automóveis, por exemplo, não é exactamente o sonho do comum dos mortais. Mas se esse mortal for também um ex-estudante, enquanto debita as cores que o novo Daewoo traz de série a um bimbo suburbano, pensa:
“ Que seca..., mas pelo menos sempre é melhor que ter de decorar as características psicológicas de uma personagem de uma peça de teatro do séc. XV. Ná, pensando bem, isto até é giro...eh,eh....”
Agora que penso nisso isto de “criar hábitos de trabalho” até é uma tarefa que, apesar de geralmente incompreendida, faz parte das obrigações que as gerações anteriores têm para connosco. Os nossos professores estão, basicamente, a tentar dar-nos uma vida adulta com mais significado e alegria. O meu profundo reconhecimento pela capacidade de visão e espírito de missão do Ministério da Educação ou de quem quer que seja que controla as nossas vidas. A sério. Os meus mais sinceros agradecimentos.

Hoje será curto, pequeno, espero que suficiente. Uma homenagem minha a quem ama, quem sabe amar, quem é amado. Eu já não me lembro, ou não me pareço lembrar. Talvez a noite mo relembre, espero que sim.
E no entanto, isto escrevi, prova primeira que sei o que é amar, mas não o sinto. É poema (mais verso inacabado) com palavras, mas sem sentimentos. Sem a quem dedicar, apenas a quem mostrar, os que o lêem, o que o escreveu.

Minha pedra mais que preciosa
Em tudo graciosa
Encontrei-te já lapidada
Em tua forma cuidada

Copiem-no, mandem-no por e-mail, sms, telefone a quem quiserem. Força! Numa coisa os hippies tinham razão (para o BE devem ser umas 3 ou 4): peace and love, love the too.
Enfim, eu procuro, ainda e novamente, aquela a quem o fazer...

domingo, setembro 28, 2003

RTP 2 e o Cinema Português

Sou um cinéfilo, ou tento sê-lo. É lamentável que a minha terra (que quase parece a aldeia da minha família lá no Norte) não passem metade dos bons filmes que estreiam neste pequeno país, mas passe praticamente o dobro dos maus filmes que seria de esperar num país civilizado.
Ontem, ao fazer plantão na RTP 2, após a excelente Britcom (ainda que em fase de repetição), vi uma magnífica exibição de dois filmes (ou seriam curtas-metragens?) portugueses. Os meus parabéns à RTP 2 e a quem manda nela (quem quer que seja...)!
Ao ver aqueles filmes senti no meu pequeno coração - cercado de gordura proveniente do fast-food americano - orgulho de ser português. A primeira comédia, com Nicolau Breyner, posso dizer que foi uma boa comédia, com um papel curto do falecido Camacho Costa (um Actor e um Homem que infelizmente só teve o seu valor verdadeiramente reconhecido no final da sua carreira) onde ele rouba a cena aos outros, arrebatando com algumas (poucas) expressões boas risadas. Nicolau Breyner também merece algum destaque, em muito devido ao seu companheiro boxer que faz lembrar vagamente aquele filme com o Tom Hawks em que ele é também polícia e está num carro de vigia, com o cão ao lado. Um bela homenagem!
O seguinte, foi um filme mais recente (de 2000), sobre um velhote que trabalhava numa daquelas mercearias de bairro que vendem de tudo. De um dia para o outro o filho do dono decide mudar tudo, contratar um ajudante (mais jovem que o pobre idoso) e fazer obras na loja. A consequência: o velho sente-se deslocado e começa a boicotar o trabalho na loja, executando, já no final, uma medida drástica. O actor que fez de velho lojista (alguém sabe o nome, era qualquer coisa António...) é perfeito na sua interpretação do seu papel e com poucas frases de diálogo consegue entrar na personagem e fazer transpirar para a película todo seu drama, um sofrimento mudo. Estes filmes são um exemplo do que de bom se faz neste país!
O problema não é tanto do cinema, mas dos espectadores que não o conhecem. Quando um programa de cinema dedica 20 minutos a filmes estrangeiros e 0 a filmes portugueses é natural que o público, por conhecer melhor os primeiros, não veja os portugueses.
Por estas e por outras, acho injusto o relativo sucesso de Esquece Tudo O Que Disse, um filme ao nível da maioria das comédias americanas e que muito mais dirá aos portugueses que essas! Eu vi e veria outra vez, se pudesse! :-D
Vejam-no que vale a pena! (digo vejam, pois parece que temos visitantes, aleluia!)

Segundo conto

Mais um texto. O Último Homem defronta-se com sonhos passados, numa altura em que não pode mais sonhar. Escreve, na ânsia de algo, na esperança que algo aconteça e simultaneamente consciente que nada pode acontecer. Espera reencontrar as respostas no papel? Entre as palavras perdidas? Um nome? Como se nem o seu jamais se sabe, é simplesmente o Último Homem e isso parece bastar-lhe tal é a certeza com que assina, com que diz ser o último e o único.

Ass: PM


"Aquele cujo nome ninguém conhece, mas não importa

A minha casa está fria, o último calor dissipa-se no ar gelado. Lá fora, entre as vidraças, vejo a neve, a única coisa que me faz companhia, que vem ter comigo a esta terra de ninguém. Herdei terra sem humana gente, deserto que nem como tal se comporta. Sou o último, volto a escrever, quase na esperança que um mais apareça, nem que se seja para ver os meus escritos incompletos e ao lê-los perceber como a minha ganância foi a minha perdição...
E tinha tantas coisas boas no passado, um passado que já não parece meu, parece de alguém que mudou. Não me é estranho o passado, parece-me, sim, um sonho bonito que já não posso viver e que apenas pela memória revivo culpando-me por o ter perdido. O papel não basta, nem as palavras, nem mesmo que os meus pensamentos fossem claros a todos, poderia expressar o meu arrependimento. Mas de que valeria? Já ninguém os pode ouvir ou entender. Desapareceram, estou só, sou o último dos últimos num mundo mudo que muda e caminha para o seu fim. Curvo-me perante a tosse, a fome, o cansaço, o frio, o desespero, a solidão. Não aguentarei muito mais. Mas completarei esta que é a minha única demanda possível, confessarei tudo o que puder, o que me for permitido por este braço cansado que escreve sem lhe ditarem. Ao menos confessarei a mim, também a mim devo isso.
E à memória me vem aquele mágico sonho, o dia em que não quis parar de sonhar. E agora também sonho, mas não consigo. Mas naquele dia era possível! Lembro-me do sonho e lembro-me de acordar, na cama, com um sorriso na face, mas grande tristeza na alma, pois era um sonho, tinha acabado e herdava agora a realidade que acordado contemplava. Havia sonhado com aquele cujo nome não sei e não creio que alguma vez nome tenha tido, mas isso não importa, no sonho podia-o tocar e não precisava de nome para me parecer real, para poder sorrir. Pequeno, jovem, sorridente, ali estava ele. Não mo disseram, mas sabia que era ele. Era a minha oportunidade de o reencontrar, nem que fosse em curto sonho. Abracei-o e ele inocentemente sorriu, como só os bebés o fazem, sendo sinceros no sorriso, mas também quando não o têm. Mostrou a sua sincera alegria e eu a minha, as lágrimas o provavam, lágrimas salgadas e quentes em rosto frio. Não poderei descrever os sentimentos que senti, apenas sentido-os de novo poderia ser fiel em tal descrição, simplesmente é algo que se sente no momento. E sonhei com um abraço àquele cujo nome nunca soube, como ainda hoje sonho mas sempre com menos emoção pois o primeiro reencontro foi sempre o que mais sentimentos despertou em mim, um turbilhão de sentimentos.
Ouvi o telefone tocar, acordei por isso. Mas ao entender não senti raiva, nem mesmo frustração por ter o sonho interrompido. O sonho não é eterno como o sono que dormia, apenas a morte é o eterno sono e só agora, só nesta cabana, a vejo perto. Atendi, era o Escriba. Dizia-me os bons dias e eu meio sonolento repetia a saudação. Disse-me palavras vagas, não me lembro delas, disse que gostaria de o ver. E de facto ele logo acedeu, talvez as minhas palavras tivessem transmitido algo mais, talvez o Escriba como outros soubesse o que elas diziam sem mais nada sentir. Sim, gostava de o ver e falar com ele, mas também precisava. Ele sabia de quem falaria, mas também não lhe conhecia o nome. Marcámos o encontro no local de sempre, também mais uns vieram. O grupo se havia reencontrado. Mas o braço que dei a cada um, embora com saudade e amizade não era tão sentido como o que dei àquele cujo nome não sei e cuja face apenas pude sonhar. Contei o que sonhara. Eles olharam, nada disseram, não por não quererem, os seus olhos diziam que queriam, mas não conseguiam. Bastou-me o olhar deles, as palavras são vazias, muitas vezes. O olhar deles não era vazio...
E agora regresso à cabana, vindo de viagem ao passado. Viajar sem me mover, eis o que fiz. E ao regressar olho para as folhas de papel, algumas escritas com letra miúda e negra, outras ainda brancas esperando confissões que tomo por incertas. Não sei se conseguirei completar a minha demanda, se conseguir, morrerá o último homem deixando para trás as suas últimas memórias. Mas quem as lerá? Esta pergunta não me deixa, creio que temo admitir a resposta."