O Diva de Portugal

Que há para dizer? Isto é um blog... Ah, sim! Se quiserem entreter (vulgo, contactar) alguns dos desocupados que fazem isto, usem os e-mails da Beatriz, da Inês, ou do Joao.

sábado, janeiro 31, 2004

Portugal, um país berço do melhor

Enfim, o Expresso noticiou, Bush tem ascendência portuguesa. Afinal, estão explicadas as amizades com Durão (cuja ajuda e de Portugal, não esqueceu, obviamente, de citar no seu último discurso: "...e mais 17 países..."), o ódio à moura gente, catervas de infiéis e o seu conhecido atlantismo que o levou a apoiar desde início e de uma forma decisiva António Vitorino para a NATO (o que deu no que deu, para nossa satisfação, já que hoje em dia temos no cargo um irmão, um homem do nosso sangue, um.... um... holandês?!).
E que dizer da ilustra esposa de um dos candidatos democratas à presidência dos EUA, madame Chanel? Somente isto: deve gostar e conhecer Portugal, tanto como a Zara...

Ass: PM

PS- Para os que estavam com saudades das estreias cinéfilas...

Auto da Barca do Inferno Revisto

Sobe o pano. Três pancadas secas no vazio palco. Uma mutilada barca aparece.

(Barqueiro)
Oh gentes no cais, tomai a barca, a santa barca, a divina marca! Tomai-a! Vá, tomai-a que se faz tarde!
(Ministro da Defesa Nacional)
Oh da Barca, posso entrar?
(Barqueiro)
Então, não pode? Gente de bem, gente católica, gente de Fé e que mais não é que gente de bem e que pelo bom caminho vai... entrai, pois, entrai!
(Ministro da Defesa Nacional)
Obrigado, obrigado, gentis palavras, olhe tomai este autocolante do meu partido, o que começa em P e acaba em P.
(Barqueiro)
Não, obrigado...
(Ministro da Defesa)
Não me diga que é da Sindical, nobre senhor, até que pensava que o vosso noblíssimo emprego era bem pago.
(Barqueiro)
Não, é mesmo porque esse autocolante é verdadeiramente para auto...móveis... e eu, vendi o meu e tive que comprar esta palpérrima barca feita de palitos roubados na tasca da esquina.
(Ministro da Defesa)
E um cachecol?
(Barqueiro)
Para o sítio onde vai não faz frio... faz calor.
(Ministro da Defesa)
A sério? A minha santa matriarca mãe sempre me disse – entre dois avé-marias e uma saudação ao busto do meu heróico avô – que lá era ameno e a comida era boa, ainda que um pouco insípida, porque era cozida. Mas isso não me impediu de para lá desejar ir, afinal, segundo ela, o Inferno era o reino dos fritos e fritos, esses, fazem-me mal ao meu colesterol. Ai, ai, tou que nem posso!
(Barqueiro)
Tomais algum mal no vosso peito?
(Ministro da Defesa)
Não... tomo esta água turva do rio para calar a minha sede, que tenho a garganta seca!
(Barqueiro)
Do calor?
(Ministro da Defesa)
Da demagogia.
(Barqueiro)
Mas dizei-me, ai! que me esquecia de tamanha cortesia que é perguntar quem sóis, donde vens e ao que vens.
(Ministro da Defesa)
Venho por estar morto...
(Barqueiro)
Que surpresa que me contais! Morreria com o susto não estivéssemos já ambos mortos...
(Ministro da Defesa)
Sou ministro e...
(Barqueiro)
Ministro? Que é isso? Emprego de fantasia?
(Ministro da Defesa)
Sou um dos que governa e bem, devo dizer, segundo me fizeram crer os meus colaboradores. Venho de um país chamado República das Bananas.
(Barqueiro)
Nunca ouvi falar...
(Ministro da Defesa)
Mas eu vos conto a minha curta história. Meu país não é nada, agora. Já não era antes, mas isso não importa, pois, sempre fizemos crer que havia sido o palhaço anterior que armara a tenda onde nós fizéramos um belo circo. Na verdade, eu morri porque no seguinte ano ao grande castigo do infernal calor, o meu país ardeu de novo e os bombeiros estavam em greve protestando não houver condições para trabalhar.
(Barqueiro)
Esperai! Mas vós não sois o senhor da oposição?
(Ministro da Defesa)
Mas claro que não, oh amável Barqueiro! Eu, eu sou o Ministro...
(Barqueiro)
Então, toca de dar volta nisto, vamos já para ali... tomai o vosso bronzeador que bem o podeis deixá-lo no caixote do lixo à entrada, ali não vos serve de nada.

Nota: Esta peça nunca ocorreu, foi inventada partindo do nada, foi fruto da imaginação que é a única coisa que nos vale para inventar algo tão fantasioso e pouco credível. Obviamente, não há ninguém assim. Já barqueiros...

Ass: PM

sexta-feira, janeiro 30, 2004

Engonhanço

É uma verdade indesmentível. De todos os países do mundo, Portugal é aquele onde mais se aperfeiçoou, com admirável persistência, a milenar arte do engonhanço. E, de todos os produtos da cultura portuguesa, em mais nenhum o engonhanço atinge tamanho esplendor como nos telejornais. O telejornal português é um fenómeno à parte. Um case study sociológico. Não se limita a dar notícias relevantes. Ná....os sensaborões que quiserem informação têm a CNN ou a Sky. Nos canais nacionais temos um programa mais ou menos parecido com o dessas cadeias só que incrivelmente mais longo, estoicamente aborrecido e sem nenhuma notícia digna desse nome.
O alinhamento standard do telejornal português é genericamente o seguinte:
- Assalto em café, lavandaria, bomba de gasolina, pastelaria, sex-shop, drogaria ou afim.
- Recuperar aquela reportagem do arquivo, onde se falava da esquadra de PSP da zona onde decorreu o assalto.
- Se o assalto meteu imigrantes, como assaltantes ou vítimas, recuperar aquela outra reportagem sobre a imigração.
- Se o imigrante em causa é das ex-colónias, passar excerto da investigação sobre os ex-combatentes da guerra colonial.
- Intervalo de 15 (20 na TVI) minutos.
- Ligeiríssima notícia sobre política, para não fatigar o telespectador em demasia.
- Notícia sobre sexo, que pode ir de uma violação até uma reportagem de 10 minutos sobre a situação dos prostitutos moldavos em Portugal.
- No seguimento da notícia anterior, e com um sorriso nos lábios do apresentador, pequena peça sobre a alteração dos hábitos sexuais dos portugueses. Pode ir desde a prostituição até à subida nas vendas de bonecas insufláveis. O que é preciso é imaginação.
- Intervenção em directo a partir de local de acidente rodoviário. Num dia de sorte, tem um velhote e veículos em contramão à mistura.
- Apanhando a onda da segurança rodoviária, entrevista ao actual detentor do recorde de taxa de alcoolémia ou, em opção, reportagem numa operação stop na 24 de Julho.
- Novo intervalo, de duração variável, para desanuviar o ambiente.
- Desporto variado desde que seja futebol. Pode abranger vários minutos.
- Intervalo…para variar.
- Regresso com uma reportagem terrível e absurdamente extensa, sobre um facto completamente irrelevante. Abrange temas variados que vão desde a gravata à lampreia, do fast-food aos colchões de água.
- Outra reportagem interminável, desta vez sobre a enésima aldeia perdida para lá do fim do mundo, onde só vivem 60 pessoas, e não nasce ninguém há 30 anos, e o autocarro não chega, e o médico não vem, e há 2 pastores, wada wada wada wada.
- Nova investigação, sobre doença à escolha, que se encontra em ASSUSTADOR crescimento na população portuguesa. Dependendo da altura do ano e da conjugação astral, a escolha recairá sobre diabetes, obesidade, cancro algures no sistema digestivo, tabagismo, apneia do sono, parkinson ou incontinência urinária.
- Finalmente, a verdadeira piéce de resistance, que foi sendo anunciada ao longo de todo o noticiário: a notícia do padre. Há sempre um vilarejo esconso onde um dos 3 habitantes está contra o padre da paróquia local. E a televisão nacional tem obviamente de cobrir, de preferência com repórter no local. E que interessa, que a razão da disputa seja geralmente a cor da cerca, o hino dos escuteiros ou o tipo de relva a plantar. Tem um padre? Tem um mínimo de 2 velhos/velhas descontentes? É notícia.

Claro que, no total, isto se estende para uma maratona de mais de hora e meia. 1 hora e meia sem nenhuma notícia de jeito. 1 hora e meio de engonhanço puro e duro. Mas que tem piada…tem.

Sobre a política e o circo que se quer montar com ela

Ofensivas as declarações do estimado deputado Francisco Louçã - cuja popularidade me parece mais que merecida, simplesmente justa - segundo o PP. Que afirmações? Ah, bom... estas: que a Ministra da Justiça seria "inimputável".
Parece-vos isto razão para se processar alguém? Por dizer a verdade? Afinal, a referida ministra apenas cometeu um grave deslize, apenas não tem o apoio de ninguém e apenas não deu um exemplo - como devia - de rigor orçamental e fiscal. Afinal, parece-me que chamar-lhe "inimputável" não só não andará longe da realidade prática - visto que não foi imputada do referido crime -, como é o mínimo que se pode chamar perante uma pessoa que se mostra tolerante perante tal crime.
Processar um deputado por este tipo de afirmações - que é gota de água idêntica à de todo um oceano poolítico - apenas pode levar ao fim da democracia, isso sim, que é o que eu entendo por se dizer verdades e fazer boa ironia/sarcasmo na política. Fim da demogagia barata se o quer o PP, que se cale!

Ass: PM

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Sorte a dos cinéfilos

Se me pedissem para apontar um culpado para a aparente insatisfação na vida sentimental das pessoas, seria obrigado a indicar um principal suspeito: Hollywood.
Pode parecer paradoxal mas é absolutamente verdade. O facto de estarmos habituados a ver inúmeros filmes ou séries de televisão sobre relações amorosas, provoca uma profunda insatisfação com as nossas próprias relações. Pura e simplesmente porque as nossas não são, nem de longe nem de perto, tão, intensas e dramáticas como as de ficção. Na vida real, nunca há uma chuva impiedosa naquele momento em que ela nos abandona. Na vida real, as palavras soam sempre muito melhor no nosso pensamento do que quando são ditas. E pior ainda, nunca ninguém diz AQUELAS palavras que fazem todo o sentido ouvir. Na vida real, os olhares ou os sorrisos nunca dizem tanto como no écran. Na vida real, as coisas não acabam sempre bem. Na vida real, passas pelas mesmas pessoas meses seguidos sem nunca dizeres o que queres (ou deves). E depois, quando finalmente dizemos aquilo que queremos (ou devemos) a resposta nem sempre é um sorriso. Na vida real, as nossas acções, das mais banais às mais grandiosas, nunca têm uma banda sonora que lhes dê significado. E na grande maioria das vezes, só a música é que parece conseguir dar uma aparência de sentido às acções humanas. Na vida real, há mais boys will be boys do que boy meets girl. Há mais acções estúpidas do que reacções acertadas. Na vida real, há mais falhanços. E na maior parte das vezes aquele filme termina ali mesmo, na cena do falhanço. Mas o pior, o pior mesmo, é que na vida real, as raparigas não são tão bonitas como nos filmes.

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Lembram-se de ter escrito num post que os homens não choram?…Estava errado.
Marcaste ao serviço do Benfica e morreste de camisola vermelha ao peito. Ninguém te pode chamar de infeliz ou desafortunado.
Honra e saudade a Miklos Féher (1979-2004)