O Diva de Portugal

Que há para dizer? Isto é um blog... Ah, sim! Se quiserem entreter (vulgo, contactar) alguns dos desocupados que fazem isto, usem os e-mails da Beatriz, da Inês, ou do Joao.

sábado, novembro 29, 2003

Slogan

E que tal este slogan para um cartaz na próxima manifestação anti-propinas:
Não Pagamos! (nem mais uma matrícula do Vítor Salgado)

Yes Master

Quando um tipo pensava descansado que era o mais conservador à face da Terra, a SIC Gold decidiu voltar a transmitir All In The Family, com o inimitável Archie Bunker. E perante o mestre, este humilde aprendiz só tem que se afastar e aprender.

Sindicatos

Na minha longa lista de ódios assumidos encontram-se desde há muito os sindicatos, federações, comissões e associações similares. Cada vez que vemos e ouvimos um dos representantes sindicais na televisão, quase que conseguimos sentir a actividade cerebral a abrandar, o intelecto deles a entrar em modo screen-saver, antes de vomitarem as mesmas resmas de chavões arcaicos e sound-bytes bacocos. Não vai ser fácil provar, mas, fechado num cofre, aposto que existe numa qualquer sede do PC, um manual pelo qual são reeducados (assim à la gulag) todos aqueles que aspiram chegar a chefe sindical.
Isto vem a propósito da detenção dos taxistas que se dedicavam a aldrabar os turistas no aeroporto. Um representante da ANTRAL, instado a comentar para um telejornal, brindou-nos com esta maravilha da retórica, este portento sociológico:
“O que é um roubo de 10 ou 15 euros comparado com os milhões que os poderosos roubam ao povo todos os dias?”
Sinceramente, só tenho pena que, imediatamente a seguir, um gang qualquer da outra margem não tenha deixado o indignado representante sindical sem carteira, relógio e roupa. Mas afinal o que era esse roubo comparado com as atrocidades que os poderosos fazem em Portugal.

P.S.: Para os sindicalistas que lerem isto, e que obviamente não fazem a mínima do que é um sound-byte, o screen saver ou retórica, estou à disposição para qualquer esclarecimento.

Se a montanha não vai a Maomé...

Pelos vistos essa montanha da civilização que é a FNAC vai finalmente chegar aos pobres Maomés que habitam a aldeia de Coimbra. Ainda bem, porque nem sempre este Maomé pode ir á montanha.

Tribute to Frank Lloyd Wright

O anterior post da Beatriz trazia uma pérola que se guardava, pudica e secreta, num canto da minha memória. A frase desse genial criador, desse homem inspirado na simplicidade das linhas, na - ainda presente - actualidade da sua obra. Ninguém diria que havia criado tais linhas há várias décadas, dir-se-ia produto de um passado próximo. Mas toda a grande obra o é, pois não só é magnífica, como presente, imortal na sua beleza, única. O próprio autor confessou qual era a essência do seu trabalho, seu segredo desvendou, nesta sua simples frase:

"Deus está nos pormenores"

Deus enquanto metáfora para a perfeição. Metáfora vivente, existente nos detalhes que tornam a sua obra distinguível. Para mim o seu melhor projecto foi a calma e atípica Falling Water, casa com que todos sonhamos de um modo ou de outro, que todos ousamos construir, imaginar, desenhar, mas que poucos fazem nascer, fazem crescer, fazem viver. Apesar de ter alguns problemas quanto à humidade (ao que se diz), é uma obra magnífica inserida e integrada com grande harmonia e respeito numa paisagem de beleza rara. As fotos comprovam-no. É para mim o conceito de casa ideal, do reencontro com o passado, com o futuro, com o moderno, com a civilização, com o rústico, com a visão de um génio.
Em muitas coisas não concordo com Santana Lopes, mas nesta casa encontramos palavras em comum:

"Entre a dita casa e a queda de água que lhe está próxima, há uma relação que transmite profundo equilíbrio na serenidade do conjunto."

É a essência de Frank Lloyd Wright que se (re)descobre nestas palavras, nas fotos que as complementam. Mas não devemos ser todos arquitectos do nosso mundo? Nas pequenas coisas, nos vitais detalhes, no que facilmente podemos alcançar, no que facilmente podemos melhorar? Não apenas à vista, ao sentimento, à essência, à existência. Mas serão dizeres inúteis se por eles nos ficarmos, se a face acenarmos, se com o coração concordarmos, mas com os gestos ignorarmos seu conteúdo.

Ass: PM

quinta-feira, novembro 27, 2003

Toni, Swiss Toni (2003 - BBC)

A sua frase de marca é reconhecível para a maioria dos fãs e seguidores do templo da comédia britânica, a Britcom: 'like making love to a beautiful woman'. Quer seja conduzir, vender carros, falar, para Swiss Toni tudo se compara a 'like making love to a beautiful woman', falando com base na sua "longa" experiência no ramo (automóvel, entenda-se, não com as mulheres é claro). Esta personagem é das melhores que a BBC deu à luz, com o seu penteado, as suas manias e a sua aparência (que lembra muitos Swiss Tonis da vida, a começar pelos emigrantes lusos na Suíça e Belgique), tem tudo o que é necessário para cativar o interesse do público. Tem e conseguiu, tanto que o sucesso alastrou-se e não foram poucos os blogs que falaram na personagem ou lhe fizeram alusão. O Divã faz, assim, a sua obrigação ao referi-la, também. Swiss Toni, uma série de seis episódios (as comédias britânicas funcionam, normalmente, por séries de seis episódios). Swiss Toni, interpretado magistralmente por Charlie Higson (que também é um dos guionistas da série), está acompanhado nesta série por um leque atípico de personagens: a sua chata e convencida mãe, o empregado jovem e inexperiente, a empregada atrevida, a mulher desgostada com o casamento e que dá aulas de condução ao marido (vendedor de carros) num parque de estacionamento do super lá do sítio e o empregado que faz do patrão um idiota chapado. Há que referir ainda o cómico do último episódio, os convidados especiais, a soberba exploração da personalidade de Swiss Toni a quem o actor dá alma, corpo e vida numa soberba construção da personagem, vincando um lado humano, sentimental e depressivo sem nunca perder o humor ou cair no ridículo. É uma série com uma clara crítica social, pelo que será mais que um entretimento puro, mais que uns óptimos minutos de riso!
Apesar de ter deixado de ser exibido na RTP2 (mais uma baixa de peso, depois do final de Men Child e daquela série do roqueiro...), deve-se assinalar a grande qualidade desta série que merecia (como tantas outras) ser editada em DVD... afinal Swis Toni is 'like making love to a beautiful woman' ;-)

Fica a dica para alguns sites:
Swiss Toni 1
Swiss Toni 2
Swiss Toni 3 (The Guardian)
Swiss Toni 4

Ass: PM

Ted e Alice (2002 - BBC)

Bem dita sejas RTP 2... Amen!
Passado um ano, volta a exibir a excepcional série britânica (com o carimbo de qualidade da BBC) Ted e Alice, produzida em 2002. Esta série conta com as actuações de nomes sonantes e talentosos como Stephen Tompinkson (no papel do alienígena Ted) e Dawn French (Alice, uma senhora de peso). Destaque para o secundário Owen Teale, como Barry, polícia, ex-namorado de Alice e senhor de grande arrogância e encoerência no domínio amoroso. A mini-série (reexibida às quartas - 23h) tem um toque de humor subtil e é visualmente cativante, quer pelos cenários do interior inglês, quer pela presença de alguns efeitos especiais. O roteiro é soberbo e o final maravilhoso e algo supreendente (ou talvez não... mas para quê revelar?). Apesar de já estar em exibição, vale a pena acompanhar esta história, que mais não é que uma bela fábula, uma alegoria sobre o amor, que parte de uma premissa em tudo inexplorada: Alice vive numa cidadezinha inglesa, a sua vida é em duas palavras simples e pacata. Até que um dia... (casta a frase cliché, não é? :-?) o recém chegado Ted lhe fará ver a vida (e o amor) de uma nova maneira, com o entusiasmo que vinha perdendo desde que namorava com o apático Berry. Contudo, Ted é um extraterrestre, apesar de ter a aparência de um humano muito atraente, que chega à Terra à procura de amor, pois no seu planeta o amor e o sexo foram banidos. Os dois vão viver as mais invulgares situações numa ardente e divertida história de amor. E pelo meio há uma dupla de agentes secretos que busca estes estranhos visitantes... umas velhas atrevidas, um barman com um toque dos anos 60 e muito mais!

Ass: PM

Pacta conventa servari oportet.

Não posso deixar de abordar este tema no blog, não há como o evitar. De resto, ele já o foi, de um modo mais ou menos explicito.
Vejo com respeito o esforço da Ministra das Finanças para a manutenção de um défice orçamental abaixo dos 3% do PIB. A política não é, talvez, a mais eficiente, mas a mais eficiente seria demasiado dolorosa, demasiado inconveniente para estes tempos, para esta economia debilitada. Não concordo com muitas políticas do Governo, mas nesta abro uma excepção, em especial pela imagem de rigor que a Dra. Ferreira Leite transmite, um pouco ao contrário de alguns membros do Governo (bastaria nomear um, mas muitos mais o podem ser...). Talvez fosse útil uma política com vista a uma estabilidade a médio prazo e não medidas de ocasião, finitas quanto à sua utilização, únicas, discutíveis até. Contudo, resta saber se a população estaria disposta a aceitar as outras, mais dolorosas e radicais, que iriam contra a interesses instalados de certos grupos (e não falo apenas económicos, mas também sociais como caso de médicos, professores, etc).
No meio disto tudo, mostro-me favorável à continuação de uma política de rigor orçamental - e vinco o rigor - não com medidas de redução do investimento público num país que tanto precisa dele, mas de restrição de gastos desnecessários. Todos conheceram pelo menos um caso em que tal acontece. Acima de tudo, o rigor orçamental deve-se fazer fora do Governo, primeiro que tudo. Deve-se pô-lo em prática nos serviços do Estado cortando com o desnecessário, mas também nas próprias Finanças impondo uma política mais rígida de pagamento dos impostos, de modo a que pagando todos, todos paguem pouco e apenas o que podem e devem pagar. Não pagando uns, outros terão que pagar por eles e, em certos casos, com mais custo. Se todos impostos fossem pagos (uma utopia, seja-se sincero) não haveria que temer uma crise orçamental. A solução não passa, pois, pelo utópico, mas pelo real e praticável. E nesse ponto, já se disse muito e bem dito.
Infelizmente, não posso deixar de sentir algum entendimento com as palavras de Joel Neto no seu Não Esperem Nada de Mim. Se pudemos compreender a atitude da Alemanha e da França e concordar com ela, devemos reconhecer que é injusta a sua atitude e arriscado o perdão dos outros, pois não garante que eles também o sejam de futuro. Mais grave, se tal significar que o serão, entrar-se-á num caminho perigoso para o PEC, tornando-o num pacto sem grande valor real, onde o peso político se mostra suficiente para infringir um acordo prévio. E quanto a isto, como não tenho mais que dizer, escolho latinas palavras de outros para concluir:

"Pacta conventa servari oportet."[Codex Iustiniani 5.3.20.5]
É preciso respeitar os pactos convencionados.


Ass: PM

domingo, novembro 23, 2003

I had a Dream...

Tive um sonho esquisito no outro dia. Sonhei que uma deputada portuguesa de aspecto hippie-bipolar e de nome Odete Santos ia à televisão e desatava a vomitar bácoras às pazadas. Coisas do estilo: “Cuba é uma democracia sob o ponto de vista dos direitos culturais e sociais.” ou “A Coreia do Norte não é uma ditadura. (…) A Arábia Saudita é uma ditadura”.
A meio do sonho eu mudava de canal e encontrava uma outra reportagem onde se noticiava que a mesma deputada ia fazer de rainha louca (?!) numa revista manhosa do Parque Mayer. E então só se via um cabelo pirosíssimo a sobressair do cimo de um vestido ainda mais pirososíssimo.
Acordei cheio de arrepios e suores frios, sentado no sofá em frente à televisão. Agora vivo com medo de voltar a adormecer e ter o mesmo pesadelo…ajudem-me…please…

MTV

Enquanto escrevo este post, passa na MTV o clip dos White Stripes “I Just Don´t Know What To Do With Myself”. Sim, aquele clip realizado pela Sofia Coppola e que inclui a Kate Moss, lingerie, um amplificador e um poste. Acaba aqui a discussão sobre o que é verdadeiro serviço público de televisão.

Cenouras

Quando pensava que o telejornal da TVI tinha batido no fundo do poço, tive a felicidade presenciar o jornal da tarde da passada 6ª feira. O dito noticiário incluía (juro) uma reportagem sobre uma cenoura, no distrito da Guarda, que tinha cito, “a forma de uma pilinha”. Não sou um expert na matéria mas creio que o Jornal Nacional da TVI deve ter sido o primeiro, a nível mundial, a utilizar a palavra “pilinha” numa peça jornalística.