O Diva de Portugal

Que há para dizer? Isto é um blog... Ah, sim! Se quiserem entreter (vulgo, contactar) alguns dos desocupados que fazem isto, usem os e-mails da Beatriz, da Inês, ou do Joao.

sábado, janeiro 17, 2004

Mau Maria!

O nosso paciente mais querido teve uma tentativa de suicídio, está em observação no seu quarto e depois de alguns medicamentos parece estar a recuperar daquela operação para lhe tirar a porcaria que tinha no estômago e devolver-lhe a cara que tinha. Aproveitou-se e limou-se certas características do dito, achamos que está melhor, agora, já conta e anota o que lhe dizem. Nada mau!

Ass: PM (médico que limpou a porcaria e tratou do querido paciente)

Cara lavada!

O blog está de cara lavada, deu trabalho mas já está... esperemos que o trabalho tenha valido a pena. Ao que parece o irmão da companheira bloguista não gostou (o verde era bonito, ok eu até que achava... mas nós dois não fazemos os 100%, não é verdade?), mas esperemos que vós visitantes, pacientes e insanas gentes apreciem o branco do novo consultório. Sim, pois o branco acalma e, agora, com um divã mais calmo os doentes (ou os doutores?) estarão mais livres para explicarem os seus delírios!
Vamo-nos a eles! E que venham esses coletes de forças, que só assim nos param!

Ass: PM

PS- A assinalar o traje de gale para este acontecimento, o blog veste orgulhosamente a bata (ou será casaca?) dos 4.000 visitantes. Parabéns a nós!

sexta-feira, janeiro 16, 2004

UE

Agora que acabou a presidência italiana da UE e começa a irlandesa, é hora de balanço. É quase consensual que a grande recordação que ficou foi a do episódio em que Berlusconi respondeu ao deputado alemão que seria perfeito para um papel de capo. Como é óbvio, a nossa esquerda politicamente correcta achou tudo uma vergonha, um insulto. Uma afirmação chocante, ultrajante, inconcebível e imperdoável. Tão ultrajante, que decidiram pegar novamente nos seus cartazes que dizem Bush=Hitler e sair para a rua em mais um protesto contra o malvado imperialismo capitalista.

Expresso

Sou um leitor assíduo do Expresso. No entanto, confesso que já gostei mais do Expresso e não acho, sinceramente, que valha aquilo que custa. Mas, o que se há de fazer, o maço de papel está lá em casa, invariavelmente, aos sábados, por isso o melhor que tenho a fazer é mesmo ler tudo e tentar reter algo das 3% de notícias interessantes que o jornal contém. É por esta razão que foi uma mui agradável surpresa a contratação de João Pereira Coutinho como colunista. Finalmente, algo que valha o dinheiro. Para quem não conhece o ex-colunista d’O Independente vale a pena visitar o blog. É um dos melhores do panorama nacional.

Primeiro estranha-se, depois estranha-se

A concelhia do PS-Porto prepara, segundo as notícias de hoje, a candidatura de Nuno Cardoso à Câmara do Porto. Como não habito na Invicta, a questão é me razoavelmente indiferente, visto não afectar directamente a minha pacata vida conimbricense. No entanto há algo na figura de Nuno Cardoso que me irrita solenemente. Não sei. É algo quase inexplicável, mas cada vez que o vejo na TV, com aquela imagem de empregado de mesa irritante e aquela vozinha insuportavelmente anasalada, os meus anticorpos disparam incontrolavelmente. É injusto? Provavelmente. Gostava de ficar entalado com ele num elevador avariado? Preferia atirar-me do Empire State Building e rezar para que a minha pálpebra ficasse presa num prego durante a queda.

Já não sou homem há muito tempo (pequeno conto)

Os prédios altos, projectavam a sombra nos becos sem saída. Lugares onde não há luz, tão somente sombra, lugares cujo luar absorvia na penumbra, lugares que apenas o nevoeiro e o vapor das calhas emporcalhadas cumprimentavam. Por entre as superfícies aéreas, chaminés, telhados, janelas e ruínas da civilização erigida em múltiplas construções, um vulto se movia. Quem era, ninguém sabia, o seu nome ninguém conhecia. Mas algo sobre ele se dizia, que era humano, que era besta em simultâneo. Era gente que a noite muda, traja de negro e de animal veste, com pêlo no lugar do cabelo, com garra no lugar de mão, com instinto no lugar da humana razão. E nas costas a razão de tanta desumanidade, a sua cruz crucificada, cruz dela jamais separada, para sempre ali, a ele, espetada...
E por momentos seu rosto foi revelado, por entre o trovão claro que rasgou o céu negro sem emoção, com um inesperado e não anunciado estrondo que introduziu enxurrada de chuva. Era um rosto magro, até na noite pálido, até para o negro sem cor. Os olhos não se descobriam, pois as redondas lentes negras como a noite os cobriam. Se ele via? Era talvez besta cega, mais que humano, besta medonha cujo nome todos esqueceram. Era a figura gótica da cidade, o justiceiro que não pratica justiça, a gárgula sem digna catedral, a pintura a que falta mural. Mais que emplastro, era figura que vivia, que existia, que se movia por entre as sombras da própria noite. E naquele manto como peixe se movia, a figura, rápida e esguia.
- Já não sou homem há muito tempo, desde aquela noite... – murmurou para a noite que não o ouvia e a quem estas palavras sempre repetia esperando ouvir uma palavra de resposta.
E por entre as catedrais da vista nocturna se voltava a esconder, para não mais reaparecer ali, mas sim acolá, bem longe, entre outros prédios, de outra rua, beco ou avenida, de rua sem saída, de calha vazia. Entre os telhados, as varandas ou as escadarias, hei-lo a ele, o confesso companheiro da noite que arrepia e é fria.

Ass: PM

quarta-feira, janeiro 14, 2004

Liberdade de opinião?

Na passada semana, um apresentador da BBC (de um programa juvenil, julgo) foi despedido pela estação britânica. Até aqui tudo (mais ou menos) normal. A questão é que a razão apontada para o despedimento foi uma entrevista dada pelo apresentador a um jornal. Ou seja, foi despedido por delito de opinião. Na dita entrevista, o visado terá tecido alguns comentários pouco lisonjeiros para com os árabes. “Não lhes devemos nada.”, “Eu não esqueço as imagens das populações a dançar de júbilo na rua depois de os seus compatriotas terem assassinado milhares de pessoas no 11 de Setembro” ou “Um povo de fanáticos religiosos, violadores dos direitos das mulheres.”, foram alguns dos mimos dirigidos aos árabes. Após a publicação do jornal, uma associação árabe em território britânico, pressionou a BBC e provocou o despedimento imediato do apresentador. A razão deste post não se prende com o teor da entrevista per si mas com as consequências que esta teve para o autor. Like it or not, um cidadão inglês, parte da democracia inglesa do séc XXI, foi despedido por causa daquilo que são os seus pensamento e valores. E este não é o primeiro nem o único caso deste género nas democracias ocidentais. A questão é a seguinte: é legítimo que numa sociedade, pelo menos pretensamente democrática, um cidadão possa perder o seu emprego por causa das suas convicções? É legítimo que, numa democracia, uma empresa pública obrigue os seus empregados a seguir uma e uma só corrente de pensamento? Ao depararmo-nos com esta situação temos de nos interrogar até que ponto é verdade o dogma da liberdade de opinião nas sociedades ocidentais. Pode um governo impor ou condicionar as convicções dos seus cidadãos? A questão é bastante complexa e apresenta várias ramificações: é aceitável, por exemplo, que os partidos de extrema direita sejam ilegalizados e criminalizados? Ao fazê-lo, não estaremos a condicionar as liberdades dos cidadãos? Ao tentar defender as democracias, não estaremos, de certa forma, a perverter e renegar os princípios fundamentais dessas mesmas democracias?

P.S.: As citações entre aspas foram feitas de cor por isso podem não corresponder exactamente ao original. Mas o sentido das declarações é aquele.

Ser ou não ser, eis A questão

Ora bem, vamos aquecer isto um pouco. Aborto. Ai,ai…digam de vossa justiça. Despenalização, sim ou não? Como, suponho eu, toda a gente, tenho mixed feelings sobre o assunto mas apesar disso sou um defensor do não. De qualquer maneira a discussão sobre a despenalização do aborto é provavelmente o debate mais autista de que eu me lembro. É um debate sempre interessante mas de efeitos quase nulos. Não creio que alguma vez um defensor do não tenha saído de uma discussão convencido do contrário ou vice-versa. Aliás, se repararmos bem, na maioria das vezes, os dois lados nem sequer argumentam sobre a mesma coisa. Os partidários do não argumentam sobre a questão mais “filosófica” do direito à vida e a partir de que momento esse direito se concretiza. Os partidários do sim põem a questão ao nível, mais prosaico suponho eu, das condições socio-económicas de pais e filhos. Geralmente, nenhuma das partes tenta refutar directamente os argumentos contrários, preferindo enunciar outros argumentos (que os há, sempre) mais favoráveis à sua tese. Assim, apesar de se situarem no mesmo tema, não discutem precisamente a MESMA coisa.

terça-feira, janeiro 13, 2004

Combate desigual, ei-lo na sua luta final

Um combate desigual,
Ei-lo perante o seu combate final.
Seu combate derradeiro,
Consigo como único companheiro.

Combates o quê, oh gente sem rosto?
Combates o mal ou o bem?
Combates gente ou desumano ser?
Combates ou aceitas a morte?
Vives ou morres?
Responde, oh gente sem rosto!

Nada, não responde, não se vira.
Apenas o adversário mira.
Adversário sem rosto de humana gente,
Com rosto de quem combate somente...


Ass: PM

segunda-feira, janeiro 12, 2004

Música II

Em compensação saiu há pouco tempo o aguardado álbum de estreia dos X-Wife, incursão em terrenos rockeiros de DJ Kitten. Após a audição de algumas músicas, a avaliação é razoavelmente positiva. Antes de mais importa avisar que nada do que está no Cd é novo, não é mais que a chegada a Portugal, com 1 ano de atraso, da onda revivalista do rock ‘n roll anunciada pelos The Strokes ou pelos The Hives. É uma mistura do bom velho rock com umas incursões de electrónica, à moda do electroclash só que no séc XXI. De qualquer maneira, as canções ouvem-se com agrado o que é sempre algo de saudar no desértico cenário do rock nacional. Não é o Nevermind do rock português mas tomáramos nós que todos os álbuns de estreia fossem como este Feeding the Machine dos X-Wife.

Música I

Ouvi no outro dia o suposto novo álbum dos Delfins. Que, para variar, é um best of de supostos êxitos com 2 inéditos rançosos a acompanhar. Definitivamente estes tipos andam a dever-nos uma overdose há pelo menos 8 anos.

2003, 2003...

Achei profundamente injusto que, nestas edições de fim de ano que a imprensa usa para fazerem o lugar de notícias, em que todo o acontecimento careta foi dado como relevante, tenha sido esquecido aquele que foi, para mim, “O” acontecimento político do ano. Lembram-se certamente do congresso do CDS-PP em que, num vídeo que mostrava os vários líderes do partido, a figura de Freitas do Amaral foi convenientemente “esquecida”. Pois é, ao que parece, quando instado a comentar, Freitas do Amaral disse: “Pelo sim pelo não, nos próximos tempos, não passo pelo México”. Não sei se compreendem o alcance, o verdadeiro terramoto, que é esta declaração. Pela primeira vez na história conhecida, um político português disse uma piada. E uma piada inteligente. E com piada. A não ser que contem com as propostas de lei do BE, mas isso é outra história…

x = x

Os gatos pretos dão azar. Os estereotipos de bruxas, feiticeiros do "Mal" e vilões têm gatos (pretos ou não) como animais de estimação. Todo e qualquer desenho animado que se preze tem um gato como o mau da fita ou desempenhando o papel do "arrogante", "falso" e "interesseiro".
As velhinhas sem vida própria e que vivem numa casa grande, assutadora e coberta de retratos de família têm pelo menos cinco gatos todos com o nome dos ex-maridos já falecidos. Na Idade Média, quando a peste negra chegou à Europa, milhares de gatos foram queimados um pouco por todo o lado, por serem alegadamente os causadores de tanta desgraça.
Incrível...
Mas que raio fizeram os gatos de mal?
Sim, porque se não os tivessem queimado na Idade Média TALVEZ (mas só talvez) o número de pessoas mortas pela peste tivesse sido menor... Bem sei que não era conhecida a proveniência da peste, mas porque é que a população tinha que acreditar mais na superstição do que nos factos?
Porque nem é hábito da população felina caçar ratos e ratazanas nem nada...Não. Nem seria de esperar que esse facto fizesse parte da cultura popular da época, já que ninguém era capaz de perceber que nos locais com gatos o número de ratos era incrivelmente reduzido...Não.
De quem é a culpa?
Da Igreja...(deixo as reticências para as divagações pessoais, já que quem concorda sabe bem porquê, e que quem não concorda não vai mudar de ideias com o meu fraco poder de argumentação)
E depois de séculos de superstições tornadas convicções, temos hoje pobres e tristes pessoas que dão pontapés a gatos porque "são falsos e ninguém gosta muito deles".
Claro...E se alguém não gostar de cães por estes serem uns "oferecidos", "dependentes" (por outra palavra: "chatos") e semelhantes a brinquedos na mão dos humanos - os quais rebolam e sentam com um simples erguer de voz - vai ser olhado de lado e o mundo dirá numa só voz "O cão é o melhor amigo do homem!".
Yeah right...
Pelo menos os gatos não têm que ser lavados mais que uma vez por ano, já que conseguem bem tratar da sua higiene sozinhos...
Falo por experiência própria, tanto dos cães como dos gatos e considero uma tremenda falta de cabeça dizer que os últimos são falsos.
O que é que têm os cães que os gatos não? Não vou fazer uma lista... Espero que toda a gente perceba que são animais diferentes, e que os gatos só são desprezados e indesejáveis porque são estereotipados por uma sociedade aparentemente muito correcta e regida por valores muito modernos e actuais, mas que no entanto falha e se contradiz quando encara assuntos ligados a superstições e que têm como base convicções altamente enraízadas nas nossas mentes.
Whatever...Tudo para dizer que quem tem gatos sabe e sabe muito bem que, como se passa com qualquer outro animal, os gatos diferem entre si. E se existem por aí matilhas de cães perigosos, não duvidem de que esses animais cresceram em circunstâncias adversas e foram provavelmente mal tratados outrora. Da mesma forma existem gatos perigosos, aos quais podemos sempre cortar as unhas, correndo então o risco de os encontrar mortos uns tempos mais tarde (pois é, o que eles fazem pelas gatas tsc tsc).
Ágora sim, concluir que os gatos são carinhosos, independentes na medida em que nos procuram não só quando querem comida (ao contrário dos cães não nos "pedem" comida, mas confiam em nós e sabem quando a podem ter, procurando-a só quando realmente querem), mas também quando querem dar ou receber afecto.
Por outro lado, com um simples pulo para o nosso colo aquecem-nos, acalmam-nos e dão-nos a hipótese de aliviar o stress passando a mão pelo seu pêlo.
São cuidadosos e elegantes - e não espalhafatozos (nunca vi esta palavra escrita!) como os cães -, qualidade facilmente confundida com arrogância. Mas como poderão ser arrogantes se de manhã fazem questão de nos acordar com um ronronar baixinho nos ouvidos, andando atrás de nós pela casa toda e sentando-se ao nosso lado sempre que podem...
Tudo isto sempre após horas de afastamento, como acontece em qualquer noite de sono bem dormida. Horas estas indispensáveis para nós mas que provocam saudades visíveis em qualquer gato.
Ah...e há sempre aquele caso que serve de resposta a todo e qualquer amante de cães convencido de que o seu querido animal tem uma característica única...Falo daquele egípcio que morreu de ataque cardíaco no seu apartamento, cujo corpo foi encontrado dias mais tarde rodeado pelos seus cinco (talvez mais) gatos. E, quando os polícias tentaram tocar no corpo, foram violentamente atacados pelos desesperados felinos que, enlouquecidos pelo estranho e prolongado "sono" do dono, se recusaram a deixá-lo.
Os cães que ladram não mordem...Esses sim são falsos...Porque os que mordem fazem-no inesperadamente.
Normalmente, os cães não magoam muito ao brincar, pois nisso eles têm noção do que estão a fazer. Os gatos, por vezes, magoam sem querer. E, como qualquer outro felino que se preze, nunca vão atacar sem um bufar e um arreganhar de dentes.
Por isso, que tirem daí as ideias todas as pessoas que pensam que algum gato as magoou sem razão nenhuma. A intenção não foi essa de certeza. E, se foi, ou lhe tocaram na barriga (há gatos que não gostam) ou lhe tocaram nalguma zona ferida...Mas, se foi esse o caso, observaram de seguida uma rápida mudança de posição ou um leve estremecimento. Penso que nesse ponto qualquer pessoa suficientemente crescida tiraria a mão ou a cara do alcançe das patas do gato...Não?
Ai ai...Acabo aqui por hoje...Só por hoje =)

*click*

Deixai-nos terminar esta necessária oração, pois somos todos santos!

O processo Casa Pia é um mundo! Já não bastavam os canais procurando audiências fenómeno, os advogados fama e prestígio ou os políticos tentando desguarnecer a oposição, também temos agora as alegadas vítimas a exigir pequenas fortunas como indemnização aos alegados pedófilos. E ainda perguntam quem ganha com isto!
Irra, que nem ironia tenho que fazer...

Ass: PM