O Diva de Portugal

Que há para dizer? Isto é um blog... Ah, sim! Se quiserem entreter (vulgo, contactar) alguns dos desocupados que fazem isto, usem os e-mails da Beatriz, da Inês, ou do Joao.

sábado, novembro 22, 2003

O Comercial do Cinema II

Reagindo a este "espontâneo" (é verdade, quase parecia que houve uma combinação prévia, mas nãooo, isto é totalmente espontâneo...) desafio do meu colega de blog eu avanço com a minha magna brigada em divina cruzada para defender a minha visão sobre o cinema. Não é a mesma que a do João, pelo que haverá vantagens (para quê ler dois textos que dizem o mesmo quando se pode ler dois que dizem coisas diferentes?)... e como o Divã começa a ser um opinion-maker de várias mentes deste país, creio que amanhã poderemos ver Marcelo Rebello de Sousa a falar desta verdadeira Causa Nacional, enquanto se corrigi acerca do número de crónicas que ditava e as que escrevia e teclava no computador com os dedos dos pés.
Bem, aqui vai o texto, coisa pouca. Como é usual em mim, de resto!

Ass: PM


Como o cinema, a argumentação é um acto de comunicação. Argumentar sobre cinema não deixa de ser difícil; o cinema é artisticamente complexo e tornou-se, também, um fenómeno social, cultural e económico. É um espelho da sociedade que o consome, que guia o seu produto, que o influencia de forma determinante. Contudo, a comunicação pode ou não ser eficiente, expondo ou não uma mensagem. Infelizmente, o cinema caminha para uma perigosa e viciada abordagem em que explora o seu comercial, esquece o artístico, ignora a mensagem, desinteressa-se pela sua correcta abordagem. Adopta as modas em busca do lucro rápido, da rentabilidade que mais que exigida pelos estúdios, é imposta. O que torna um filme intemporal é a sua qualidade. Hoje, os filmes são feitos à medida da sua época, dos seus gostos (demasiado) particulares e efémeros. A criatividade é, pois, relegada para um plano bastante secundário. As decisões criativas dão lugar a decisões ponderadas quanto ao modo como realizar, montar e trabalhar o filme, o guião, as personagens. Filmar, fazer um filme, é hoje um negócio, como qualquer outro e como um negócio exige cuidado na tomada das decisões. Como negócio exige lucro, exige público consumidor, exige ser comercialmente viável.
O certo, é que a exploração comercial da arte não é novidade alguma. Mesmo grande nomes artísticos não escaparam dessa perigosa tentação. Ligado, curiosamente, ao cinema (pelo seu trabalho na cenografia) encontra-se no pintor espanhol Salvador Dalí, conhecido não somente pelo seu génio, como pelas extravagâncias e a exploração (muitas vezes puramente comercial) da sua imagem e nome. Porém, o facto do nosso passado terem existido tais atitudes, não deveria constituir exemplo a seguir. Deveria, sim, servir de lição, de modo a que se corrigisse esta limitação. Filmes comerciais muito raramente persistem, podem subsistir como mera curiosidade cinéfila (veja-se o caso da saga japonesa Godzilla) mas nunca passarão muito além disso. A carreira do filme fazia-se, dantes, não só nas salas, mas, também, em casa pela televisão ou pelas cassetes VHS. A qualidade de um filme, o trabalho dos actores, o interesse da história interessavam, sobretudo, como modo de garantir a viabilidade futura desse filme. Presentemente, a intenção é mais imediata, a seguir a uma estreia comercialmente cuidada e com uma propaganda agressiva que impõe o filme quase como uma moda, segue-se a rápida rentabilização do gigantesco investimento na propagando do mesmo, ao lançarem-se num curto espaço de tempo produtos de merchadasing, edições especiais do filme e a inevitável edição do mesmo em formatos caseiros (DVD e/ou VHS).
É verdade que nem todo o cinema terá abdicado da sua visão criativa. Existem casos de sucesso em que ambas as visões coabitam (a mega-produção portuguesa “A Selva” será, certamente, um deles). É, ainda assim, impossível negar a constatação óbvia que o peso do produtor e do produtor executivo (dantes meras figuras ligadas ao financiamento do projecto) é agora muito maior. Passaram de colaboradores e preciosos ajudantes do realizador, para fortes intervenientes no seu trabalho artístico, quer por decidirem e escolherem o guião do filme, quer pela escolha do próprio realizador. Como dono do filme, o produtor, passou em muitos casos a ter última palavra. São notórias as influências de alguns em vários dos filmes que produziram. A visão desses produtores é geralmente uma visão comercial, preocupada com a aceitação, em tornar a mensagem mais acessível, mais politicamente correcta e esteticamente mais concordante com os gostos (ou a falta deles) da generalidade do público. O inevitável cliché, que corta espaço à originalidade do filme, é uma maneira de tornar previsível a história e, segundo alguns críticos, um método comercialmente inteligente de dar ao espectador a sensação de domínio sobre a história, uma certa e hipotética interactividade com a história (que se parece assemelhar ao gosto e desejo da maioria). Em oposição, os críticos parecem ser mais críticos, não tanto por gostarem de o ser, mas por haver mais que criticar, como defendeu certa vez José Vieira Mendes (editor da revista de cinema Premiere). O crítico perde a força, a crítica construtiva é abafada pela publicidade. É ela sim e a sensação que causa no futuro espectador que determinam as preferências. Por isso mesmo, é o cinema português tão comercialmente mal sucedido. Depende, demasiado, das críticas dos críticos, do trabalho das equipas técnicas, da qualidade da obra. O público não a compreende, muitas vezes nem a conhece.
Actualmente a indústria de cinema visa a realização de filmes rentáveis, seguros, atractivos. Sequelas são, muitas vezes, um produto comercialmente considerado como rentável. As sequelas esgotam-se enquanto conceito, é certo. Porém, o comercial do cinema parece encontrar, novamente, novas ideias (despidas, infelizmente, de qualquer originalidade) em adaptações de bandas-desenhadas ou no cruzamento de sucessos comerciais (como o projecto Alien vs Predator ou o não concretizado Batman vs Superman). Acima de tudo, ao estúdio interessa o lucro. Um filme consome, hoje, vários milhões de euros (o próprio Dogville, considerado um filme minimalista, custou nove milhões de dólares) e a esse generoso orçamento juntam-se verbas de até um terço do custo da produção, somente para publicidade. O filme não só se impõe como obra artística, mas sobretudo como produto comercial e, especialmente, como produto que pode e deve ser consumido.
O realizador autor dá lugar ao realizador executante. Existe pouca margem para um filme não lucrativo, o cinema de autor, o cinema independente ou o cinema artístico podem ser apreciados pela crítica, elogiados e premiados nos festivais, mas num meio saturado existe a sua existência (ou, desesperada sobrevivência) torna-se difícil. São apagados, ignorados, excepto quando um actor ou actriz famosos participam neles. Dogville, alegam alguns, seria para muitos uma incógnita não fosse a participação da oscarizada Nicole Kidman.
Mesmo grandes obras vêem as suas adaptações sujeitas às imposições comerciais. Pablo Villaça na sua coluna online (www.cinema.art.br) criticou a alteração no final do filme O Conde de Monte Cristo, sendo que esta crítica recebeu eco entre os leitores e visitantes deste e doutros sites. O final feliz geralmente apresentado no cinema norte-americano e comercial abalou, assim, o final trágico do célebre romance de Dumas, cortando a verdadeira intenção do autor da obra e substituindo-a por um previsível (na lógica cinematográfica, claro) final.
O próprio espaço de visionamento do filme, argumentou o produtor português Paulo Branco (um dos poucos que se mostra contrário à onda do comercial do cinema), é mostra clara que muitas pessoas não vêem o cinema como arte, mas como puro entretimento. Para muitos será impensável a ida a um cinema sem pipocas ou sem intervalo (muitas vezes gasto no reabastecimento do pacote de pipocas) ou que não sirva os afamados refrigerantes, muitas vezes culpados por efeitos sonoros complementares dos do filme.
Reflectir sobre o filme, sua mensagem, significado e abordagem é, hoje, sistematicamente negado pelo público. Muitos filmes que se recusam serem um mero produto acabado, convidando à reflexão, são alcunhados de filosóficos mesmo não o sendo. O realizador é hoje um criador limitado, que se guia não pelo seu espírito criativo, mas pelos conselhos, indicações e até mesmo imposições do produtor. O realizador Tim Burton obteve fortes elogios da crítica, e do público, com as suas adaptações do mítico personagem de comics Batman. Contudo, o produtor da saga não hesitou em trocá-lo por outro realizador quando no segundo filme a sua visão artística se impôs à comercial. O filme seguinte foi desastroso - o excesso de influência comercial ditou uma sequela visualmente aberrante, de essência fraca, de existência parca. A título de exemplo, o realizador de tal filme, viu o seu trabalho ser elogiado em projectos com orçamentos reduzidos, guiões mais sérios e mais originais. Nestes é a opinião e decisão criativa do realizador que imperam.
Actualmente, a indústria ressente-se com a sua própria ambição. O comercial do cinema mostra as suas fraquezas e debilidade, sendo cada vez mais frequentes críticas às imposições que ele dita. A excessiva expectativa criada em volta de um êxito comercial dá, por vezes, lugar à desilusão e ao desencanto do público quando o filme não corresponde às expectativas criadas. Infelizmente, por culpa do próprio público que cria falsas expectativas levado pelo já natural domínio que parece ter no filme. Provavelmente a prova mais clara de todo aspecto comercial do cinema é a forte tendência da Academia norte-americana de premiar filmes independentes, actores talentosos e desconhecidos e filmes menos comerciais. As nomeações e atribuições de prémios, tentam chamar a atenção para um cinema ignorado, maltratado e que, comercialmente, é prejudicado pela divulgação abusiva de filmes, que os impõe mais que divulgar. Mas também na atribuição dos cobiçados Óscares se vêem cedências enquanto o seu apelo é calado e abafado no meio de mais uma estreia de uma mega-produção. Sinais de uma inevitável crise na sétima arte? Até quando, pergunta-se, se poderá seguir esta tendência. É no espectador que reside a resposta, no espectador que comanda sem comandar, que sendo o consumidor influencia o produto. Nele se encontra a resposta para o problema e, estranhamente, o próprio problema.

sexta-feira, novembro 21, 2003

O Comercial do Cinema

Quando se fala em cinema comercial, a expressão comporta geralmente uma conotação negativa, de uma arte menor, descartável. Não creio que tal associação esteja correcta ou corresponda à realidade do cinema actual. O cinema dito comercial não é necessariamente mau cinema.
Antes de mais importa tentar clarificar o conceito. Quando os seus detractores falam em cinema comercial, referem-se a quê? O que é afinal cinema comercial? Não há, nem pode haver, uma definição de cinema comercial, muito simplesmente porque tal classificação é aplicada aos exemplos mais díspares dentro do mundo do cinema. Qualquer produção americana? Um filme dos grandes estúdios? Depende da publicidade, da notoriedade do filme? Então só por certos filmes terem produções milionárias e uma promoção global, isso faz deles necessariamente maus filmes? É qualquer filme com sucesso nas bilheteiras? Então como classificar produções, à partida pequenas e independentes, (Blair Witch Project; Amélie; Pulp Fiction; Sexo, Mentiras e Vídeo; Trainspotting; Boogie Nights), que se tornaram sucessos mundiais? São também cinema comercial?
O sentido pejorativo da expressão “cinema comercial” vem dum sentimento, comum a muitos ramos da vida artística, de que qualquer autor/projecto que alcance o sucesso, que atinge um público vasto e mundial, representa uma deturpação do sentimento artístico, uma corrupção da “pura” arte, pelo dinheiro. Este preconceito não é, de forma alguma, recente, nem se baseia simplesmente na mesquinhez ou na inveja. É expressão de uma visão da arte em geral, e do cinema em particular, como um mundo restrito, fechado a elites intelectuais. Para os representantes desta visão, entre os quais se encontram, infelizmente, alguns críticos de cinema, os bons filmes são aqueles que se apresentam acessíveis apenas aos cúmplices de um código elaborado e especializado que se mostra hermético a quem não partilha do gosto pela elaboração artificiosa no modo como se filma. Até mesmo quando os novos realizadores tentam inovar, criando formatos mais sóbrios e lineares, organizações mais verticais no modo de apresentar a história, são rejeitados como se menos elaboração significasse menor talento. Por outro lado, quem não se viu já perante um filme onde, à custa de tanto pretenciosismo artístico, se acaba por perder o sentido da história e da mensagem.
Há nalgum cinema, supostamente de autor ou independente, uma vertente de fraude colectiva, um sentimento de impunidade total, onde vale tudo para ser (ou parecer) o mais extremo, o mais ousado. Filmes em que se observa o mesmo plano do início ao fim ou, até, onde apenas se ouvem diálogos sobre um fundo totalmente negro, podem ser, para os críticos, obras-primas, mas não deixam de ser obras absolutamente desprovidas de sentimentos. E a “verdadeira” arte não é mais que uma forma de transmitir sentimentos. Este último caso, o português Branca de Neve, é o exemplo paradigmático da tal fraude cinematográfica. A certo ponto da rodagem, o realizador decidiu, em protesto por divergências com o produtor, tapar a câmara com um casaco e realizar o que restava do filme assim. E mesmo assim, aquilo que não passava de uma provocação, de uma auto-sabotagem deliberada, foi elogiado como um bom filme! A forma como certos filmes, absolutamente incompreensíveis e estéreis, são louvados pela sua, pretensa, qualidade artística não pode deixar de lembrar a velha história em que, embora todos aplaudissem, o rei ia nu…
A verdade é que o cinema, os filmes, são um modo de contar uma história e tanto melhor é o filme quanto mais eficaz for na forma de transmitir essa história. É essa a falha de alguns dos autores que se afirmam “contra” o cinema comercial. Na obsessão de tornarem as suas obras mais profundas e complexas acabam por se perder numa auto-contemplação narcisista que só empobrece o cinema.
Os grandes estúdios americanos preferem apostar em ideias e formatos repetidos, em produções descartáveis de sucesso mais ou menos garantido? É verdade, nalguns casos, mas então como explicar que, dos mesmos estúdios americanos, tenham saído os filmes mais originais e refrescantes dos últimos anos (The Matrix, Memento, O Protegido, Minority Report, Seven, Traffic, The Game, etc)? É verdade que nem todos os filmes que semanalmente chegam às salas ficarão na história, e alguns serão objectivamente maus filmes, mas o grande público é mais crítico do que algumas opiniões deixam a entender e, nem todas as grandes produções são sucessos garantidos, nem todos os filmes ditos independentes estão condenados a audiências modestas.
As críticas de cinema são necessariamente subjectivas e dificilmente se baseiam nalgum tipo de critério objectivo, mas quantas vezes não é notório que há um claro preconceito em relação a determinados realizadores, determinadas produções? A mesma violência excessiva, por exemplo, que é arrasada se vier de um realizador considerado mainstream, é considerada imagem de marca, de criatividade, se vier de um realizador “independente” como Quentin Tarantino, John Carpenter, Kitano ou Scorcese.
Em suma, se é verdade que nem todo o cinema comercial é bom cinema, não deixa de ser injusto reduzir uma variada gama de filmes sobre uma mesma designação, redutora, de “cinema comercial”. É certo que é importante, e tem o seu espaço, o cinema independente ou de autor, mas alimentar a visão dicotómica e maniqueísta de cinema independente/ bom cinema e cinema comercial/mau cinema não corresponde à realidade. Não há nada de errado, antes pelo contrário, em tentar criar filmes que se dirijam a um público vasto e, se uma obra conseguiu captar o interesse de milhões por todo o mundo, isso é algo de relevante e meritório. Ao contrário do que alguns pensam, o público em geral acaba sempre por fazer a distinção entre um bom filme, que traz algo de novo, e um mau filme.
Assim, da próxima vez que nos dirigirmos a uma sala de cinema, antes de julgar precipitadamente um filme por ser “comercial”, o melhor é sentarmo-nos defronte do écran e, à saída, sem preconceitos, dar o tempo e o dinheiro por bem ou mal empregues.

P.S.: Mon ami PM, fico à espera da resposta...

Star Wars, novidades nos DVDs?

Gosto bastante do site Cinema em Casa (que de resto, indicamos nos nossos links) e tem-se revelado uma das minhas melhores fontes no tocante a cinema! Ao Pablo Villaça e a toda a equipa do site os meus parabéns pelos seis anos de vida de um site e os meus mais sinceros votos de sucesso!
Como não gostaria de copiar a notícia, cito-a e indico um link. O leitor, por certo, encontrará aqui mais informações do seu interesse. Mas cuidado, a verdade anda aí, especialmente spoillers da saga!
De resto, posso dizer em palavras escassas que a edição em DVD da trilogia Star Wars original que se aguarda com grande expectativa, poderá sair um pouco antes do último filme. A mesma poderá receber, ainda mais, algumas alterações para se tornar mais coerente com a saga. Se assim for e a notícia se confirmar, a maioria delas parecem-me correctas. E aleluia alguém vai dar um toque naquela primitiva maquilhagem do Imperador Palpatine! E não só... a lista é maravilhosamente apetitosa, mal posso esperar (e acho que o meu leitor de DVDs também não, pelo actual ritmo de uso não pode mesmo esperar)!

Ass: PM

AAC e propinas

Na sequência das maravilhosas intervenções com que o inefável presidente da AAC, Vítor Salgado (aka DODOT), nos tem brindado, propôs agora que se decretasse luto académico, o que implicaria a não realização da Queima das Fitas. Francamente, duvido que até Vítor Salgado seja ingénuo ao ponto de pensar que alguém se importaria com a falta da Queima para além dos próprios estudantes, mas, de qualquer maneira, esta medida está, mais ou menos, ao nível das anteriores, ou seja, patética e inconsequente. Aliás, custa-me a crer que a maioria dos estudantes universitários esteja de acordo com as posições que a academia tem tomado. Afinal não nos podemos esquecer que estas medidas são aprovadas em Assembleias Magnas ou RGA’s cuja participação dificilmente é representativa da totalidade da população estudantil.
Primeiro tivemos direito às manifs e protestos do costume, nada de mais, para dizer a verdade há muito que ninguém lhes dá qualquer importância. A partir daí sim, parece-me que esta direcção da AAC perdeu qualquer tipo de decência. Começou com a triste ideia de invadir o Senado quando estivesse em votação a questão das propinas, de modo a impedir a discussão e fixação das mesmas. O conceito, infelizmente já copiado noutras universidades e politécnicos, é de um desrespeito democrático que chega a ser insultuoso. Realmente é uma fantástica demonstração de espiríto democrático invadir o órgão legítimo de decisão sempre que a maioria votar alguma resolução com a qual não se concorda. Eu gostava de saber o que Salgado diria se, por exemplo, os professores decidissem invadir as Assembleias de alunos para impedir que estes decidissem a sua forma de actuação. Da próxima vez que este presidente da Academia vier pedir uma maior participação dos alunos nos órgãos da Universidade, que se lembre da maravilhosa intervenção que tem tido no Senado.
Mas, e quando se pensava que não podia ficar pior que a actuação no Senado, a direcção da AAC sacou da última jogada, a verdadeira piéce de resistance: fechar a Universidade a cadeado. Enfim, criticar mais esta acção de protesto é tão fácil que, sinceramente, nem constitui desafio merecedor do tempo gasto. Resta, por isso, lembrar que, aquando da eleição do novo reitor, a AAC celebrou um pacto de cavalheiros com o recém eleito reitor, onde se comprometia a não utilizar o encerramento da Universidade como forma de protesto. Ainda bem que são pessoas respeitadoras da sua palavra, senão, ainda poderíamos ver cadeados nas portas das Faculdades…

Love Actually, a crítica que nunca o foi... em tom de crónica

Pois é, problemas técnicos impedirão PM de escrever aquilo que prometia (prometia, repito, não seria... mas isso é outra coisa! cof cof) ser mais uma grande crítica! Pois bem, a criançada decidiu largar os oscultadores (que passavam o novo CD do Avô Cantigas) e ir ver um filme para gente grande... Love Actually (pensavam que falavam do Mystic River ?), O Amor Acontece numa tradução nada-literal à portuguesa.
Pois bem, infelizmente não deu. Ainda ousei um ambicioso plano para ficar duas horas em frente do cartaz do filme e tentar imaginar a história. Bem, não me censurem, pois com cada filme e guião que há para aí, mais valia em alguns tê-lo feito.
Mas que posso eu escrever sobre este filme? Talvez nada... além de ter a Lúcia Moniz!
Não é propriamente (para mim) muito feliz saber que ela fala português todo o filme. Com certeza que o público inglês (tão ou mais fluente que o português no tocante à língua do outro) irá compreender a nossa língua e ficar toda a sua atenção na desconhecida actriz que fala algo entre o árabe e o francês (ou latim clássico, conforme o público seja americano ou inglês) e não no veterano e charmoso Colin Firth. Ou talvez não? E se... se.... os emigrantes portugueses forem um daqueles comic reliefs como os extra-terrestres franceses do Saturday Night Live? Nada como uma cultura estranha para obter uma piada fácil, não? Talvez... como não vi o filme, imagino. E de qualquer modo isto de se falar em português não me parece lá grande ideia pois isso apenas vincará a condição de actriz portuguesa (se fosse francesa ou italiana, isso lá levaria alguns tarados a ver o filme... assim, vão somente portugueses tarados/tarados portugueses) e ao que parece sem grande benefício para a actriz, que tem sido esquecida da lista de créditos do filme em sites internacionais. Papel importante para uma empregada portuguesa? Brincadeira, não? Eu lá achei que no Henry & June (que há parte de 99% do filme até é um bom filme...) a Maria de Medeiros exagerava ao dizer um ditado português em português (quantas francesas - como a sua personagem - o conseguiriam?). Esperemos que eu esteja enganado! Espero estar, para o bem da carreira da jovem actriz (a Lúcia, não a Maria, vinque-se...)!

Ass: PM

PS- Salva-se a presença de grandes e talentosos nomes, na comédia, no drama, no cinema: Rowan Atkinson, Alan Rickman (a meu ver, o Snape definitivo e o que melhor constrói a sua personagem em Harry Potter, o que numa obra como aquelas não é pêra doce) e Emma Thompson que regressa ao cinema (e também, veja-se lá, com Harry Potter) com uma presença sempre interessante e com um toque especial. Que belo elenco! De resto, os outros são também óptimos e famosos actores!

Mr Bean (fotos)

Um look diferente, em Dr Who...


E em Blackadder, maravilhoso...




Ass: PM

Mr Bean

O DVD da semana na revista Visão, de resto, parece ser uma boa semana no tocante a ofertas de DVDs, especialmente em comédia... para os mais jovens, há o original e bem sucedido American Pie (que para mim tem na participação do grande e talentoso Eugene Levvy, o seu melhor).
Ainda não vi o DVD - infelizmente, sem grandes extras - contudo, o filme em questão (Bean) revi-o duas vezes e ainda não estou cansado, provocando-me sempre um riso difícil de parar. Não pela surpresa da piada, mas pelo incrível talento do actor Rowan Atkinson (que tem no seu currículo, ainda, Dr Who, Blackadder e a Bela Farda Azul, além de mais uma dúzia de filmes e um bom número de outras personagens cómicas). É um dos melhores cómicos britânicos, mas que é também camaleónico, consegue ser igualmente na comédia verbal como se prova na segunda série da saga da família Blackadder. No filme, repete a personagem que o tornou eterno para muitos... Mr. Bean, se abordada por outro esta personagem poderia tornar-se extremamente deprimente (afinal, Mr Bean é também um reflexo de alguns medos secretos do nosso subconsciente), pela sua condição. Contudo, o actor Rowan Atkinson é notável no modo como constrói esta personagem e surpreende ao longo de tantos episódios o público. Compreende-se, pois, que na hora de adaptar esta personagem a desenhos-animados, não pudesse haver outro a fazer a sua voz! Rowan Atkinson reencarna o simpático e atípico Bean, numa série de animação de grande qualidade e interesse. Resta esperar para ver se chega a Portugal (a mais recente adaptação das Tartarugas Ninja está já, ao que parece, a ser exibida pela SIC e pelo que pude ver faz justiça à anterior que marcou a minha geração).
No filme, Rowan Atkinson rouba 100% das cenas e não seria de esperar outra coisa. A meu ver, o filme poderia ganhar alguma coisa com a substituição de Peter MacNicol(que se revela relativamente fraco na sua actuação) por um actor mais maduro e capaz como Billy Cristal. Claro que, a presença de Atkison justifica por si só o filme e atrai o espectador, mas a presença de um talentoso Cristal (comedido e ciente do seu lugar, em todos os filmes, quer como protagonista, quer em papéis secundários) deixaria marcas benéficas no filme, que, assim, é recordado meramente pela personagem principal que lhe dá o nome.
Bem, para terminar, seguem algumas fotos do actor no seu fantástico papel... assim como, algumas de outras séries! ;-)

Ass: PM



domingo, novembro 16, 2003

Cantigas...

Na capa da revista Caras deta semana, José Castelo Branco dizia enternecido que alguns prisioneiros tinham até feito "uma cantilena com o meu nome". Pois, não duvido que o tenham feito. Alíás até quase consigo adivinhar algumas das palavras que deviam aparecer associadas ao nome do recém-prisioneiro....

GNR no Iraque 2

Há apenas um senão na actividade dos nossos GNR no Iraque. É que o Iraque deve ser o único país onde o nome Guarda Republicana consegue ter uma conotação ainda mais negativa que em Portugal.

GNR no Iraque

No dia em que a missão portuguesa partia para o Iraque, os soldados italianos que era suposto receberem os recém-chegados militares portugueses sofreram um terrível ataque terrorista que causou inúmeras vítimas. Como era de esperar a oposição nacional protestou, mais por obrigação que por convicção, mas o governo manteve-se firme e os GNR acabaram mesmo por embarcar. Na minha opinião a decisão não podia ter sido outra. Recuar agora era, gostem ou não, vergar-se perante os actos dos terroristas que actuam em território iraquiano. Por mais que se discorde dos motivos da invasão, a guerra (sim, ainda é uma guerra) é agora entre o que resta dos fieis de Saddam apoiados por grupos terroristas e as tropas aliadas presentes no Iraque. O lado da barricada que devemos ocupar é, para mim óbvio, e só se reforça por cada ataque suicida contra tropas aliadas. Aliás estes ataques terroristas, em vez de motivo de repulsa e condenação, têm servido como arma de arremesso contra alguns governos mundiais e o mesmo se passou no momentos do ataque contra os militares italianos. No momento em que se exigia determinação, solidariedade internacional, honra e verticalidade pela certeza naquilo em que se acredita, os inevitáveis Francisco Loução (BE) e António Filipe (PCP) vieram repetir a ladainha do perigo para o mundo e da ocupação dum país soberano. E que interessa que a ONU, a mesma que tanto têm invocado nos últimos tempos, legitime a presença aliada no Iraque e apele expressamente à solidariedade, “incluindo com forças militares”, para o esforço internacional. Diz Louçã que os GNR serão “carne para canhão”. Pois bem, passe o sound byte exagerado do costume, ninguém afirmou que a missão é isenta de perigos, mas a capacidade de estarmos dispostos a arriscar vidas (o meu louvor aos voluntários) em defesa dos nossos valores é uma das coisas que nos distingue da cegueira do fanatismo terrorista. Esquecer convicções, hesitar, ceder no momento da primeira dificuldade, tem um nome, cobardia, e francamente esse é um epíteto que não me parece condizente com Portugal. Se é verdade que nos encontramos juntos na luta contra o terrorismo internacional, então que se honre essa convicção com a participação na tentativa de normalizar Iraque.