O Diva de Portugal

Que há para dizer? Isto é um blog... Ah, sim! Se quiserem entreter (vulgo, contactar) alguns dos desocupados que fazem isto, usem os e-mails da Beatriz, da Inês, ou do Joao.

sexta-feira, dezembro 19, 2003

Palavras por dizer, por escrever, por ler

Máquina de guerra, criação de desumana gente.
Bombarda negra, besta alada.
Máquinas de guerra, de paz roubada.

Guerra, és palavra sem amor
Guerra, mais que palavra és sinónimo de dor

Fortaleza secreta dissimulada, águia armada,
Poderosa frotilha as ondas tomando,
Mil hostes para o combate marchando.
Máquinas de guerra, de paz roubada.

Ass: PM

O Regresso do Rei

A geração dos meus pais foi a geração de 2001 Odisseia no Espaço; Star Wars; A Laranja Mecânica; etc. A partir da noite de ontem terminaram as dúvidas: a nossa geração é a geração O Senhor dos Anéis. Step aside Matrix, Harry Potter, Star Wars Episode I e afins. O Rei regressou e não tenciona abdicar do lugar de fenómeno cinematográfico da viragem de milénio.
Quando se sai de um filme que durou 3 horas e 20 minutos e se pretende escrever algo, o mais difícil é mesmo saber por onde começar. As batalhas? A produção exemplar? O fabuloso lote de actores? Os efeitos especiais? O argumento? Há tantos e tão bons momentos de cinema, que a minha mão ainda treme com a excitação da batalha de Minas Tirith e hoje acordei com o som das trompas de Rohan na cabeça. Mas vou, por breves momentos, retirar a capa élfica dos ombros, tirar a minha réplica em tamanho real da espada Anduril do cimo da secretária e evitar olhar o desktop do meu PC que grita The Lord of the Rings em letras douradas. Sim, espero que, ao contrário de Gollum, a personalidade de crítico (?!) consiga vencer a personalidade de fã incondicional.
O filme começa, tal como os outros, sem nenhum tipo de sinopse dos episódios anteriores, e a primeira cena mostra-nos a evolução do rechonchudo hobbit Sméagol para a esquelética aberração chamada Gollum. Gollum esse que devia valer a Andy Serkins e aos magos da animação que o criaram, todos os Óscar’s técnicos. A partir deste breve flashback, a história desenrola-se seguindo as aventuras de Fodo, Sam e Gollum a caminho de Mordor; e de Aragorn, Gandalf, Gimli, Legolas, Merry e Pippin na defesa de Gondor e dos povos livres da Terra Média. Assim, o filme vai-se desdobrando por estas duas histórias paralelas. As partes que dizem respeito ao portador do Anel e acompanhantes valem sobretudo pela dinâmica entre as três personagens: Frodo, que se arrasta penosamente com o peso do Anel sobre si; Sam, que se acaba por revelar a personagem mais heróica; e Gollum, levando as suas duas personalidades consigo e afirmando-se definitivamente como a melhor personagem virtual já criada (lembram-se duma coisa absolutamente inane de nome Jar Jar Binks?). As partes que acompanham a guerra de homens e elfos contra Sauron, desenbocam em dois momentos de clímax: a batalha às portas de Minas Tirith e a batalha às portas de Mordor. Em ambas as batalhas, Peter Jackson, preferiu dar uma visão mais espectacular e avassaladora da brutalidade da guerra em detrimento de se concentrar nos inúmeros dramas à escala humana e acaba por se sair muito bem. Não teremos a visão da angústia de cada guerreiro antes da batalha, mas a acção, os planos, as coreografias (os olifantes!) são de tal modo grandiosas e espectaculares, que ninguém consegue deixar de sentir um frémito de entusiasmo na espinha. É também justíssimo realçar o maravilhoso trabalho de produção ao nível de guarda roupa (as armaduras e demais uniformes) e cenários (Minas Tirith). A trilogia termina em beleza neste filme, que é uma homenagem em forma de epopeia aos velhos valores marciais: lealdade, coragem, honra, amizade, dever e sacrifício.
Enfim, chegará o dia em que tudo o que teremos serão comédias de adolescentes, romances melosos e aventuras hiper-digitais. Chegará o dia em que o cinema perderá toda a intensidade literária e só teremos imagens virtuais e personagens descartáveis. Esse dia chegará, mas não será hoje, porque hoje é dia de Senhor dos Aneís.

Barba Azul, reconstruindo o mito

Mais um conto, meu, para o ninguém, escrito pensando em alguém. Reconstrui Barba Azul, revisitei-o e nele achei este texto, memórias de apontamentos que numa caixa - antes vazia, agora cheia - deixei.

Ass: PM

"A sala estava escura, demasiado escura, as paredes pareciam tingidas de negro, mas não eram. Apenas pareciam, tudo ali era aparente. O conforto, o calor, os livros lidos, os papéis na mesa estendidos supostamente escritos, supostamente testemunhas de sentimentos sentidos. Tudo, ou quase. Ele era real, ali mirando o fogo que ardia na gigantesca lareira que mais que pelo seu tamanho, que pelo parco calor, enchia aquela sala, tomava-a, dava-a por sua e sua somente. A fogueira ardia, queimava a lenha, tornava-a cinza, sombra da árvore altiva do jardim desguarnecido pelos anos de frio. A brasa gemia, saltava, tentava alcançar o rosto seco, vermelho, quente, mas de coração frio, sem humana emoção, quase que sem vida. Fitava apenas, sem nada pensar, nada ousar dizer ao silêncio. Atrás dele surgiu um vulto, no escuro, que a sala não revelou, não anunciou, sem cortesia, mostrou em inglória forma, sombra de irregular contorno de injusta representação. A sombra de gente curvada, de gente pelo tempo tomada, de gente calada e quase que morta, quase que a vida rejeitando e a morte aceitando, abraçando, dando por sua e por visita em justa e certa hora. Gente fingida, parecia. Mas não seria, o seu rosto não o mostra, não o afirmava. Era mulher idosa, é certo, mas de feições delicadas, com sinceras emoções. Pegou no tabuleiro rebuscado em chá rudemente tomado, virou-se e saiu, muda, calada, ocultada pela penumbra da macabra divisão de velha e desconfortável construção. O homem não se moveu, quase morto, quase no pensamento absorto, não fosse o facto de não estar nem morto, nem pensativo. Estava apenas ali, no cadeirão estendido, em posição de falsa serenidade, de falso descanso. Não o merecia, nem o tinha. O pensamento não o ousava ter, pois sabia que com ele apenas podia sofrer, era o que lhe restava, era o que podia ousar esperar após o seu ingrato acto, após sua ingrata vida, após o pecado com a amada traída, que entretanto a só vida lhe deixara como único consolo. Nem aquela mulher, sombra amiga, lhe falava, trabalhava, a comida cozinhava, ali punha e, depois, o tabuleiro levantava. Mais nada. Não era confidente, não era pessoa existente, era quase omnipresente, quase que verdadeiramente ausente dali. O homem, continuava sentado. Como velho era, notou-se, por escassos momentos, quando a fogueira violenta rugiu e os galhos quebrou, sobre as brasas desabou e a sala iluminou. Sim, era velho, de rosto rugoso, de sobrancelhas fartas, de nariz largo e comprido, de bochechas magras, de olhos de verde perdido, de vida vivida e jamais reflectida. A face magra, quase esqueleto com retalho de pele enrugada mascarado. Vestia um velho roupão, de vermelho escuro, de vermelho quase sujo, de vermelho que naquela penumbra era preto assumido. Em volta do magro corpo, frágil, enfraquecido pela idade ingrata, pelo tempo desperdiçado, se estendia, o tornava volumoso, quase formoso, quando, na verdade, era trapo velho dentro de trapo velho. Levantou-se, pegou na bengala, esculpida por ninguém para alguém e que mais não fazia que suster corpo pois a alma, isso, não conseguia e a esperança, podre, pela caveira escorria, no chão se espalhava, no chão se desfazia e, assim, ali e aos poucos se perdia para não mais regressar, para não mais ao velho corpo retornar, para não mais voltar. As magras mãos com pêlos curtos, brancos como os da calva careca, tacteavam trémulas e hesitantes a cómoda a escassos passos do cadeirão de pele velha, procuravam algo. Acharam, por fim. A castanha moldura, com os quatro cantos reforçados com metal sujo, quase ferrugento pelo tempo, pela humidade, pelas lágrimas nas mãos que a pegaram. Nela, escassamente iluminada pelo laranja rude da lareira fria, uma fotografia amarelada, a preto e branco, um jovem de tenra idade, quase homem feito. Sorrindo para alguém, com outro a seu lado. Ele olhou a moldura, com a manga rota limpou-a e acariciou com os curvados dedos o vidro, a fotografia nela protegida. Pousou-a... fitou-a, abandonou-a, de novo, ali quando o seu olhar se voltou para a porta entreaberta e o corpo lentamente para ela rumou, a sala abandonou.
- Partiram e deixaram-nos o mundo... – disse em voz rouca, velha, cansada, com esperança nenhuma, de coragem abandonada – Deixaram-nos o mundo? Ou ao mundo? Quem sabe, eu não. E mais ninguém poderia saber, mais ninguém poderia entender, perceber. Nem eu, que os deixei partir e nada pude sentir, que às palavras apenas pude fugir, enquanto a emoção me dizia para não o fazer e a razão, concordando, me dizia para retroceder, para o meu erro entender e corrigir. Mas não, nada pude fazer, senão fugir ao pensamento, ao humano sentimento. Fugi, em suma.
E a porta fechou-se, deixando a sala vazia, fria, sozinha com o seu silêncio apenas interrompido pelo não ser que é a fogueira e pelo seu lamento sem sentimento. Ali, com a fotografia, velha, quase que rasgada, não fosse a moldura acastanhada."

Barba Azul, não tem doce rosto,
Nem doce voz, nem altivo posto.
É nas palavras, por vezes, injusto,
É sincero com grande custo.

Senhor dos Anéis – O Regresso do Rei (1)

A música é um dos pontos altos deste terceiro filme de uma trilogia que há três anos fez acordar um mundo para uma obra épica única em estilo, complexidade, no que apresentava. Tolkien ganhou novos fãs, reencontrou antigos admiradores, viu renascer e formarem-se novas hostes deles e assumindo-se outra, antes secretas, abertamente. Parecia uma verdadeira chamada para o combate a que muitos responderam. Não terá sido de espantar, afinal, foram gastos perto de 200 milhões de dólares em propaganda, quase tanto como o custo inicial da produção da trilogia! Mas falava da música, um prato forte não haja dúvida, composta com grande mestria e talento por Howard Shore e que vê neste terceiro filme o ponto alto da sua utilização, mais, da sua rentabilização. É neste filme que as músicas são usadas em pleno, conjugando-se um pouco do que fora produzido para os anteriores filmes e mais alguns temas novos.
A realização, essa, é energética o suficiente para fazer de um filme como uma duração superior a três horas (mais de quatro, na sua edição original) uma rápida e leve aventura que prende a atenção e toca no fundo cada sensação o espectador. É competente sim, porém, peca em alguns pormenores que resultam mais de um guião que infelizmente desaproveitou momentos e personagens extremamente produtivos (Boca de Sauron terá sido um dos casos). Gimli torna-se um alívio cómico demasiado utilizado, resulta, mas cansa e retira um pouco de dignidade e misticismo que rodeavam a personagem de John Rhys-Davies (que desde Indiana Jones e a Última Cruzada - com o seu Sallah – não tinha um personagem tão afável e divertido). Denethor é quase que esquecido, sendo uma mera sombra do que podia e devia ser.
Quanto á fotografia, é um delírio visual de lúcida criação de génio com extrema razão. Ora com tons luminosos e vivos, ora jogando com a penumbra, o alaranjado e o escuro o trabalho com os planos e cores é mais que perfeito ajudando a sobressair o esplêndido trabalho na área dos modelos, do qual a maquete de Minas Tirith é um exemplo de perfeição sem crítica possível.

No tocante aos actores, destaco Sam (Sean Astin) que sobressai do trio (formado com o virtual Gollum e com Frodo) ao dar uma verdadeira lição dramática ao (demasiado) contido Elijah Wood e evitando tornar-se um mero estereótipo/alívio cómico. Destaco, igualmente, Aragorn e Gimli que, apesar de tudo, são os mais competentes nos seus papéis num elenco de desconhecidos que mostram por que o eram, ainda. Curiosamente elogio estes, que são quiçá dos mais sub-aproveitados. Isto é, se desconsiderar o trabalho impressionante e revolucionário de Andy Serkis cm o seu Gollum. Resta uma certa ideia que o elenco poderia ter ganho com certos nomes, não só pela sua sonância como pelo talento que ajudou a construi-la. Falo de um inicialmente previsto Donald Sutherland no papel de Gandalf, ou de um magistral e cuidadoso Daniel Day-Lewis (inicialmente convidado, tendo recusado) e mesmo uma dama em beleza e talento como é Uma Thurman que seria evidentemente Galadriel. Gostaria, ainda, de acrescentar um nome a essa lista, a densidade psicológica do Mordomo de Gondor, Denethor interpretado por John Noble, foi captada apenas superficialmente, ficou aquém do que poderia render nas mãos de um actor experiente e categórico e normativo na construção de um papel crucial para entender o porquê daquela situação, gostaria de ter visto Jack Nicholson nesse papel.
Em suma, é um bom filme, não o melhor. A trilogia vê no primeiro livro e filme uma história mais calma, mas que ganha mais pelo tempo que permite para desenvolvimentos que a consolidam e tornam coesa e racional. Analisando toda a trilogia, é clara uma coisa: os efeitos especiais dominam e é para eles, claramente, o papel principal na trilogia.
Que esperar? Talvez o DVD que permitirá uma mais competente e justa análise do colossal trabalho de Jackson numa colossal adaptação de uma colossal obra, como é a de Tolkien. Este, sim, permitirá uma análise realista da trilogia e um contacto mais próximo da visão do realizador neo-zelandês acerca da obra. Resta esperar King Kong (já em 2005!) para o qual Peter Jackson parece estar mais que apto e capaz de levar o filme a um bem sucedido remake. E que outros se sigam!

Ass: PM


PS1- Notei, com alguma tristeza, a ausência do trailler de Spider Man 2...

PS2- Ponto alto do filme foi, também, a companhia e, admita-se, a feliz ausência de catervas de crianças lutando entre si com pipocas e imitando arrotos orc, ou não fosse aquele um cinema do Paulo Branco.

Senhor dos Anéis – O Regresso do Rei (2)

O Melhor:
1- Fotografia de Andrew Lesnie com os seus rebuscados jogos de tons e os cenários, em especial Monte da Condenação (o magno vulcão) e a (não tão) eterna fortaleza de Sauron, Barad-dur
2 – Rei Bruxo numa armadura soberba
3 – Gollum
4 – Bestas aladas (melhores que n’As Duas Torres)
5 – Sequência inicial com Andy Serkis ao natural (não nesse sentido, suas mentes pecadoras)
6 – Banda sonora compilando o melhor dos três filmes
7 – A beleza natural dos cenários
8 – Beijo entre Aragorn e Arwen (alguém duvida que aquilo servia como catché?)
9 – Alguma tensão homossexual entre Frodo e Sam (a comunidade gay agradece)

O Pior:
1 - Ausência de Boca de Sauron (ainda que provavelmente, segundo o próprio Peter Jackson, apareça nos extras do DVD e com uma maravilhosa armadura, diga-se)
2 – Morte de Gollum (além de ser empurrado... quem é que sorri ao ser desfeito numa corrente de magma? mesmo um louco como ele...)
3 – Cenas da batalha (o prometido nem sempre é devido, as quantidades de homens deixam a desejar tornando a batalha crucial d’As Duas Torres bastante pária)
4 – Queda de Sauron (fiel às próprias palavras de Tolkien mas aquém do que se podia imaginar)

As Agradáveis Surpresas:
1 - Ausência justificável de Saruman
2 - Ian Holm com o seu Bilbo idoso mas sorridente e engraçado
3 - Certas opções técnicas e criativas de Peter Jackson e sua equipa

As Desagradáveis Surpresas:
1 - Exército dos Mortos em Minas Tirith
2 - Certas opções técnicas e criativas de Peter Jackson e sua equipa

Ass: PM

quarta-feira, dezembro 17, 2003

Carnavalesca interpretação da humana emoção

É um pequeno desafio, interessante de se desafiar e de se ser desafiado. Desafio, palavra amarga e injusta para construir, criar, escrever, uma página encher partindo do quase nada, mas do tudo nesse pequeno nada contido. Partindo de uma mágica frase, pelas palavras sem primeiro significado, sem propósito derradeiro, sem certo destino ou escrito fim.
E escrever pode ser deixar falar a emoção? Talvez não, talvez sim, talvez talvez. Não é deixar, mas sim não limitar. E que diferença faz? Muita. É admirar a criação e não nos limitarmos à parva e inútil contemplação (que no seu inocente erro mais deve à emoção que à lúcida razão), é assumirmos nela o nós, o eu de cada um. É assumirmos e gritarmos nas sonoras e sensíveis palavras que sim, que admitimos, que assumimos, que consentimos e repetimos o que a emoção sem moderação, sem condição imposta, exprimiu. É não responder com respostas vagas, com ironia de insonoro cinismo, com olhares vazios, com virares de faces coradas, nem mesmo com gaguejares, com palavras de nenhum, com cantigas, com graças e com jejum de ideias e coragem.
Há que escrever, já o disse e agora repito, mas escrever para nós, com sentimento, com sofrimento é certo, com prazer de ver e admirar o que se acaba de criar, o que saiu dali, o que se encontra ali, o que significa aquilo e o que se fará daquilo. Ler, escrever, admirar, criar, recriar, aperfeiçoar. Regras básicas, que todos sabemos, todos cremos como certas, todos entendemos, todos percebemos, mas todos esquecemos. Não o esquecer de quem percebe mas quer outro rumo tomar, mas de quem percebe mas a mais não se atreve.
Escrever banalidade, sem originalidade, sem sentimento, sem sinceridade tudo erro. Escrever por escrever não será pilar central, escrever para o derradeiro leitor de nós, isso sim, é. Reler, é o que se deve também fazer, pois ao fazer isso neste texto se encontra a resposta para quem é o derradeiro leitor de nós.

Ass: PM

segunda-feira, dezembro 15, 2003

Dr. Octopus revealed

Finalmente, o trailler de Spider Man 2 está online, recomenda-se a visita ao site. Em maior formato só a partir de quarta-feira com a estreia do terceiro episódio da trilogia O Senhor dos Anéis. Revelou-se e bem Alfred Molina com o seu Dr. Octopus, confirmaram-se as informações do Cinema em Casa e optou-se por uma cena atraente e visualmente imprevisível com Peter Parker e Mary Jane. Dr. Octopus é visualmente uma maravilha, sendo que os seus tentáculos são uma mistura de animação a computador (CGI) e marionetas mecânicas sofisticadas. O realizador Sam Raimi optou por um visual agressivo mas realista, sendo que Octopus veste roupas normais, sem qualquer sofisticação e que seriam as mais indicadas para um homem que fugiu do hospital na sequência de um violento ataque dos seus tentáculos (que mesmo tendo cada um a sua personalidade têm em comum não quererem ser separados do seu hospedeiro) à equipa cirúrgica que os tentava remover. Pode-se, ainda, acrescentar que os tentáculos terão funções diferentes, câmaras de vídeo incorporadas (parecendo que os óculos têm algo a ver com isso, já que Alfred Molina usa-os na cena em que exibe os tentáculos).
E finalmente, a 9 de Julho 2004, sete dias apenas após a estreia nos EUA, Spider Man 2 estreará em Portugal.
Até lá, este primeiro trailler e uma selecção da equipa do Divã (não parece, não? somos profissionais...) com alguns screenshots do trailler.

Ass: PM

domingo, dezembro 14, 2003

Paixões

Há dias uma colega perguntou-me, em tom de brincadeira, se não havia maneira de fazer com que as pessoas se apaixonassem por nós. Respondi-lhe que existia uma solução 99% eficiente: tornar-se rica. Como esperava, a dita colega mostrou-se indignada q.b. e tentou convencer-me da existência de sentimentos que “valem mais que outros”. Foi a deixa que esperava para poder tentar desmontar pela 4900000ª vez aquelas bácoras do “amor genuíno” e da “beleza interior”. Por alguma razão inexplicável, a maioria das pessoas que encontro, sobretudo raparigas (perdoem-me o chauvinismo), tendem a abespinhar-se quando confrontadas com a evidência clara da influência que o nível socio-económico de alguém tem na atracção que sentimos por essa pessoa. E mesmo quando lhes é impossível negar tal evidência argumentam que o “verdadeiro amor” (?!) não tem nada a haver com factores como o aspecto físico, o nível de vida ou a classe social. Meus amigos: é ÓBVIO que tem tudo a haver. E quando alguém vos tentar impingir a filosofia Pocahontas de que há algo de errado com a mera atracção física ou com o fascínio pela dolce vita, mandem-nos passear dizendo que vão sair com a Cameron Diaz. Mas vamos por partes: beleza física. Essa tanga da beleza interior foi obviamente inventada por uns camafeus ressabiados por não terem arranjado par no baile de finalistas. Porque é que se eu me apaixonar por uma intelectual inglesa é amor verdadeiro mas se preferir a Liz Hurley já não é? A beleza exterior é algo de fantástico. A capacidade de apreciar, reconhecer e tirar prazer da mera observação da beleza estética é uma das capacidades mais valiosas e fascinantes que o Homem possui. E é um absoluto crime contra a Humanidade abstermo-nos de apreciar a beleza do corpo humano. Aliás, não deixa de ser curioso que seja valorizada a capacidade de apreciar o belo num quadro, numa fotografia, numa paisagem ou num filme, mas seja repreensível que um homem (no meu caso) escolha a sua companheira com base na sua beleza.
O outro ponto de discórdia é a atracção pelo nível social de uma pessoa. Este é um ponto ainda mais difícil de rebater, de tão habituadas estão as pessoas às histórias melosas da gata borralheira e afins. Um príncipe? Apaixonar-se por uma empregada sopeira? Pois,pois…Só uma lobotomia mal conduzida é poderia explicar tal atracção (ou então era uma empregada MUITO bonita). É absolutamente normal que o poder económico seja um factor de atracção. E com isto não me estou a referir àqueles casamentos onde os maridos, ricos e velhos, morrem rapidamente, deixando as suas fortunas às inconsoláveis viúvas. Nada disso. Simplesmente uma pessoa com mais dinheiro tem acesso a todo o tipo de vivências, experiências e objectos que tornam um ser humano mais interessante. Como é que esperam que eu me apaixone por uma peixeira do Norte cuja principal actividade cultural é o Vidas Reais e cuja história mais fascinante é uma viagem de autocarro a Braga, em detrimento da herdeira de uma fortuna bilionária que visitou todas as culturas do mundo, é uma consumidora ávida de livros, cinema, teatro e arte; já conheceu inúmeras personalidades fascinantes e tem uma vida acelerada e apaixonante? Dir-me-ão que “o dinheiro não traz felicidade”. Pois não, simplesmente por que não existe tal coisa como “a felicidade” integral e absoluta. Mas todas aquelas coisas que podem tornar a nossa (única) vida mais fascinante e recheada de momentos felizes estão relacionadas com ter, ou não, dinheiro. Incluindo as pessoas que se apaixonam por nós.