O Diva de Portugal

Que há para dizer? Isto é um blog... Ah, sim! Se quiserem entreter (vulgo, contactar) alguns dos desocupados que fazem isto, usem os e-mails da Beatriz, da Inês, ou do Joao.

sábado, outubro 11, 2003

Dogville III

Lars von Trier, polémico e sincero, eis como se apresenta o realizador de Dogville numa entrevista que o suplemento cultural - Única - do semanário Expresso desta semana. A entrevista publicada, parte integrante de um conjunto de artigos que analisam este filme, aborda a questão da realização do polémico filme que tantos aplausos obteve em Cannes (consta, inclusive, que tais críticas foram decisivas para a distribuição do filme no mercado americano). Uma entrevista interessante e que lança alguns detalhes curiosos, como o facto de a versão original ter 3 horas de duração, ter sido o próprio realizador a filmar os actores ou ter havido grande espaço para o improviso.
Um interessante complemento para compreender certas opções... inclusive, algumas referências ao facto da actriz Nicole Kidman ter tido algumas divergências com o realizador e ter ficado chocada com o resultado final (não é um filme feliz, deveras).

Ass: PM

Dogville II

Tenho que confessar que sou um apreciador de cinema, o DVD é nesse ponto uma grande ajuda ao cinéfilo por trazer algo mais (porque não fazer o mesmo em VHS? afinal não são poucos os que estão limitados a este formato).
Este poster agradou-me, creio que não foi distribuído em Portugal, mas lembra muito alguns cartazes de teatro e mostra numa forma curiosa as personagens do filme, pelo menos as principais. Faltaram algumas emblemáticas, que roubam algumas cenas, como um certo rapazito como uma paixão nada platónica por Nicole Kidman. Mas não revalarei mais...
Desde já aconselho os seguintes endereços para mais informações sobre o filme:
http://www.adorocinema.com/filmes/dogville/dogville.htm
http://www.cinema.art.br/not_cinenews_filme.asp?cod=1445
E eis o poster...

Ass: PM


Dogville I

Dogville. Um nome que poderá dizer pouco ou muito, o facto de na pequena apenas vislumbrarmos um cão no final do filme - ainda que sempre presente de uma maneira bastante curiosa - funciona como uma metáfora. O cão não é elemento essencial para a nomeação daquela terra como Dogville, mas uma representação da condição dos seus habitantes.
Não vou falar da história, essa merece ser contada pelo realizador, pelos actores numa rara performance que lembra quase uma peça de teatro. Aliás, à excepção da presença crucial no narrador, a o filme funcionaria bastante bem no teatro.
Um filme rodado na sua totalidade na Suécia, num único e gigantesco cenário que muito lembra o vazio mas funcional palco do teatro, teve um custo de produção de apenas nove milhões de dólares. O realizador dinamarquês Lars von Trier, um adpeto confesso do movimento cinematográfico Dogma 95, usou câmaras digitais de alta definição para obter uma perspectiva mais próxima, realista e dinâmica da acção. A câmara treme bastante nos primeiros minutos, mas se inicialmente parece um mau trabalho de filmagens, no final compreende-se que à medida que o filme se desenvolve os planos tornam-se mais rígidos e frios, menos dinâmicos, acompanhando a degradação da personalidade de Grace. De resto, a influência do cinema Dogma está presente ao longo do filme (dividido em nove capítulos e uma breve introdução e como num livro, narrado) seja pelos parcos efeitos especiais (mesmo a sequência final do incêndio recorre a meros, mas credíveis, jogos de luzes de palco), pela imagem tremida, pelo filme de autor, pelo carácter natural e emocional do filme.
Não é um filme fácil, pode surpreender mesmo a ausência de cenários, mas esta torna-se funcional há medida que compreendemos que Dogville é as suas gentes e que os sentimentos de todos estão a nu, por mais que tentem escondê-los. Desde o condutor, único elo de ligação com a cidade que esconde as suas fugas até ao bordel mais próximo, o protagonista, qual filósofo frustado, o velho cego que se esconde em casa na ânsia de esconder a sua cegueira à comunidade que sempre a reconheceu, etc.
De destacar as interpretações, de Nicole Kidman como Grace, uma personagem vítrea que se transforma num mero objecto e nome ao longo do filme e que foi interpretada com grande rigor e perícia pela actriz australiana, num filme independente que tão bem lhe assenta; do britânico Paul Bettany com o seu enigmático personagem Tom que no final se mostra igual aos outros que repudia; Jeremy Davies que Steven Spielberg mostrou com o Resgate do Soldado Rayan e que repete a personalidade introvertida e reprimida que vimos em Solaris, ainda que sem tanto destaque; um recuperado e inesperado James Caan como o homem que procurava Grace, o seu próprio pai. Aliás, ele é mais que todas as outras personagens um juíz de valores e é a peça essencial para a reviravolta no final em que numa atitude supreendente vinga-se dos habitantes de Dogville. De destacar também a interpretação de Ben Gazzara como Jack McKay, cujo cego é uma doce interpretação que nos faz esquecer a medíocre de Sofia Alves numa certa telenovela, e que nos mostra que mais que cego, este homem se negava a ver a sua condição e era cego perante o que ninguém via, mas que se sentia. Um cego de alma, portanto, cujo olhar não é mais que uma representação de tudo resto, um homem perdido de si mesmo, cujas conversas sobre a luz remetem para tempos alegres em que não só via, como sentia. A narração, a cargo do veterano John Hurt, faz o resto e permite que a passagem de uma Grace enigmática e simpática para uma figura manipulada e sentimentalmente reprimida se faça de uma forma sustentada. A degradação emocional da personagem agrava-se com a degradação física, quando é violada sucessivamente por grande parte da comunidade masculina de Dogville (contam-se pelo menos três cenas, que apenas ajudam a agravar a sensação de impotência da personagem perante a situação, algo que só acaba com a chegada de Caan e dos seus gangsters). Curiosamente, a personagem Tom que se apaixona por Grace é o único a não consumar o acto, mas acaba por a violar psicologicamente, o que culmina num trágico filme para ele, quando a vingança da anti-heroína se inicia.
Não é um filme para todos os gostos, mas aconselharia a quem tiver coragem de contactar com o cinema da linha Dogma 95, numa forma mais ligeira e não totalmente radical do que se vê nos restantes filmes. Nicole Kidman, vale por si só, o bilhete.

Ass: PM

sexta-feira, outubro 10, 2003

Feadback

Já diziam que um site não é nada sem o backgrond, o know-how e o feadback do visitante. Pois bem, com grande orgulho transcrevo na íntegra o primeiro (e único!) mail com uma opinião acerca deste blog. A opinião, bastante elucidativa, vem da nossa caríssima leitora, Ludosina Baldaia de Faro.
Desde já, convido a mandarem as vossas:
pmpm113@hotmail.com

Ass: PM

"Caro Tó Jó,
Como vais?
Aqui o tempo em Faro está mau, creio que as couves da horta não vão crescer convinentemente! Mas acho que podia ser pior, afinal os senhores dos codóminós já me tinham dito que não podia fazer a horta no jardim do prédio. Mas compreendem eles lá o que é deixar a horta da aldeia e vir aqui para a cidade? Bimbos da cidade, digo-te!
Bem, é para dizer que já não dá para ir a Lamego fazer um volta de helicóptero, é que aquilo lá está muito mau, parece que descobriram o negócio. Assim, sugiro que as grades de cerveja e as duas caixas de gambas congeladas sejam gastas noutra altura!
Beijos da sobrinha sempre amiga,
Ludosina Baldaia

PS- E como ficou aquele problema do teu BMW? A matrícula suíça já não dá problemas com a BT?"



quinta-feira, outubro 09, 2003

A cura para o cancro

Meus senhores,
Houve um engano! Os Nobeis de Medicina e Química foram mal atribuída, deviam tê-lo sido a mim, Pernicoto Maltoso. Porquê? Pela minha incrível descoberta! A descoberta do século, a cura para o cancro! E estava aqui ao lado...
A cura para o cancro é... ta ta ta (trompetas da feira da ladra a tocarem)... o suor dos trabalhadores da câmara!
Não acreditam? Ora vejam este cartaz que encontrei aqui na minha rua, prova tudo!

Ass: PM

Conto medieval

Mais um conto publico aqui, curto, sentimental, penoso. Conto de lugar incerto, sobre distante época, sobre sentimento que não é estranho. A dúvida do cavaleiro não é somente sua, é de muitos. Mas qual é a sua dúvida? Ele duvida, isso é certo.

Ass: PM

"Olhos de insano brilho, de doentia condição, que reflectem perturbado sono pela doença maldita que torna aflito o grito seco da noite. Maldita doença que com maldosa voz convida ao sono e a vivacidade rouba. E ele tenta evitá-la, ignorar seu chamamento. Porém, cedo descobre que imponente está perante a invisível ameaça, que por estar dentro de si não a destroi pois sente-a como parte de si e amando-a, não a odeia, apenas se apercebe do mal que lhe compete. Feitiço natural, de natural condição. Sofrimento mais não devido do que à infernal visão de sonho em pesadelo tornado.
O cavaleiro nada queria, nada sentia, nada evitava, tudo aceitava como certeza, pois nenhuma tinha, apenas lhe restavam dúvidas, secas e mudas. Nada sentia, nada era. Era o cavaleiro perdido, da sua batalha, da sua derradeira missão, da sua eterna paixão, reencontrada em sangrenta demanda. Demanda que lhe roubou tudo, que trocou a felicidade pela pena, a amizade pela solidão, a paz pelo ódio da perda. Perdido estava, sem sentido, sem missão, sem paixão certa, só e estranhamente acompanhado pela aquela ingrata dúvida. Dúvida, a insana questão que toda a sua existência dominava e tomava para si. Não tinha voz ou humano pensamento, apenas dor entre o coração parado, preso a alma mutilada por dolorosa visão.”

O Terceiro Elemento

Mais um, para a infernal máquina da crítica...

O terceiro elemento
O estranho que aguarda o seu momento
Tarda em aparecer
E as suas mensagens escrever

Ser de estranha condição
Elevada posição
Invulgar opinião
Que critica com imensa paixão

Aguardamos... o terceiro elemnto, o terceiro blogista, o que nenhum esperava, os que todos queriam. O sério entre o cómico e o perdido. A voz da razão, na crítica incerta. Em breve! ;-)

Ass: PM

quarta-feira, outubro 08, 2003

Jantar na Idade Média

Descrubam a incoerência, em mais uma piada home made by Divã team.

Ass: PM

Estava uma família na Idade Média vivendo na sua casa de duas divisões (alugada ao senhorio, Lorde Almôndega Quadrada) quando o filho mais novo pergunta à mãe:
- Oh mãe (voz de filho mais novo de família da Idade Média), que é o jantari?
E a mãe responde:
- O jantar, filho?
- Sim...
- O jantar está quase, é frango com batata frita!
- Mas isso ainda não existe!
- O quê? Mas que chato que és! Olha se não queres jantar, vai amoar ali para ao pé da televisão. Deve estar a dar algum comentário no Odisseia sobre filhos que não querem jantar!

--> Pois é, como todos devem ter descoberto, na Idade Média não havia casas com TV Cabo! Era tudo Cabo Visão e parabólica!

Paulo Pedroso

Finalmente, ele saiu, após meses de isolamento do exterior! Falo... não, não falo de mais um concorrente do BB 60.0000... falo de Paulo Pedroso!
Pois é, afinal descobriram que não havias motivos para o ter preso... espera aí, espera aí... demoraram todo este tempo para descobrir que não tinham motivos para ele estar preso? É que me parece que quando o prenderam tinham, para onde foram? Parece-me, que alguém andou a limpar alguma bor... com esse papel.
Deviam mas era pedir à estudantada se repetia a oferta de mais de 3.000 rolos de papel, talvez ajudasse... (alguém me explica como se pode dar 2 mil euros para papel higiénico e recusar as propinas?)

Ass: PM

A Casa das 4 Mulheres

Sim, vão uma, duas, três e quatro. Eles caem, elas se levantam. O Governo tem duas novas integrantes, a ministra do Ensino Superior e a dos Negócios Estrangeiros. Creio que é por ventura o Governo português que mais mulheres tem como ministras. Se considerarmos a recente escolha da Governadora Civil de Lisboa para secretária-de-estado, temos que reconhecer que algo muda. Esperemos que mude por bons motivos e que resulte em boas consequências!
Sucesso para a equipa governamental!

Ass: PM

PS- Já viram se fosse a Ana Gomes do PS? Santos Deus... nem sei onde foram desencantar aquela (Jacarta, certo? olha que não parece). Diria que aquela é TPM 24 sob 24 horas, 365 dias por ano. Creio que com o actual elenco do Governo esse problema não se faz sentir...
Mas não sei se a cara limpa de rugas da Ministra do Ensino Superior se deve à idade ou a alguma plástica (as bochechas já não deixam tantas dúvidas). Por isso, aquela talvez até possa... Bem, posso estar errado... pode ser simplesmente o resultado de 5kg de cremes. Mas nesse caso ela poderá dizer para grande inveja dos amigos e companheiros do Governo que quando chega a casa tira um grande peso de cima.

Médicos, para todos os gostos

Muitos conheceram, por certo, o Juramento de Hipócrates. Pois bem, todo o médico é obrigado a fazê-lo antes de se tornam um e poder praticar a medicina, uma ideia com boa intenção, ou não fosse a medicina mais que uma ciência e um médico mais que um profissional. Um médico tem determinadas características, é sensível e delicado quando necessário, atento nas alturas necessárias, parcial e distante nos momentos cruciais. Nem todos o podem ser e por isso talvez poucos o sejam, de facto. Existem, infelizmente, muitos médicos que não o são na verdadeira essência da palavra, procuram na profissão o prestígio para o ego, o dinheiro para a conta, a posição que não conseguem sendo eles mesmos. Escondem-se por detrás de um título, quando muitos que não têm um curso muito mais sabem, muitos mais mereceriam ser chamados de doutores, de sapientes profissionais.
Hipócrates foi o pai da medicina para muitos, seria natural que os seus “filhos” seguissem os seus ensinamentos primeiros, os seus princípios, os seus conselhos, os seus valores. O Juramento de Hipócrates é tudo isso, ou devia ser.
Na verdade um bom médico não deve apenas jurar sê-lo, mas sê-lo na prática. Proteger o valor da medicina e tratar bem o paciente, com respeito o que implica seriedade e sentimentos na altura certa, no momento oportuno, na situação em que se fazem sentir. Poucos fazem disso um modo de vida, eu conheço alguns que fazem, poucos. Contá-los-ia pelos dedos de uma mão, aos outros, duvido que tivesse dedos para contar os que conheço. Triste sina, a que se mostra nas minhas mãos. Os que fazem disso um modo de vida, que pensam primeiro no paciente e na medicina e depois na sua carreira, no seu nome, no seu lugar nem sempre são agraciados com justo reconhecimento. Não são poucos, sei-o, que ao optar por tal modo de vida, por tal filosofia, têm carreiras estáveis, mas que estão de um modo ou de outro estagnadas no seu início.
Assim, proponho um novo juramento, um juramento mais realista, mais de acordo com a mentalidade médica em Portugal. O Juramento do Hipócrita, eis a solução para a medicina. Uma medicina, finalmente transparente e sem complexos da sua real situação. E eis como o começar, para os que falte inspiração:
“Eu, futuro médico, juro pensar em mim, na minha carreira, na saúde da minha conta, na correcta e eficaz exploração do paciente, na aceitação de presentes de pacientes e delegados de propaganda médica, nos conselhos para a compra de medicamentos inúteis no lugar de eficazes genéricos, apoiar os paranóicos e deixá-los sonhar (pois o sonho comanda a vida, pelo menos a minha), de honrar o poder e tradição do atestado médico...”
Triste sina. Enquanto isso, há gentes que querem entrar e vêem o futuro incerto. Pessoas boas, que fazem voluntariado, que pensam nos doentes, que vêem distante o sonho de uma vida, que querem ser médicos por vocação, que desprezam os títulos. São poucos, mas eu conheço alguns. Saúde a eles e que eles a possam dar, também!

Ass: PM

terça-feira, outubro 07, 2003

TV Portuguesa, concerteza!

A orgia do espectaculoso, a meticulosa orquestração do acaso e do improvável, a incoerente normalidade, a subtil intervenção na imparcialidade. Tudo isto se vê na televisão, rosto primeiro de um povo que a aceita como produto acabado, que a vê e que com isso dá o seu mudo sim para que a actual política editorial dos canais prossiga.
Até quando? Jornalismo de qualidade no lugar do fantástico e do espectáculo do horrendo e da miséria, programação com o mesmo modelo, um modelo sério, de qualidade, que enriqueça o espectador. Mais que um modelo, Portugal precisa de um bom modelo para a sua televisão!
Actualmente vivemos com uma consciência produto de um programa (BB) e que mais que tudo se impõe ao espectador, não pelo conteúdo, mas pela saturação mediática. Não enriquece o espectador, pelo contrário, empobrece-o culturalmente. O tempo para falar, para compreender o outro, para o amar é preterido em favor do comentário fácil acerca do estranho, a amá-lo, a odiá-lo, a vigiá-lo... enquanto isso, o próximo, que devia ser amado é ignorado em favor de um desconhecido que nada fez por nós, mas pelo qual fazemos tudo incluindo transformar tal “ilustre desconhecido” numa “estrela”, um “modelo social”, algo que nós perdemos a hipótese de ser ao preferir ver estes atentados à privacidade, no lugar de cuidarmos da nossa.
Cada vez mais o povo é reeducado, passa a amar o óbvio e o supérfluo, detesta o profundo, rejeita o sincero, o verdadeiro. Até quando?

A Cruz que o crucificou

Aos leitores acalmo os receios e garanto que neste post não vou falar de religião!
Mas sim de Martins da Cruz e da Cruz que o crucificou.
Martins da Cruz demitiu-se, finalmente. Um homem que se dizia de consciência limpa mostra agora que a consciência pesava. Mostrou pela sua demissão que a pressão não era aparente, infundada, que o afectava e que havia na sua memória recordações que outros ignoravam e que não permitiam que a sua consciência estivesse limpa. Iludiu-nos, talvez a si próprio. Foi o amor de pai que falou mais alto, aprecio isso e aplaudo. Enquanto pessoa, Martins da Cruz agiu como qualquer pai devia agir, em benefício da sua filha, talvez a pessoa que mais ama, a razão primeira da sua vida, um bom pai portanto. Enquanto ministro, não o devia fazer, não podia! Um ministro mais que uma pessoa, é uma imagem e como imagem deve ser imparcial, responsável, sério e alheio a qualquer interesse ou preferência pessoal. Falhou nisso, mas não enquanto pai.
No final, Martins da Cruz fez o que seria de esperar de uma pessoa séria, de uma pessoa de honra: reconhecer o seu erro, assumir as responsabilidades por ele. Os erros perdoam-se, não os reconhecer e as suas consequências é que não.
O Dr. Pedro Lynce merece a minha simpatia pela tentativa que havia feito para mudar uma parte de uma lei, que considerava (como muitos outros) injusta e inadaptada. O que fez depois não merece a minha concordância, mas reconheceu o seu erro e assumiu com extrema dignidade as responsabilidades por ele, merece ser perdoado, merece ser compreendido ou pelo menos que se tente fazê-lo. O seu pedido de demissão foi a atitude correcta, fê-lo de maneira exemplar, incriticável. O máximo que seria de esperar do seu colega de Governo é que seguisse o exemplo e não tentasse aguentar uma situação intolerável. Falhou aqui o primeiro-ministro ao preferir um, curiosamente um amigo pessoal, e incentivar à demissão do outro.
Sai fragilizado o Governo, o seu líder, os que se demitiram. Sai valorizada a verdade, a justiça, a democracia!

Homem-Aranha - Julho 2004

E desta vez o cartaz é a sério, sim, é mesmo!
E o filme estreia em Julho do próximo ano! Sim, o segundo filme do Homem-Aranha, com Tobey Maguire no que se espera ser mais uma credível interpretação de Peter Parker e do seu alter-ego Homem-Aranha e com Sam Raimi de novo aos comandos da longa-emtragem. Sam Raimi, que foi o realizador e visionário daquela que é uma das grandes sagas do cinema de terror e sfilmes érie Z, a mítica trilogia do Evil Dead! Inclusive o protagonista desta série, sim falo de Bruce Campbell, teve direito a um cameo como apresentador do combate em que Peter Parker veste a sua primeira versão da roupa do seu alter-ego. Um doce que pode ser complementado com a entrevista ao actor nos extras do DVD.
Mas o mais importante... Sam Raimi é um fã de animatrónica e para grande agrado dos fãs do cabeça de teia (inclusive moi) não usará muitas imagens CGI para mostrar o novo vilão, Dr. Octopus. Na verdade, serão uma espécie de braços mecânicos os que serão mostrados no filme. O efeito será no mínimo realista, assegura quem já viu as primeiras imagens. Por agora, Dr. Octopus é a estrela do cartaz do filme que se publica (parcialmente) a baixo.
Alfred Molina, cuja performance em Frida foi muito (e justamente) elogiada, tem como missão dar vida ao único vilão que venceu o Homem-Aranha na BD! Já em Outubro sai o primeiro trailler com as imagens do vilão, do herói e do que se apresenta como uma grande cena de combate numa estação de metro! Esperem que vale a pena!

Ass: PM

PS1- Para os fãs de Tim Burton, tenho boas notícias. A primeira é que saiu o trailler de Big Fish, o seu novo filme, com Ewan McGregor e Danny DeVito. A segunda notícia é que Johnny Deep irá fazer a sua 4ª colaboração com o mítico realizador, num remake da Fantástica Fábrica de Chocolates, filme estrelado por Gene Wilder no papel de Willy Wonka.

PS2- Não só Kill Bill Vol 1 está quase a estrear em Portugal, como Mr Tarantino anunciou que tem planos para produzir uma pressequela em animação contando a história de The Bride e mais duas sequelas. Temos filme(s)!


Flash... quê?

Estou aqui para falar do Flash Gordon... ain... das Falsh Mob (é isso!).
As Flash Mob(ilization), ou mobilizações "espontâneas", a última foi organizada com semanas/meses de antecedência com confirmações e tudo, ao que parece, pelo que me parece que não é legalmente uma Flash Mob.
Pois bem, a primeira (e a ver pela aderência talvez a última) que se realizou em Portugal teve TRÊS pessoas a participarem! Creio que já vi mais gente reunida em volta de uma lata de sardinhas abandonada. Que dizer, então, das flash mobs da Amadora com dezenas de manos e suas bombas rolantes?
Pois é, até eu meus senhores, o simples e desconhecido Pernicoto Maltoso, conseguiria com os meus parcos contactos arranjar mais gente (claro que teriam que rolar umas grades de cerveja e umas notas para os convencer, mas conseguia!). Desafio as CHICS e TBI (TIBE AI) a virem filmar a grande flash mob cá em Coimbra... aparecia mais gente. Então se filmarem no dia da greve da estudantada, vão ver que até a CIA apanha imagens de "estranhas concentrações de tropas naquele país do Zé Manel).
Bem, haja bom senso e da próxima vez que se organize uma flash-mob seja com mais gente. Afinal só a equipa da CHIC no sítio tinha mais gente... e que dizer da outra concorrente, que levou um camião de exteriores, o de velhas?! Sim, até as velhas, para chorarem de orgulho pelos "netos" e mais umas mães a levarem os seus filhos para verem aquele milgagre na esperança que a doença incorável deles seja vista por milhares de pessoas que se dignem a pagar a viagem em 1ª classe às Caraíbas que a mãe não pode pagar pois gastou tudo o que tinha na cadeira de rodas para fingir... (bem vistas as coisas ainda terá lucro, se resultar)

Ass: PM

segunda-feira, outubro 06, 2003

Política

Honestamente não posso deixar de me espantar com a forma como os colunistas e a imprensa portuguesa em geral têm tratado a candidatura de Schwarzenegger a governador. Os comentadores que escrevem sobre o ex-actor com um sorriso nos lábios, são os mesmos que não param de fazer rasgados elogios a um cantor feito ministro da cultura e a um operário metalúrgico que chegou a presidente. Pelos vistos, subir ao poder só se usa para um lado do espectro político.

Humor

Sentindo-me hoje imbuído de uma espécie de espírito civilizador (resquícios dos Descobrimentos), decidi tentar fazer algum tipo de sugestões culturais. A primeira é absolutamente incontornável, passa na SIC Radical, chama-se The Daily Show e é simplesmente o melhor programa de humor que passa actualmente em Portugal. Com um fabuloso Jon Stewart a apresentar e textos do melhor sarcasmo que conheço, se não vêm estão a perder algo único. A segunda sugestão é uma série de BD americana sobre a adolescência com o sugestivo nome de Zits. Apesar de não possuir nenhum livro, já li e reli toda a série (graças a esse templo que é a FNAC), e é sinceramente o melhor cartoon que conheço, a seguir ao filosófico Calvin and Hobbes. Se é um adolescente não deixe de ler pelo menos meia dúzia de tiras, se não é, é uma maneira óptima de conhecer melhor o seu filho, sobrinho ou o rapaz do 3º direito.

Acontece(u)

Vi há dias, num qualquer telejornal, a notícia de um jantar de homenagem a Carlos Pinto Coelho e ao seu programa Acontece, agora que o mesmo foi retirado da grelha da RTP 2. Sinceramente, e apesar de não ter visto o programa mais que uma dúzia de vezes, não tenciono verter uma lágrima pelo seu fim. Em poucas palavras e de uma forma descomplexada: o programa não prestava. Sempre me pareceu que se refugiava no cliché do “único magazine cultural diário da Europa” e encontrava aí a sua única razão de ser. Estava no ar apenas baseado na crença snobe de que tudo o que é cultural é bom. Se em vez de cultura, tratasse de desporto, informática ou medicina, o formato não teria durado metade do tempo. Sempre preferiu o elogio fácil, mantendo o registo num tom de clube privado de amigos, ao invés de procurar fazer uma crítica honesta e incisiva. Sinceramente, era de uma auto-contemplação narcisista que chegava a ser patética. Enfim, acredito que haja quem goste, eu não me incluo no grupo.

Em breve...

Este ainda não vi. Parece bom... :-P


Leiam isto e mais que isto!

Pois é, estamos numa época em que se lê pouco. Não fossem as legendas dos filmes, as instruções das playstations, os blogs ou os e-mails, o que seria da leitura?
Relembro com uma certa nostalgia os tempos passados. A geração dos meus pais, saída de uma revolução que findou uma ditadura e trouxe a paz da democracia amava a leitura. Era a oportunidade de ler o que não se podia, explorar o desconhecido, fazer uso da liberdade tanto ansiada e então ganha, era uma forma de honrar esse novo direito. E assim, de um modo subtil apareciam os grupos de intelectuais e mesmo cidadãos normais com alguma cultura. Tudo se perdeu na geração seguinte, nascida a partir de 74. Para eles a liberdade era um dado adquirido, uma mera palavra. A ditadura uma memória estranha, algo irreal, um mero termo a decorar na aula de História. O 25 de Abril “menos um dia em que trabalhar”. A leitura passou de um prazer redescoberto, uma liberdade reconquistada, a um, sacrifício impossível de se rodear, uma obrigação escolar, académica, profissional. Ler muito passou a ser sinónimo de estupidez, preza-se o eu, a nossa opinião, mas ao mesmo tempo e ironicamente nega-se e marginaliza-se aquela que é a melhor ferramenta para a construir.
Os blogs são um bom início, mas o fim? Esperemos que não. Esperemos que os que escrevem, criticam, os que lêem e os que vêem compreendam que isto não é o fim, o máximo a que a sua visão pode aspirar no que toca a leitura, mas o início. O problema não está em ler, mas em encontrar o estilo preferido. Eu demorei anos e apenas o encontrei lendo, preferindo uns, detestando outros, esquecendo uns em instantes, recordando outros (poucos) para sempre.
Foram certas palavras que me deram o gosto por escrever, por sentir as palavras, por as fazer nascer e produzir pensamento escrito, de superar o que li, de melhorar, de continuar... A escrita é isso, somos nós na máxima expressão, sem problemas, sem limitações, sem questões, apenas nós e o suporte, primeiro em branco, depois cheio por expressões, não mais do que construções de pensamento sentido.
Leiam! E se querem sugestões, elas não faltam! Leiam aventura, leiam romance, leiam policiais, leiam banda-desenhada (que tão boa se tem feito!), leiam tudo... não ler nada, isso é que não! A leitura não reprime, não limita, não conduz a imaginação, não a perturba, mas sim alimenta, fomenta, incentiva, desafia. Desafiem-se, leiam, escrevam e leiam o que escrevem, descubram-se pela escrita!

Ass: PM

PS- E se quiserem deixem que outros vos descubram, publiquem, mostrem. O Divã é um espaço aberto! Procuramos textos, pessoas, nomes, novas opiniões! Sérias, com piada, com jeito, com inspiração, sem ela, normais, anormais, especiais!

Exames, retórica & Cia

Meus senhores,
E eis que descobri a solução para milhares de jovens (não, não falo da pílula anti-TPM)! A solução para os exames é tornarmo-nos peritos na retórica. Porquê? Pois bem, aqui vai a verdade, aguentem...
A retórica é o mais importante numa boa base para se preparar um exame. Tudo isto porque como muitos peritos o reconhecem, as perguntas dos exames são na sua maioria retóricas. Ou seja, não têm resposta e no máximo podemos aspirar que quem perguntou as explique. E esta, ein?
Não repararam?

Agora, foi uma boa decisão a tida para um exame único e especial para os interessados em seguir Medicina. Afinal, era caso para perguntar para que raio queria um futuro médico saber e mostrar que sabia (num exame) a constituição de uma batata e das suas células. Es vero que ya muitos doentes em estado vegetativo, mas haja bom senso!
Ainda bem que isto está a mudar. Agora só falta fazer o mesmo em dezenas de cursos! Boa onda! :-))
Claro... medicina também é o mais difícil e por isso eles são "especiais". E acreditem que sim, as pessoas que estudam para medicina são muito especiais (são as melhores!). Nunca vi um ser vivo sobreviver tanto tempo sem luz solar. Talvez as folhas dos livros tenham algum mineral desconhecido...

Ass: PM

domingo, outubro 05, 2003

Maiorias

Seguindo o exemplo de uma colega minha que se entretém a inventar associações fictícias durante as aulas de F.Q., decidi criar e apresentar formalmente a APMF, gloriosa Associação de Protecção das Maiorias e Favorecidos. E muito sinceramente julgo que a minha, aliás nossa, associação é tudo aquilo que nos separa do desaparecimento da representação das “maiorias e favorecidos”.
Apesar do tom desta introdução não se julgue que este post é uma piada ou uma provocação inconsequente. Na nossa sociedade, eu como homem, branco, europeu, heterossexual (isto por enquanto só na teoria) não tenho absolutamente nenhum tipo de protecção mediática ou institucional.
Paradoxalmente, as democracias, em teoria a representação da maioria, tendem a negligenciar a maioria que representam. Numa ânsia paternalista de “compensar” aqueles que, em princípio, são mais desprotegidos, acabam por proibir qualquer tipo de individualidade ou cultura à parte tradicionalmente hegemónica. Em poucas palavras, a ditadura do politicamente correcto.
É nos media que esta ditadura atinge a sua extensão máxima. As generalizações, são um exemplo perfeito. É absolutamente comum ler que os funcionários públicos são corruptos, que a direita é retrógrada ou que os americanos são incultos, mas é impensável publicar que os gays são folclóricos, os pretos preguiçosos ou os ciganos ladrões. E no entanto tão cegas, insultuosas e infundadas são as segundas como as primeiras.
As sociedades ocidentais perderam também, por força do PC (politicamente correcto, lembram-se?), o direito a uma história e uma cultura próprias. Se eu defender o respeito pela tradição e cultura de uma qualquer tribo indígena sou um absoluto herói moderno, mas se tentar preservar a cultura histórica europeia sou um traste xenófobo! Tome, por exemplo, a letra de um refrão dos portugueses Primitive Reason, que diz algo como: “Be proud, Redman, proud/ Be proud of your religion/ Be proud of your race/ Be proud of your tradition/ Be proud of your place “ (perdão se não for exactamente assim). Como se depreende, a canção trata dos índios norte-americanos e da sua cultura. Agora tente trocar o “redman” original por um “white man” e veja se a música passava na MTV.
Em países como os EUA ou a África do Sul, as raças minoritárias têm direito a bonificações extra nos exames, preferência na entrada em universidades ou em escolha de empregos pela simples razão de serem dessa raça. Isto chama-se em português racismo, nos EUA affirmative action. Se este tipo de benefícios institucionais fossem dados a indivíduos de raça branca, seriam abertura de telejornal e matéria obrigatória na escola. Como não são, ninguém se rala.
Dá um aspecto moderno dizer que a Igreja Católica é retrógrada e repressiva mas ai de quem fizer um comentário imbecil sobre muçulmanos, judeus ou hindus.
Temos em Portugal o Dia da Mulher, a SIC Mulher (!) ou a parada Gay Pride. Eu quero o Dia do Homem, a SIC Macho e o Straight Pride!
Se os meus exemplos vos convenceram não hesitem em juntar-se à APMF. Maiorias de todo mundo, uni-vos! Juntos venceremos!

A bolsa da menina

Vasculhando a bolsa da sua filha, uma mãe americana encontra um maço de cigarros. Preocupada, pergunta à menina:
- Minha filha! Tu começaste a fumar??!!
O mesmo fazia uma mãe inglesa que encontra uma garrafa de uma conhecida bebida alcoólica (não, não era Água Serra da Estrela, mas a companhia agradece a referência) no armário de sua filha:
- Meu bem!! Tu começaste a beber??!!
Entretanto, num país à beira mar... uma mãe portuguesa acha um pacote de preservativos numa gaveta do quarto de sua filha. Assustada, pergunta-lhe:
- Ai minha nossa senhora (de Fátima)!! Minha filha, tu tens pénis????!!!!!!!!!

Ass: PM

O Gemdalf

Ao que parece andamos com estranhos problemas... apareceu uma cópia da minha mensagem com um texto "opcional". Parece que o Divã não é o primeiro caso a ter tais problemas técnicos. Nada que me tire o sono...

Ass: PM

O Gemdalf

Sou um puritano no que toca à leitura. Na verdade, não gosto muito de ir nas modas. Desagrada-me um pouco a exploração mediática e comercial do Harry Potter, que retira qualquer mérito próprio à obra.
Curiosamente acabei de uma forma "involuntária" (quase espontânea) por contactar com esta obra. Comprei o meu livro levado por um conselho de um amigo muito antes desta infernal e saturada moda. Ambos na altura não sabíamos o que era o fenómenos HP (ainda nem tinha nascido! estar-se-ia a 1-2 anos do filme) e foi o título da capa que o atraiu e o levou a aconselhar-me o mesmo após uma boa leitura. Li, portanto, o HP sem ser por pressão comercial e digo que me soube bem, não digo que foi o melhor livro que li, pois não foi, mas que foi um livre curioso e com imaginação.
Depois, um mês ou dois depois, li numa revista um artigo sobre os criadores de mundos fantásticos (estaríamos a 1 ano da euforia do Senhor dos Anéis). Li a trilogia de Tolkien e em seguida as restantes obras, tudo fora da euforia comercial e digo que preferi a primeira leitura á segunda. A segunda foi um avivar de memória, uma comparação com a visão do realizador, com o tratamento comercial da obra.
O melhor livro é aquele que se lê, não aquele que se compara... por isso, o livro é muito melhor que o filme, mas acima de tudo é ainda melhor se o lermos por ler e não porque é moda, é igual ao filme ou algo assim.

No meio disto tudo, e o que dá título ao post, é um erro crasso na minha versão d' O Regresso do Rei, uma versão pura lançada antes do filme. Na contra-capa aparece um erro gravíssimo, Gandalf é chamado de Gemdalf (ou algo assim). O grave não é esta confusão, natural para quem lê o livro pela primeira vez, o grave é que a pessoa que escreveu a contra-capa não tenha tido o trabalho mínimo de confirmar.

Este parece-me ser um problema gravíssimo, a súbita criatividade dos tradutores. Tome-se como exemplo, os títulos dos filmes. Quantos filmes não se perdem quando, ao consultar o jornal, se dá com títulos que nada têm a ver com o original? Há certos casos em que a tradução e adaptação beneficia a mensagem: é o caso d' O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs - O Silêncio dos Cordeiros numa tradução literal) que ganhou uma certa seriedade num título que em português se assemelharia ao de um conto infantil. Contudo, há que ter conta, peso e medida. Devia ser dada maior atenção a este problema que afecta muito o filme, pois o filme também é o título, um livro também diz muito pelo título que pode ser (de uma forma vital) complementar e conclusivo em relação à obra! Atenção, portanto!

Ass: PM