O Diva de Portugal

Que há para dizer? Isto é um blog... Ah, sim! Se quiserem entreter (vulgo, contactar) alguns dos desocupados que fazem isto, usem os e-mails da Beatriz, da Inês, ou do Joao.

sábado, outubro 18, 2003

O Nome da Rosa (inspirado na calvice de Sean Connery)

A minha própria referência à calvice de Sean Connery não pôde deixar de me fazer pensar um pouco. De facto, na década de 80 era bastante frequente vermos filmes em que Sean Conney aparecia careca, aliás, sem as perucas que muitos produtores teimam como adereço imprescindível em qualquer personagem interpretada pelo actor. Não que isso as desvalorize, fique claro. Basta lembrar o inesperado Encontrar Forrester para vermos como o actor veterano consegue construir personagens fantásticas e mostrar um talento incrível, supreendendo o espectador mesmo após tantos filmes. Contudo, Sean Connery é um magnífico actor e vale por si...
Aliás, não é preciso ir muito longe, para encontrar em produções não-americanas alguns dos trabalhos mais dotados deste escocês.


Um desses casos foi a adaptação do best-seller do escritor e ensaísta italiano Umberto Eco (um trabalho memorável naquele que foi o seu primeiro romance), O Nome da Rosa, um livro cuja fama e originalidade causaram sensação na época do seu lançamento. Uma adaptação ao cinema fazia-se necessária, portanto. Esta viria, finalmente em 1986, 6 anos após o lançamento do livro. Dois nomes de peso encabeçaram o elenco, Sean Connery seria William de Baskerville e F. Murray Abraham o seu opositor e rival, Bernardo Gui. O narrador e figura central do romance, Adso de Melk, seria interpretado pelo actor Christian Slater, que via então o começo da sua carreira.
O filme, cuja realização ficou a cargo de Jean-Jacques Annaud (realizador muito conceituado, com filmes como Sete Anos no Tibete no seu extenso currículo), narra a história sobre uma abadia medieval onde ocorrem uma série de homicídios. O monge William de Baskerville e o seu noviço, Adso de Melk, investigarão ao longo de sete dias os misteriosos crimes, enquanto tentam entrar numa inacessível biblioteca.
As cenas são na sua maioria passadas de noite, o que de facto retira um pouco a emoção dos cenários, mas o que é explicável pelos custos que a não opção por filmagens nocturnas acarretaria. Afinal, é comum o uso da escuridão e sombra para “maquilhar” algumas deficiências, aliás, esta é uma técnica recorrente em filmes que usem animação CGI ou stop-motion (basta lembrar o resultado maravilhoso que tal opção permitiu em filmes como Jurassic Park).
O cartaz que apresentamos aqui ao lado é deveras elucidativo, apresentando um rol de personagens cruciais para a história. O Nome da Rosa, é acima de tudo um policial medieval, uma obra sobre a Fé, sobre a vida dedicada a esta, sobre as suas qualidades, defeitos, realidades, sobre o pecado a que os que a vivem não estão imunes. É um livro que aborda a sexualidade, em dois extremos que mostram e reforçam a ideia que a Igreja na Idade Média não era de modo algum símbolo de puridade ou um exemplo a seguir.
No cartaz, pode-se observar a figura central do romance, William, o monge cujo passado de luta contra a Inquisição se revela no desfecho do romance quando defronta Bernardo Gui. É também a esta personagem que cabe o importante papel de solucionar os homicídios, cujo autor é como em qualquer romance desmascarado no final, sendo a sua identidade totalmente inesperada (ou talvez não? Mas não estragarei a surpresa...). Em seguida, Adso, o noviço que narra anos mais tarde já perto da morte a misteriosa aventura. Tenho que confessar que William se mostrou na minha primeira leitura do romance de Eco uma personagem fisicamente diferente de Sean Connery, mas no final, vi em Connery um William que eu gostaria de ter imaginado. Sean Connery consegue ultrapassar as limitações da produção, da duração do filme e mesmo do guião e expressar por pequenas indicações as facetas da personagem e a ideia que Eco tenta passar ao longo do romance. Adso, peca pela falta de tempo e pelo facto do próprio Slater parecer um pouco perdido do personagem (curiosamente, Adso mostra-se um pouco perdido no meio do enredo, mas não tanto da maneira que se mostra no filme). O Abade (o francês Michael Lonsdale, também conhecido pelo vilão de 007, Moonraker) fica um pouco distante da ideia do livro (e um pouco da minha) mas mostra-se credível a um espectador que não tenha contactado com a obra, o ancião Jorge de Burgos é interpretado por Feodor Chaliapin Jr., tendo a sua actuação algum destaque, ao dar ao monge cego a rigidez e conservadorismo da personagem no romance. Também o actor Ron Perlman (A Última Ceia II e mais recentemente protagonista da adaptação ao cinema de Hellboy) compõe um caricato Salvatore, uma personagem elaborada e com uma actuação equilibrada, mantendo a perspectiva humorada de Eco. Destaque para a caracterização desta e doutras personagens a nível de maquilhagem.
A fotografia é uma das atracções do filme, a imagem levemente escura reforça o mistério e faz lembrar ao espectador a atmosfera medieval e do próprio edifício da abadia, que como a religião se fechava a si próprio. Apenas os cenários pecam pela falta de grandiosidade que a adaptação merecia, a biblioteca fica aquém do clima e expectativas que Eco tão habilmente cria ao longo das quatrocentas páginas do livro.
Ainda assim, é um filme interessante que constitui uma tentativa bem sucedida por parte do cinema europeu de dar vida àquele que foi um dos romances mais felizes de Umberto Eco.

Admito que para mim o seu trabalho melhor concebido e mais imaginativo é Baudolino (para desgosto de uma amiga que não nega a sua preferência pelo ecléctico O Pêndulo de Foucault). Vejo com grande agrado os esforços do produtor Thomas Schuhly para trazer esta obra para os ecrãs de cinema. As filmagens poderão arrancar em 2005 e Sean Connery mostrou interesse em viver o pai adoptivo do personagem. O Nome da Rosa constitui uma boa mostra como obras complexas podem ser adaptadas sem perder a sua essência e mantendo-se histórias coerentes e de interesse. Certo, certo é que pelo menos três pessoas viram este filme: eu, a pessoa que fez a legendagem e uma colega minha.

Ass: PM

E falando em Santo Graal

E falando em Santo Graal...
Eis o tema de Indiana Jones e A Última Cruzada, que a SIC transmitiu esta tarde. O terceiro filme de uma mágica trilogia, uma mostra de engenho por Steven Spielberg que realizou um filme coerente, interessante e que nada deve à resta saga, sendo só por si um excelente motivo para passar umas (boas) horas frente ao ecrã. Esta exibição não é inocente, na verdade, esta semana é feito o lançamento a nível mundial da trilogia de Indiana Jones em DVD (com um 4º DVD só com atractivos extras). É uma boa razão para reservar um espacinho a mais naquela prateleira... talvez mais algum, pois a trilogia clássica d Star Wars poderá ver um lançamento similar com a estreia do Episode III em 2005 (e até lá há a série Clone Wars).
O filme em questão, Indiana Jones e..., é uma abordagem interessante a um dos mitos da religião cristã. Depois de no primeiro se abordar o judaísmo e no segundo a religião hindu, George Lucas e Steven Spielberg usam mais um mito e lenda religiosa para dar ao herói um (bom) motivo para iniciar as suas aventuras. E neste caso é também a Fé sobre a forma de amor, amor ao pai. Pai interpretado por Sean Connery (num raro registo, mais vulgar nos anos 80, onde se mostra a sua calvice) e cujo amor pelo filho nunca reconheceu. Pai cujo desaparecimento serve de justificação para Indiana Jones prosseguir a demanda pelo Santo Graal e pelo pai. Uma oportunidade de alimentar a curiosidade dos fãs, dos cinéfilos ou do público em geral! Resta esperar pelo quarto episódio da saga, cuja pré-produção está ainda em preparação!

Ass: PM

Santo Graal

O pretexto para reinventar, eis como defino o Santo Graal. O Santo Graal, mítica metáfora, bela lenda, mito intocável, visão de sonhos únicos, cálice máximo da Última Ceia. Santo Graal, mostra de Fé, mostra de poder, mostra de uma crença que levou muitos a lutar pela sua fé, a dedicar as vidas na demanda pelo mito que dela parte. O Santo Graal, não foi objectivo primeiro das cruzadas, mas muitos nelas o procuraram secretamente. Uns dizem que está com os Templários (junto da cabeça de Cristo, acrescentariam outros), outros que se perdeu, outros que alguém o achou e o escondeu (e para esses, reforçam, não foram os Templários) e, por fim, ainda há outros que acreditam que nunca existiu e que Cristo beber por tal cálice foi cousa que nunca sucedeu.
Mas é por ele que Umberto Eco guia a sua mágica figura no seu último e imaginativo romance, Baudolino. Baudolino, que é também o nome do personagem. Do anti-herói, do mentiroso compulsivo, do inventor que se (re)inventa e ao seu passado, do amante fugido do seu derradeiro amor, do filho esquecido, do secreto amante do primeiro amor da sua vida. Baudolino, senhor de grande aventura, mente por detrás de mágica demanda por mágico objecto, o Santo Graal.
Já em O Pêndulo de Foucault tal objecto tinha sido referido e mesmo em outros livros, pois o Santo Graal é também uma metáfora para explicar a Fé, para explicar uma missão, também um pretexto para acreditar, para lutar, para demandar. E não temos todos na vida um Santo Graal?
Eu tenho e traja ouro em sua face, que a cobre mas não esconde sua beleza, pois é tão mais bela do que a do que a cobre pudicamente.

Ass: PM

sexta-feira, outubro 17, 2003

Igreja

Agora que se celebram os 25 anos do papado de João Paulo II, têm-se multiplicado nos media as reportagens sobre o Papa, os directos do Vaticano, os artigos de opinião e as entrevistas a membros da Igreja. Independentemente da celebração em questão, este mediatismo momentâneo da Igreja Católica trouxe de volta um fenómeno curioso, a que sempre assisti e que suponho já existia antes de eu nascer. De uma forma ou de outra as reportagens, sobretudo as da imprensa escrita, levam invariavelmente ao assunto do sexo. Apesar de ser interessantemente revelador da importância, pelo menos mediática, que o sexo tem hoje em dia, não deixa de ser francamente decepcionante que os jornalistas insistam em referir as posições da Igreja em matéria sexual. Não que eu seja contra a divulgação de tais orientações, simplesmente parece-me revelador de uma mentalidade algo serôdia. Com tantas questões profundas e interessantes, a nível teológico e social, sobre as quais a posição da Igreja é importante e influente, é desolador que só se fale da contracepção e dos homossexuais. Por uma razão tão simples quanto esta: o sexo não é algo que tenha grande relevo a nível religioso e como tal, não faz sentido que se dê tanta importância à posição oficial da Igreja sobre o assunto. Não é um campo onde a Igreja tenha algo de tão importante a dizer. Sejamos honestos, escutar o cardeal patriarca a falar sobre sexo é tão interessante como ouvir o arquitecto Tomás Taveira a dissertar sobre bom gosto. No entanto, em qualquer entrevista lá vêm as perguntinhas inevitáveis. A sério, get over it.

Para reflectir um pouco...

É a incerteza tornada certeza pela palavra? O livro dizer mentira como verdade incoerente não a torna mais do que é, apenas agrava a sua condição de mentira. Mais que se dizer, deve-se sentir. O amor, o poema, a escrita, a vida, a amizade. Não é a altura que o outro indica, que o outro narra, que o outro diz ser certa, não é a teoria que impõe, mas o sentir ou não. Muito se sente e a lógica acha incerta. O amor é ilógico mas existe, tem validade em todos os campos, mas desaba a mais robusta teoria ao mostrar como é insustentável, ilógico, incoerente. E no entanto pode-se dizer algo incoerente, prova máximo que mesmo o que não é lógico existe e tal não é mais que prova primeira disso. Sim, a incerteza, a certeza são relativas. Para mim muito me parece certo, para outros, talvez mais comedidos, se mostram meras incertezas, hipóteses.
Mas se as sentimos como certezas, as vemos como tal, que lhes falta? A comprovação, talvez. Muitas vezes isso é possível, mas noutras não. E não basta depender de nós ou não, pois mesmo a nós pudemos ser maus confidentes. Os nossos sentimentos os nossos actos mostram-nos mais do que o pensamento ou é o pensamento mais sincero que o acto? Ou é o acto pensado a verdadeira sinceridade? Dúvidas... oh, são ingratas! Ingratas dúvidas! Mas é a dúvida a chave para a dinâmica, a chave para o pensamento, a dúvida é o início da resposta e seu fim lógico, pois a ambição do saber não põe limites à dúvida, incita-a, inclusive. E que dúvidas temos? Eu conheço as minhas... e os que leiam este texto sem sentido, sem certeza, apenas com a dúvida e a certeza que resta na sua macabra condição.

Ass: PM

Poema do Amor, A Face que se molda

O barro que a paixão molda

Mãos frias as que o barro acariciam
Tentam lhe dar a forma que a paixão não esquece.
Paixão, amor que não esmorece.
Tentam recordar o que os olhos viam.

Bela figura se mostra na mente,
Injusta no barro moldado.
No vermelho salpicado,
Que as mãos talham apaixonadamente.

A voz recordada,
Voz da figura que renasce,
Sem que nela vida se ache
A paixão acalentada...

Ass: PM


Poema do Amor

Mais um poema da minha autoria, o amor como tema, esta paisagem como pano de fundo. São as alegrias da contemplação, a mágoa da recordação da mítica visão. O amor é isso, é a dúvida de o sentir, é a incerteza de o outro sentir, é a confirmação da paixão na mútua confissão. O amor é único e não é mentira dizer que é impossível percebê-lo sem o sentir, é tão somente uma estranha verdade...
Não rima, o amor também não, não é apenas a rima a essência de um poema. Tal como no amor, não é na aparência que se concentra a sua máxima beleza, é no sentir das palavras, do texto escrito, do texto lido.

Ass: PM


Longínquo amor

Longe está a minha dama, enquanto escrevo
Longe do meu olhar de enamorado
Longe do meu terno toque...

Face serena e oculta
Como sua delicada postura
Beleza fruto de atenta e generosa Natureza.

As costas que vejo mais não são
Que o derradeiro muro que a separa
Do meu amor por ela.

Entre elas se esconde seu cabelo
Longo, repousando em sua cuidada forma,
Cabelo de cor cujo nome é menos belo que a visão dela.

E nelas costas, vejo escondido o olhar
De beleza tal que nem tamanha procissão
De belezas múltiplas, lhe faria justiça.

Os poetas tentam, mas sempre falham
Suas descrições não são apaixonadas, inspiradas ou infiéis á beleza
Que sem sucesso tentam louvar em formosas linhas de rebuscado texto.

E eu longe me mantenho
Longe da sinceridade da apaixonada verdade
Longe do terno beijo que ela me prometeu
Longe do meu único amor, da minha verdadeira condição
Longe, aqui, com as incertezas que ele me deixa

Ass: PM

quinta-feira, outubro 16, 2003

A razão para este post surgiu há uns dias, quando li na Visão sobre a existência de um movimento, ligado ao PS e ao BE, que tencionava pôr a circular uma petição pedindo novo referendo sobre o aborto. Pessoalmente, há muito que a minha relação com a política e os partidos é de um cinismo moderado: não acredito que os partidos políticos se importem por aí além com a vontade da população e com aquilo que os eleitores aprovam ou não em votações. No entanto, o caso do aborto em particular levou este modo de agir a um nível mais elevado de refinamento. Os partidos, neste caso os de esquerda, não se importam, e até encorajam, que a população decida democraticamente, desde que o resultado seja aquele que eles defendem. Enquanto a votação for contrária aos seus desejos vai-se repetindo o referendo até que finalmente se chegue ao resultado correcto. Podem escolher a cor que quiserem desde que seja o preto. É o que eu gosto de chamar como referendo à medida. Nem que leve 40 referendos, algum dia o pessoal há de votar connosco! Assim é que é! A Democracia no seu melhor.

P.S.: Por ironia ou não, um dos slogans do movimento é: “Pela liberdade de optar.”. No coments...

Publicidade

Aparentemente o Governo português decidiu suspender a publicidade ao Euro 2004 na revista TIME, após a dita publicação ter feito uma reportagem que retratava Bragança como um antro de prostituição. Do meu ponto de vista a decisão é um sensato exercício de poupança de fundos. Afinal de contas, depois daquela reportagem, o que não faltam é homens estrangeiros com vontade de vir a Portugal.

P.S.: Para os mais curiosos a Visão desta semana traz uma tradução na íntegra da afamada investigação.

segunda-feira, outubro 13, 2003

Jack Black

Gosto deste comediante, mente brilhante por trás dos já míticos Tenacius D (Wonderboy e F... her gently são alguns dos sucessos destes rapazes), uma banda non-sense que mistura letras impagáveis e stand-up comedy. Este mesmo senhor e os seus mui pouco recomendáveis amigos têm um fabuloso programa, que chegou até nós pela abençoada SIC Radical.
Para meu agrado, Jack Black está numa onda de sucesso. Está envolvido num maravilhoso projecto com Ben Stiller (um filho prodígio do Saturday Night Live e que irá repetir com Robert De Niro o sucesso de Meet the Parents, num prometedor Meet de Fockers) e viu o seu mais recente filme estrear no topo do topo das bilheteiras norte-americanas.
E de que filme falo eu? O "School of Rock" de Richard Linklater, uma comédia em tom de musical com o já referido Jack Black e Joan Cusack (não confundir com o Jogh Cusak), sobre um músico rock que é afastado da banda, arranja um novo emprego como professor e faz uso do talento dos seus jovens alunos para fazer uma banda que o levará de novo ao topo. Promete? A mim parece-me que sim! :-)

Ass: PM

Cold Play

Estou a ouvir a maravilhosa melodia que é uma criação dos britânicos Cold Play. O nome da banda diz muito, é música soft e de qualidade, com boas letras, boas notas, bom tom. Boa para relaxar, pensar, escrever. Boa para oferecer e receber! Boa para ouvir, para curtir, para sorrir ou não!
Vieram recentemente a Portugal e parece que muitos gostaram do que ouviram! Eu gosto disto que oiço. E que oiço eu? God Put a Smile on Your Face... maravilhosa, então, o videoclipe está muito bem realizado. Se bem que o meu preferido seja o do Imitation of Life dos REM.
Quem gosta dos Cold Play?

Ass: PM

O Terceiro Elemento foi revelado

Três, como os dedos na palma da mão (de um serralheiro).
Os três elementos do Divã, três humanas gentes em tudo diferentes. Três opiniões, três modos de ver a vida, de fazer piada sobre ela, de constatar que ela (vida/piada) não é fácil.
Trê tipos de ligação de internet, três modos de ver o PC e a internet.
Que mais esperar? Leiam, isto promete!

Ass: PM

PS- Como devem ter reparado o terceiro elemento é uma mulher (não!!! e... e eu que pensava que era uma mulher!). Para evitar clichés e frases aparentemente copiadas de um bom livro de elogios (o Como Fazer um Elogio ao Terceiro Blogista em 5 Passos Fáceis, para quem precise) não irei dizer que ela é uma péssima blogista, que não é verdade; que ela está aqui só porque é mulher, que não é verdade; que não tem sentido de humor, o que também não é verdade; que não é inteligente, o que imagine-se (!) também não é verdade ou que peca falta de imaginação e uma boa escrita, o que mais uma vez para surpresa de todos não é verdade! Pois bem, sê bem vinda ao Divã, Beatriz! Creio que os nossos leitores diários (família directa dos bloguistas e os bloguistas) apreciarão este incremento na qualidade e variedade dos textos!

domingo, outubro 12, 2003

Maus Exemplos

Não há como fugir ao assunto, a verdade é que, para o bem e para o mal, a política voltou a ocupar o lugar de destaque nos telejornais. Primeiro foram as demissões no executivo e, mais recentemente, a libertação do, novamente deputado, Paulo Pedroso. Em ambos os acontecimentos, os nossos políticos tornaram a não escrever páginas gloriosas da história.
No caso da “cunha”, julgo que ambos os ministros saem francamente mal. Independentemente de ter ou não existido o alegado favorecimento, importa reflectir sobre o que levou às demissões, o que estas significam e que consequências têm. O problema está, a meu ver, nas demissões per si. Se ambos os ministros negam ter tido comportamentos menos éticos não se compreende o porquê de terem saído. Se ambos reafirmam estarem de consciência tranquila, o correcto a fazer seria agirem de acordo com aquilo em que acreditam e continuarem a defender a sua posição, mantendo-se no activo. Saírem de cena apenas por pressão mediática é um comportamento igualmente reprovável. Não podemos esquecer que Martins da Cruz deu, em pleno parlamento, a sua palavra de honra sobre a questão. O facto de o ter feito e, dias depois ter saído, significa que ou mentiu, ou disse a verdade, mas não teve a coragem para ficar e defendê-la no lugar de ministro. Sair assim só pode significar que a governação é feita de acordo com a corrente do jornal de hoje. Na minha opinião, e apesar dos elogios canibalescos da oposição, a verdadeira dignidade está em assumir frontalmente as próprias acções, se continuamos a considerar que foram as acertadas.
Quanto à libertação de Paulo Pedroso a forma como tudo decorreu foi, novamente, pouco menos que deplorável. Abstenho-me, como é óbvio, de comentar o acórdão do tribunal em si, sobre o qual não tenho muita informação e, certamente, nenhuma competência para avaliar. O que me impressionou pela negativa foram os acontecimentos que se seguiram à libertação. Primeiro a forma abusiva como os dirigentes do PS e a defesa interpretaram a decisão, festejando como uma absolvição aquilo que não passou de uma mudança na forma como Pedroso espera julgamento. Depois a recepção, como um verdadeiro herói, a que Pedroso teve direito no Parlamento. Todos os abraços que se viram em directo, não só são uma falta de bom-senso visto tratar-se de alguém que, para todos os efeitos, continua acusado de violação de menores, como associam de forma irremediável a direcção socialista à defesa de Paulo Pedroso, algo que pode vir a ser extremamente penalizador no caso de uma futura condenação. Os políticos em particular deviam já ter aprendido que não se deve pôr as mão no fogo por ninguém, sobretudo numa acusação de cariz estritamente pessoal. O comportamento da direcção do PS tem sido, aliás, um desastre desde o início do processo. Quando as decisões não são favoráveis grita-se por cabalas, conspirações e lança-se a desconfiança generalizada sobre todo o sistema judicial. Quando as decisões são favoráveis, a “justiça funcionou normalmente”. Daqui se pressupõem que a justiça só funciona normalmente para um lado, ou será que a mesma cabala que lançou Pedroso para a prisão o arrancou de lá?

"Mitos"

Ao longo dos anos julgo que se tem agudizado o a propagação de algo que poderia ser designado como mitos político-sociais. Consistem, regra geral num raciocínio mal construído ou eivado à partida por preconceitos ideológicos e espalharam-se à custa da sua repetição quase obsessiva, nem que seja nos contextos mais estapafúrdios. Aqui vai uma lista de alguns dos meus favoritos e respectiva “desmistificação”.

- A Guerra no Iraque é uma questão de dominar o petróleo.
Só quem estiver em coma é que ainda não ouviu isto. Apesar de ser facilmente desmentido, este argumento foi usado inúmeras vezes, inclusive por gente com um estatuto que devia levar a que fossem mais criteriosos na escolha dos ditos argumentos. Vamos por partes: a guerra pode ter tido muito más razões para começar, mas tentar fazer dinheiro com o petróleo não foi certamente uma delas. Como muitos economistas minimamente sérios se fartaram de explicar, se o motivo era o dinheiro do petróleo, sairia muito, mas muito mais barato, comprar as reservas iraquianas ou, mais prosaicamente, importar energia de outro qualquer país. Mais, as reservas iraquianas eram, já antes, detidas por companhias russas e francesas, e assim vão continuar (coincidência ou não os países mais empenhadamente anti-guerra). Mesmo o petróleo que ainda não está a ser explorado, vai ser entregue a empresas privadas e as receitas daí provenientes pertencem ao estado iraquiano. Os factos são estes: a guerra que supostamente se deve à ganância petrolífera é, bem analisado, um mau negócio para os americanos.

- A economia de mercado e a globalização liberal empobrecem e exploram os países em desenvolvimento.
Num negócio há sempre duas partes principais, uma que vende e outra que compra. Se um negócio se concretiza, isso significa que as duas partes consideram a operação vantajosa para si. Num mercado global acontece o mesmo: se um país vende (recursos, produtos, serviços) é por considera que tal é compensador. É aliás, e por isso se chama economia liberal, livre de vender a quem quiser e de, simplesmente, não vender. Qualquer análise séria dirá que os países que têm mais dificuldades económicas são, precisamente, aqueles que, por uma razão ou outra, não se “globalizaram” totalmente e permaneceram ligados a formatos económicos obsoletos. Aliás o que prejudica realmente os países em desenvolvimento é a não existência de um sistema totalmente liberal, ou seja sem os proteccionismos europeus e americanos que impedem que os recursos desses países sejam negociados livremente.

- Anti-globalização
O movimento anti-globalização é um fenómeno relativamente recente e introduziu uma série de novos factores nas tradicionais formas de contestação: o número de pessoas mobilizadas, a inexistência de uma cadeia hierárquica clara, a divulgação proporcionada pela internet e a facilidade em aparecer por todo o globo. Entretanto algum tempo passou, o movimento passou da anti-globalização para a mais inócua alter-globalização, a mediatização de Génova terminou e importa analisar razões, métodos, protagonistas, objectivos proclamados e alcançados.
Do meu lado o apreço que sinto pelo fenómeno é muito reduzido. Não concordo com os motivos da luta e provavelmente não concordo com as soluções propostas, isto no pressuposto que tencionam, um dia, apresentar algumas. Não há, nem pode haver, algum tipo de plano ou propostas que saiam deste movimento, simplesmente porque ele engloba grupos cujos interesses são incompatíveis. Como é que pretendem agradar ao mesmo tempo ao lobby gay e aos grupos católicos? Como é possível abrir os mercados ocidentais aos países em desenvolvimento sem enfurecer as confederações agrícolas europeias? No fundo a anti-globalização não é mais que um conjunto de grupos, uns mais respeitáveis que outros, que se juntaram, por conveniência ou coincidência, numa cruzada contra o mundo moderno de hoje.
Por muito que o nosso Chomsky local, B. Sousa Santos, e outros intelectuais tentem vender a ideia, a verdade é que não há rumo e muito menos futuro na anti-globalização. Basta ver que a sua figura mais carismática é Jose Bové, esse portento intelectual cuja notoriedade se deve a essa afirmação política tão profunda que é partir uma montra do McDonald’s. Enquanto a alter-globalização tiver num lavrador francês a sua figura de proa eu acho que fico com a “nossa” globalização.

- Okupas
Os okupas são pessoas que ocupam ilegalmente casas antigas e as reclamam como suas. Apesar da boa imprensa que aparentam ter, os ditos okupas não são mais que os filhos rebeldes das famílias bem, com complexos de classe. O facto de realizarem raves ocasionais, fazerem umas trips e discutirem Chomsky à roda de uns whyskies não me parece razão para lhes dar a casa que habitam. Muito simplesmente estão a ocupar um espaço que não lhes pertence e se o legítimo dono (estado ou particulares) chamar a polícia para os pôr no olho da rua, não verterei uma lágrima.

E pronto, estes foram os “mitos” de hoje. Tune in next time para um dos meus favoritos: “mitos” sobre educação e escola.

Mais salas?

É uma pena constatar que numa cidade com mais de 70.000 habitantes existem menos de cinco salas de cinema, não passando na totalidade mais que três filmes diferentes! Isto tudo porque alguém teve a bela ideia de numa cidade que já se queixa de falta de variedade nos filmes, "aumentar a oferta" ao estrear os mesmos filmes num cinem e noutro. Fica-nos a escolha limitada, os títulos habituais, os filmes puramente comerciais, as salas vazias pois metade da cidade já viu o filme que está durante 3 semanas em duas salas diferentes (já referi, totalmente vazias?).
No meio disto tudo, uma benção... o cinema Millenium cá do sítio e propriedade do estimado produtor Paulo Branco passa na Sala 1 (a mais pequena do dito complexo) um cinema mais alternativa, focando filmes independentes, de culto ou produções europeias e americanas de qualidade. Bravo!
Não fosse esta oportunidade, eu teria perdido a oportunidade de ver alguns dos mais belos filmes da minha vida. Apenas para citar alguns: O Pianista, Esquece Tudo o Que Disse (alguém duvida que estamos perante uma obra de qualidade? capaz de competir com filmes do nível do American Pie!), Fala com Ela e A Vida É Bela.
Ao que apoia este tipo de cinema, o meu sincero obrigado!

Ass: PM

PS- Apesar de ser fã de pipocas (a minha carteira não tanto) não posso deixar de concordar com a filosofia do produtor Paulo Branco, que faz cumprir nas suas salas uma lei que todos deviam cumprir. Afinal, é pouco provável que se aproveite o filme (ou a companhia eheh) com um pacote de pipocas e o barulho da sua deglutição pelo meio. Querem exemplos?
a) estamos com uma boa companhania. Vai um beijinho? Ir até ia... nham... nham... mas tenho pipocas na b... nham... boca
b) que bela fotografia a deste filme e o som! oh caramelo podes parar de atirar pipocas para o ar e arrotar a coca-cola?
Se é para comer pipocas, há cinemas para isso. Se é para ver um filme, estes cinemas são a melhor opção. Nesse ponto, haja justiça, todos os gostos estão satisfeitos. Agora só falta resolver a questão dos filmes exibidos ;-)