O Diva de Portugal

Que há para dizer? Isto é um blog... Ah, sim! Se quiserem entreter (vulgo, contactar) alguns dos desocupados que fazem isto, usem os e-mails da Beatriz, da Inês, ou do Joao.

sábado, fevereiro 07, 2004

Alguma vez viste o olho de um peixe morto? (Pequeno Conto)

"Sinto-me como peixe sem água para nadar, apenas com ar para sufocar, a voz dele tremia, a rouquidão e os anos chamavam-se a si próprios num tom de voz apagado. A figura à minha frente era um homem apagado. Não era, sem dúvida, a pessoa que eu conhecera e que esperava encontrar ali, a meu lado, no café da piscina onde nadava diariamente. Encontrara-o, mas tão diferente... diria ter ficado chocada, mas não me pude dar a tal luxo, afinal, dar-me a tal liberdade, era expô-la também a ele.
Alguma vez viste o olho de um peixe morto, perguntou-me. O som da palavra peixe em pareceu-me frio, quase como se a personagem mastigasse um pedaço suculento de um.
Nunca, nunca reparei, respondi. E ele olhava-me meio desiludido, meio triste com o que ouvira e o que ia dizer, mas continuava. Bem, não há vida nele... não há cor, não há vida, não há qualquer brilho. Não há nada. Quase que pudemos ver a morte, horrorosa, espelhada naquele olhar de nenhum para o nada. Quase...
Parecia-me angustiado com a sua constatação. Como era bem o seu nome, perguntei-me num súbito esquecimento de qual não era culpada. Não o encontrava e quando encontrei, achei-o estranho, achei o meu também estranho, achei todas as palavras estranhas, até as imagens da memória. Enfim, não mais pude que, também, pensamento estranho ter. Ele, sim ele, era como concentrado de anjo em lata de atum, era uma boa pessoa, em suma. Podia ter achado tais palavras tolas, não achei. Podia ter-me rido delas, não ri. Pensei, apenas, um pensamento estranho. Soltei umas parcas palavras de carinho, enquanto lhe afagava a testa, o cabelo caiado de um branco cinza que teimava em cobrir o negro dos seus cabelos. E ele sorriu..."

Ass: PM

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Universidade

Ao mesmo tempo que, aqui em Portugal, se fazia um barulho desgraçado sobre o aumento das propinas universitárias para uma dúzia de contos por mês, é curioso verificar que, em Inglaterra, o governo de Tony Blair aprovou uma lei que fixa as propinas em cerca de 900 contos/ano. Novecentos. O que não fariam os nossos líderes estudantis quando ouvissem… Anyway, isto serve apenas como introdução para um post sobre a universidade que anda na minha mente há algum tempo. Parece-me erroneamente disseminado, em Portugal e não só, o cliché politicamente correcto que frequentar o ensino superior é um direito inalienável de cada cidadão. Não é. Não deve ser. Por duas razões: não há, na sociedade, necessidade de 100% de licenciados e nem todos os cidadão têm aquilo que é necessário para estudar numa universidade. E quando digo universidade refiro-me aquilo que uma universidade deve ser, que é muito mais que um mero pólo de transmissão de conhecimentos. Uma verdadeira universidade não é só um sítio onde se dão aulas, se avaliam pessoas e se passam diplomas. Uma universidade tem uma vertente de ensino sim, mas deve ser mais que isso. Deve ser um local de investigação. Não uma cadeia de transmissão dos conhecimentos existentes mas uma fonte de novos conhecimentos. E é esse em parte, o problema do ensino superior. Na ânsia de responder a uma necessidade de democratização do ensino, foi-se pela via mais fácil que é esquecer a investigação e limitar-se somente a formar (informar?) alunos. É certo que existem alguns e bons investigadores em universidade portuguesas mas não serão tantos como seria desejável. Posto isto, volto à questão das propinas, em Portugal e em Inglaterra. Porque, no fundo, uma questão está ligada à outra. Se me perguntarem com qual das vias concordo mais, com as propinas altas em Inglaterra ou com as propinas baixíssimas de Portugal, respondo que prefiro o modelo inglês. Muito simplesmente porque é um passo no caminho de algo que, infelizmente, se perdeu nos últimos anos. No caminho da elitização do ensino superior. Quando digo elitização (e antes que as AA’s me batam) não me refiro a uma elite monetária ou social. É óbvio que ninguém deve ser privado do acesso ao ensino por falta de dinheiro, e isso é uma das funções do Estado. Falo de elitização, no sentido de exigir uma maior responsabilidade e nível aos estudantes de uma universidade. Aqueles que frequentam uma universidade devem ser verdadeiramente a elite dos estudantes. E não é essa a ideia que vulgarmente se divulga. A meu ver, é errada a noção de que, quantos mais licenciados houver, é sempre melhor. Eu, enquanto aluno de secundário, e os meus colegas de blog e de escola dirão se concordam ou não comigo, tenho consciência de que uma parte mais ou menos significativa dos estudantes do secundário não têm o nível de preparação, a curiosidade intelectual e a vontade efectiva de criar conhecimento, necessários a um bom aluno do superior. Uma parte deles irão tirar uma licenciatura é certo, mas mais como obrigação e desejo de estatuto social do que como verdadeira vocação académica. E este fenómeno, não só banaliza e degrada a qualidade do ensino superior, como tem consequências negativas, como se pode verificar pelo número de recém-licenciados no desemprego. Um maior número de alunos nas universidades só é positivo se for o resultado de uma aproximação das pessoas à exigência das universidades, e não o contrário. Mais licenciados não é sinónimo de melhor sociedade. Os inúmeros imigrantes em Portugal, muitos deles com cursos superiores, que agora trabalham nas obras, que o digam.
Por isso, da próxima vez que um panfleto apelar à greve com o pretexto de combater a “elitização” do acesso ao superior, já sabem qual é a minha resposta.

quinta-feira, fevereiro 05, 2004

O rapaz maravilha...

Apresento o Rapaz Maravilha, o nosso novo estagiário, sobrinho da accionista mairoitária do consultório e que, entretanto, irá preencher a vaga de um funcionário que foi demitido (ainda por causas desconhecidas) a semana passada. Ainda bem que o sobrinho dela apareceu à última da hora - pelos vistos acabou o curso este ano - e aceitou este trabalho.
Afinal, estou certo que fará um óptimo trabalho! (espero que a minha directora esteja a ler este blog, como lê as páginas do Clix Mulher durante o horário de trabalho...)

Ass: PM


PS- Entretanto, não vá acontecer algo, já me assegurei que o filho da dona disto só acaba o curso daqui alguns anos... Até lá talvez vá trabalhar para o hospital. Aliás, de qualquer modo iria, a questão é como: se como funcionários das limpezas ou como médico.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

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Um breve post...
Quando estamos felizes, a melhor maneira de aproveitar essa felicidade não será transmitindo-a? Ou gritando ao mundo inteiro "Estou feliz!"? Ou talvez, porque não, simplesmente passar na rua e sorrir às pessoas desconhecidas?
Porque não? Antes que a felicidade se torne tristeza e a alegria depressão...

Porque acho que sim, faço questão que saibam...Estou feliz!!

*click*

terça-feira, fevereiro 03, 2004

E esta, hein?

Desiludam-se todos os ouvintes e mesmo não ouvintes de música que pensavam que os grandes músicos nasciam grandes músicos...E todos aqueles que pensavam que um grande solo era algo PURAMENTE intuitivo (e aqui note-se o ênfase no "puramente"), esqueçam isso.
Li algures que um grande solo, seja de que instrumento for, é basicamente constituído por 1% do que lá chamaram de magia (capacidade inata, talento...whatever) e 99% de estudo e interiorização de escalas, modos, acordes, arpejos, figuras rítmicas, etc etc etc etc etc etc etc (!!!!).
Mas não me bastaram as leituras que fiz e decidi descobrir por mim própria.
Posso, então, garantir que não dá grande resultado olhar uma vez para os esquemas e ter confiança apenas na nossa suposta "talentosa intuição".
Há sempre a hipótese de ser eu a única pessoa que acreditava que os músicos nasciam músicos. E talvez mais ninguém pensasse assim (nahhh).
Hum...Tinha esperança de que pudesse simplesmente descobrir se tinha ou não o tal talento. Se tivesse já teria garantida a carreira musical, claro! Se não tivesse compraria umas telas e uns pinçéis...Para alguma coisa hei-de ter talento! (cof cof)
Pois é...E mais uma vez para todos aqueles que nunca pensaram que teriam de estudar música (no sentido de marrar e decorar e practicar...basicamente tudo o que fazemos quando nos preparamos para um teste de matemática!), e cuja ideia de que só esse estudo os pode levar a algum lado nunca lhes passou pela cabeça...Esqueçam isso!!
No entanto, não levemos a música como uma responsabilidade (nunca!), mas como um hobbie que eventualmente poderá ser o nosso sustento (sim porque agora sei...se não estudar música, vou mesmo ser uma geóloga desempregada).
Com isto qualquer pessoa pode ver que só há relativamente pouco tempo começei a encarar a música como algo mais que uma ouvinte. A minha ingenuidade surpreende-me.

*click*