O Diva de Portugal

Que há para dizer? Isto é um blog... Ah, sim! Se quiserem entreter (vulgo, contactar) alguns dos desocupados que fazem isto, usem os e-mails da Beatriz, da Inês, ou do Joao.

sábado, fevereiro 14, 2004

Divagações

Já passou algum tempo desde aquele dia.

Parece que passaram anos dolorosos e solitários. Mas dói como se tivesse sido ontem.
Não posso parar para pensar. Sei que devo apenas continuar. Com os sorrisos forçados, as mentiras inocentes, as lágrimas escondidas, os choros retraídos e as olheiras disfarçadas. As falsas garantias de que está tudo bem.
Não está nada bem e custa admitir. Disfarçar até ao ponto de me convencer a mim própria que já passou.
E para quê? Para descobrir que estou ainda pior do que pensava.
Não estou sozinha, mas estou perdida. Como uma sombra na multidão.
Vêm momentos extraordinários em que digo a mim mesma que só faltas tu para estar tudo perfeito. Um ligeiro sorriso, sincero mas passageiro.
Contigo o mundo podia até ser a preto e branco. A música podia perder a melodia, a harmonia e o ritmo.Podia deixar de ser música. O perfume podia deixar de ser perfume. O tempo podia parar e a vida acabar. Tu estavas sempre lá.

Só que já não estás. É tão simples quanto isso. Mas dói.

*click*

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Ai,ai...

Dizem os dados europeus que Portugal é o país mais pessimista da União. Penso fugazmente que isso não pode ser verdade e depois olho para a minha mesa e vejo Sartre e Camus. Será que não temos cura?

Que sorte...

Pelos vistos, na Rússia, um dos candidatos presidenciais decidiu desaparecer da vida pública. É uma pena que a moda ainda não tenha chegado a Portugal.

13/02/04

Visto amanhã ser Dia dos Namorados, gostava de fazer um post sobre como acho toda a ideia uma imbecilidade e sobre como é a única coisa que me faria pensar duas vezes antes de arranjar uma namorada. Gostava de escrever tudo isso. Gostava mesmo. Mas, para mal dos meus pecados, como não tenho namorada, a efemeridade passa-me completamente ao lado. Por acaso ninguém está interessado num rapaz inteligente, bonito, interessante e modesto?

Dando-nos a conhecer...

Para os que ainda não perceberam quem faz o quê aqui e o que se faz... segue a nossa estrutura. Como podem ver todos os bloguistas estão em condições de trabalho inegavelmente boas, estáveis e em cargos de invejável importância.

Ass: PM (aquele que a direcção subornou para dizer bem disto tudo)

Dia dos Namorados, a minha interpretação

Ao que parece foi pedido um texto de humor (acho eu, acabava em mor, isso é certo...) pelos companheiros d’A Tasca. Pois bem, sintam-se à vontade para usar o meu! ;-)

Ass: PM


--e agora, segue-se o texto---
Estava o grupo na esplanada, em volta das cadeiras velhas, meias pintadas de verde barato e de ferrugem e verdete. Dispostos em meio círculo, porque se poucos eram para um círculo não davam, a menos que fosse um círculo de amigos, que era o que eles eram. O empregado logo veio, penteado, aprontado, cabelo alisado, bigode brilhando, o pequeno bloquinho segurando. Que desejam perguntou a um. Nada, disse, o seu colega já nos atendeu. E o outro foi-se, perante o olhar desiludido dos que quase começavam a ditar os seus pedidos. Mas, porém, estavam a ali para falar e, por isso, toca de continuar.
Um falava algo, o outro algo mais. Um acenou que sim e num gesto tão seu agarrou o copo de cerveja, contudo, não havia copo e ele apenas a desilusão agarrou.
Então, e essas cervejas, perguntou o Tó batendo nervoso as palmas das grossas mãos nas grossas pernas. Não vêem, era um engodo para o empregado, respondeu-lhe alguém fazendo uma careta de anormal. Continuaram a conversa.
Eu acho o sexo oral humilhante, rematou a Sara, a radical do grupo, figura corpulenta, longe de ser elegante, quase brutal, mas um pessoa fenomenal. Os outros acenaram, ou melhor, as outras. Nós os três ficámos ali meios quietos, meios calados. Eu acho o Zé Tolas feio, continuou ela. E nós rimos. Como se ainda não viste um, disse o Tó, meio embriagado por uma cerveja que nem bebera. Vi sim, respondeu secamente. E nós se tivéssemos copos, olharíamos para o seu fundo vazio ou trataríamos de o pôr à mostra. Há três anos na faculdade e a pesca era mais fraca que num deserto...
Mas, qual toque de cavalaria, lá surgiu a nossa salvação – ou seria a perdição? – o empregado regressava. Olhem, se querem ficar, vão ter que consumir algo, avisou. Pois bem, disse prontamente o mesmo que antes lhe falara, traga uma garrafa de água mineral. O empregado afastou-se deixando-o só com os olhares dos outros. Ele engoliu em seco, pois bem, é natural, se ainda não tinha água ao lado. Continuámos a macabra conversa. O empregado voltou. E como voz da consciência, da sacra decência, divina providência avisou-nos e a mim, autor. Então, este texto não era sobre o amor? É sim, disse um. E o empregado arqueou a sobrancelha, mas, pois bem, estava pago e lá foi atender os outros. O sexo oral é amor, atirou um para o ar. É mesmo, rosnou a Sara. É sim, rematou o Tó, perante o meu olhar reticente. Porquê, perguntei eu, quase que curioso. Afinal, disse-me ele o eterno brincalhão do grupo, no Reino Unido até dizem aos putos que é uma boa opção a fazer amor. Mas isso é para os putos, oh meu, disse-lhe. Eh pá, eles lá sabem, por alguma razão estão entre os primeiros... Sim, da gravidez na adolescência, rematei. Amor não é sexo e sexo não é amor. Mas pode ser os dois, continuei. Cala-te e bebe uma cerveja disse a Sara, iniciando as suas divagações acerca da vida partidária na sede do seu partido – aquele que começa por P e acaba em P, mas não é de direita -, iguais a tantas outras que nos repetia em longos serões entre duas cervejas, ou águas minerais...