Frustrante
Sempre que os meus amigos me perguntam que emprego quero para a minha vida adulta, respondo, brincando por fora, com sinceridade por dentro, que quero ser um Deus do Heavy-Metal. Olho fugazmente para o meu quarto perguntando-me se terei tudo aquilo que é preciso. Os posters estão na parede. A guitarra está encostada a um canto. O amplificador tem uma luz vermelha acesa indicando uso recente e marca o ponteiro do ganho de distorção no máximo. A primeira t-shirt na gaveta tem MANOWAR escrito a letras vermelhas. A torre dos CD’s é uma longa coluna vertical em que sobressaem letras agressivas formando nomes como Slayer, Sepultura, Pantera ou Metallica. A partir de uma pequena aparelhagem, vozes gritam em cima de uma parede de guitarras distorcidas, providenciando uma banda sonora ao conjunto. Até aqui tudo bem. Depois passo em frente ao espelho e deparo-me com uma dura verdade. Nunca escreverei o próximo hino sombrio do trash-metal. Falta-me algo essencial para ser um músico de heavy-metal: bagagem emocional.